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Revista do Villa

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Convidamos você a se juntar a nós nesta jornada, acompanhando as novidades e publicações

em forma de matérias, entrevistas e artigos realizados pela equipe de colunista.

Entrevista: Liliana Rodriguez (empresária,  escritora e jornalista)

Minha convidada é empresária, escritora e jornalista, Liliana Rodriguez. 


Liliana Rodriguez nos preparativos para um baile de Carnaval na Fazenda São Luiz.
Liliana Rodriguez nos preparativos para um baile de Carnaval na Fazenda São Luiz.

1- Como ingressou no jornalismo?


Chico querido, minha vida profissional foi cheia de “ acontecimentos inesperados”. Uma sucessão de “encontros de alma”, que, silenciosamente, me ajudaram a alavancá-la. De indicação em indicaçã

Cheguei aonde jamais sonhei. Pelo menos na hora. Comecei a trabalhar com 14/15 anos, como todos meus 4 irmãos, Jacyra, Luvillya, Francisco e Alberto. Formalmente foi no início dos inesquecíveis anos 80. Antes, entretanto, já tinha colocado um pezinho na TV, aos dezoito anos, para ser estagiária no jornalismo da TUPI.


Fui assistente do Apresentador Flávio Cavalcanti, que, diga-se de passagem era bem “ detalhista e exigente”, e com o qual viajei muito entre Rio e SP. Uns meses depois, nessa época, cursava o último período da Faculdade na PUC-RJ, e trabalhava no CADE - Conselho Administrativo do Rj, quando um amigo me indicou para um teste na Globo. Ele me disse que admirava meu esforço em trabalhar, estudar, sempre otimista. sem reclamar de nada. Achei graça, aliás, tive um  ataque de riso. (risos...) Mas, aceitei, totalmente certa de que não passaria. Cá comigo mesma, pensei… Se não conseguir, tento na VEJA ou no JB, veículos que bombavam na época. Mas, contrariando todas as expectativas, fui lá.


O Grande Diretor Geral do Jornalismo, Armando Nogueira, me recebeu, chamou a severíssima chefe Alice Maria e pediu para realizar o teste. Tudo na hora, ao vivo e à cores. m cinegrafista maravilhoso, icônico, me pediu para sentar em um banquinho e apresentar uma matéria como se estivesse ao vivo na TV. Eu respirei fundo e fui falando. Por incrível que pareça, me aprovaram  e pediram para eu levar a documentação toda para registrarem a carteira. Imagine você, Chico, a minha surpresa e perplexidade. Corri para a PUC, onde tinha acabado de entregar minha Monografia, contei ao coordenador, e ele, avaliou meu trabalho final com toda a atenção e rapidez possível. Fiquei hiper ansiosa, rezei, pedi a Deus, aos Orixás, para não ser reprovada. Isso porque para ser contratada exigiam o Diploma. Daí, fui aprovada e admitida! Nem eu acreditei!


Carteira assinada na TV GLOBO! Uma outra grande oportunidade foi Apresentar O SEM CENSURA, carro chefe da TVE. Recebi o convite Do Diretor Leleco Barboza. Outra dádiva… Porém, muitas colegas maravilhosas estavam aptas. Fiquei tensa… Meu marido, Otimista, disse que ia dar tudo certo. Falei: "Leleco, estou grávida!". Ele respondeu: "Vai ter seu filho que o lugar é seu!" Chorei de emoção.


Uma coincidência incrível, porque tinha estado muitas vezes no Programa do Chacrinha ( que assistia muito junto com minha avó Mercedes) e achava a família incrível, super unida. E o casal, Maninha e Leleco, tem 5 filhos. Só quem tem uma famila grande entenderia!


2- Quais foram suas principais experiências?


Bem, voltando a Globo, já na emissora , fui direto trabalhar na rua, seguindo os repórteres mais experientes… Absorvendo o trabalho deles! Ficava admirada como eram competentes! Um dia, perguntei a Gloria Maria, já uma estrela, como fazer uma “ entrada ao vivo”.


Ela me disse: "Liliana, se posiciona, abre e firma as pernas, joga a força para baixo, levanta a cabeça e fala." E assim foi a minha primeira entrada ao vivo. No dia seguinte, não conseguia andar direito, com as pernas doloridas de tanto forçar. Daí para a frente, fui repórter de Geral, cidade, polícia, e, finalmente, Cultura, que eu amava. A vida Cultural no Rj era efervescente.


Até que me chamaram para apresentar o JORNAL DA GLOBO. Achava que não estava pronta, Porém, aconteceu. Coincidentemente, minha irmã Jacyra Lucas e eu estreamos juntas, como âncoras. Ela, na TV MANCHETE e eu, na GLOBO. Ela reinou absoluta, seguríssima! No meu caso, foi o dia mais tenso da minha vida profissional. O Apresentador Eliakin Araújo, meu companheiro de bancada, ficou regendo, discretamente as minhas falas. Trabalhar na rua, não é fácil. Exige coragem e fé. Os repórteres deveriam ser reverenciados. Vivenciam da dor ao calor, do sol a escuridão. Cria-se uma couraça de força e empatia. Na rua, tudo pode acontecer. Do melhor ao pior.


Um dia desses fiz uma conta rápida e me deparei com milhares de entrevistados… De presidentes a simples e trabalhadores com os quais amei conversar. Tive a sorte de passar por grandes emissoras. Da extinta TUPI, como as TVs BAND, CNT, TVE, hoje TV BRASIL, até os jornais UH, O DIA, Correio da Manhã ( brevemente) e, finalmente, a RÁDIO CBN. A CBN, cujo Slogan era “A RÁDIO QUE TOCA NOTICIAS" - foi outro Marco na minha vida. Primeira Ancora Mulher, o que na época significava muito. Devo essa ao José Roberto Marinho, a sua querida mãe e a Laura da Rocha Miranda, que acreditaram em mim e formaram uma corrente potente. Agradeço demais  pelas oportunidades! Como diz o Rei Roberto, "foram muitas emoções…".


Um dia, grávida de Novo, fui para a TVE, na cara e na coragem, falar com o Presidente Antonio Frota Neto,  que me recebeu com muito carinho e pedi uma oportunidade para voltar a TV. E ele me contratou! Realmente, sou uma sortuda! Lá dentro, muitos me incentivaram, como Walter Clark, e me Walter Avancini, idem. Participei de um seriado chamado “ Garota da Capa” e do Filme “ Boca de Ouro”, ambos como atriz e repórter. Montei com minha irmã, uma empresa e começamos a produzir programas em parceria com veículos maravilhosos. Voltando à TV, tive o privilégio de estar no ar, durante as quatro gestações de meus filhos Antonio, Nestor, Victor e Francisco! E o foi durante uma reportagem que conheci meu marido, Nestor Rocha, pai dos meninos e com o qual estou há 40 anos! Ele me conquistou na hora em que o vi, lindão, de Terno azul marinho e um sorriso maroto!


3- Hoje você se dedica também a Fazenda São Luiz da Boa Sorte. Que patamares de qualidade introduziu para manter glamour e preservação?


Pois é… A Fazenda foi uma outra “surpresa” que o destino me preparou, através de meu companheiro da vida, Nestor. Um dia ele apareceu e falou: "Somos fazendeiros" e me convidou a conhecer a SLBS. Ao chegar lá, me sentei no chão, e chorei, em um misto de felicidade, agonia e paixão. Um sonho dele que sempre amou fazendas. Abrindo um importante parênteses, a mãe dele, D. Zezé, tinha uma no Conde, na Bahia. E ele queria muito prestar uma homenagem a ela e ao pai, Nestor, estar com os nossos 4 meninos e a filha Nicole. Então ele descobriu a São Luiz da Boa Sorte, característica do Ciclo do Café e que havia sido totalmente saqueada. Entre inúmeros percalsos e momentos de felicidade em família, lá se vão 21 anos. Trabalhamos duro lá, com inúmeros projetos de recuperação, pois ela é tombada pelo Iphan, estudamos, persistimos, erramos, acertamos. Formamos parcerias, apoios inestimáveis. pois sozinhos, não conseguiríamos nada. Em especial com o alicerce da família! Refletindo sobre a São Luiz da Boa Sorte, acho que foi um presente dos Céus! Um resgate mesmo. Porque apendi muito, e, sem plenejar, me reinventei. Me tornei Hoteleira da noite para o dia.


Um dia Nestor, sempre ele, com sua capacidade de sonhar e, especialmente realizar, me falou: “Vamos transformar a Fazenda em um Hotel!" Mais uma vez, relutei… Mas, como diz o ditado popular: “A necessidade faz o sapo pular”. E abrimos, um ano ano antes da pandemia da Covid que abalou todo o Mundo. Foi uma loucura. Mas, amparada por uma Equipe Guerreira, que nos acompanha até hoje. Conseguimos nos estruturar e hoje a Fazenda caminha positivamente. E o mais importante, do meu ponto de vista, é que geramos emprego e renda. Começamos com 13 suítes e chegamos a 35. Temos lazer lúdico, com recreadores, visita ao galinheiro, fazendinha, coelhinhos soltos, cavalgada, comidinha da roça, e muito afeto. A São Luiz é uma fazenda que hospeda! A idéia é que as pessoas se sintam em casa.


Um estilo exclusivo de Liliana Rodriguez.no Copacabana Palace
Um estilo exclusivo de Liliana Rodriguez.no Copacabana Palace

4- Como o Vale do Café é percebido hoje?


Percebido como um marco. Pelo seu passado e seu futuro. O Vale do Café nos inspirou. Naturalmente, Nestor e eu conheciamos a História do Ciclo do Café, que no auge do Sec. XIX, acabou por transformar o Rj no maior produtor de café no mundo. Entretanto, o que ocorreu em relação aos ecravizados na região, deixou um legado fortíssimo, para todos nós brasileiros, sobre o qual achamos importantíssimo falar! Para o vale foram trazidos centenas de escravizados. Homens e mulheres arrancados do Continente Africano para trabalharem nas lavouras de café. Orientados por pesquisadores, historiadores e entidades voltadas para a história do povo preto, decidimos falar sobre essas questões de forma incisiva. Criamos o Museu do Café, o primeiro no estado, e o Memorial do Escravizado, onde prestamos uma homenagem a esses irmãos. Recebemos visitas guiadas, estudantes, professores. Foram mais de 15 mil estudantes. Só da rede pública, mais de 12 mil alunos e professores, através do Projeto pedagógico VIAGEM AO TEMPO DOS BARÕES E ESCRAVIZADOS, pelo qual fomos premiados pelo IPHAN, como o melhor Projeto do Estado do Rj. Para esse trabalho, montamos um esquete teatral e um gibi, para falar e manter viva essa memória.


O mais importante, aprendemos muito sobre nosso passado e suas consequências. E estamos trabalhando por um futuro melhor para os que nos cercam. 


 5- O replantio do café é fundamental para a imagem institucional do Vale?


Naturalmente! Porque através do Café Espercial recignificamos a nossa história na fazenda. Não apenas Nestor e eu. Nessa jornada estão mais de 60 produtores da região também. É um grupo coeso que está lidando com essa nova realidade dos Cafés Especiais. Na São Luiz tivemos o privilégio de plantar um café de qualidade. Orientados por técnicos da Emater/Embrapa/Sebrae/Pesagro, todos ajudando na retomada do Cafe no Vale. Esses parceiros são vitais. Através deles conseguimos gerar apoio, emprego, renda e cultura.


 6- Uma família feliz e unida. Como você consegue tal fato?


Chico, esse é o grande desafio da vida. Uma loucura do bem. “AQUI NÃO EXISTE PARTO NORMAL”. A frase é de um Sr, Gumercindo… E acho a nossa cara. Eu faço absolutamente tudo para manter minha família unida. Formamos um núcleo pequeno, uma vez que meus pais, Francisco e Ramona, minha avó Mercedes, vieram para o Brasil, exilados após a Guerra Civil Espanhola. E aqui, tiveram cinco filhos. Somos muito grudados. Amo mimar todos. Sobrinhos, cunhadas, cunhados, afilhados… E  Nestor, filho único, é muito apegado a eles. Temos agora dois neto, Joaquim e Ava. Como dizia o refrão do seriado. Essa família é muito unida, e também muito ouriçada, brigam por qualquer motivo, mas acbam pedindo perdão.


7-  Liliana é uma mulher de evento. Pretende retomar alguns deles em 2025?


Sim! Meus pessoais, com a família, fazenda, muitos. Dar continuidade ao Replanta Vele, na terceira edição, O lançamento de um Livro Infanto/Juvenil -idealizado pelo Nestor. A História da DONA NASCENTE, para contar que ÁGUA SE PLANTA!, Incentivar ainda mais o Projeto Mata D”Agua, de regeneração da Mata Atlântica, criar programas especiais para funcionários  da fazenda, essa equipe maravilhosa. E, quem sabe, uma exposição de Arte Contemporânea no Jardim. Depois te conto os detalhes.


8- Quais são os seus projetos futuros?


São tantos, nem cabem no meu roteiro. Retomar um programa de TV, um canal de Youtube com conteúdo pessoal nosso na Fazenda, entrevistas, receitas, etc. E, escrever uma trilogia:

-Meus queridos HÓSPEDES,

-Meus queridos FILHOS

-Meu querido MARIDO.


Quem sabe, viram série! Não custa sonhar. Viajar, estudar. Receber uma benção do Padre José Antônio na comemoração dos 40 anos de parceria com o pai dos meus filhos, companheiro de muitas aventuras. Acompanhar o futuro da família. Meus meninos, minha paixão! E, se puder, fazer o bem, sem saber a quem. Rezo por todos e, em especial aos meus anjos da guarda profissional, que iluminaram meu caminho.


O casal Nestor Rocha e Liliana Rodriguez visitando o Museu do Negro NO , no parque Ibirapuera em São Paulo. 


Fotos:Arquivo pessoal/Divulgação 


Chico Vartulli




1 Comment


Vera Duprat
há 7 dias

Excelente entrevista !!!!

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