Revista do Villa
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- Entrevista: José Cesário
José Cesário volta a assumir Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e quer “resultados rápidos” em temas variados. José Cesário é o novo Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Nomeado pelo Governo de Luís Montenegro, Cesário regressa a uma função que já ocupou nos XV, XIX e XX governos constitucionais. O agora Secretário de Estado foi eleito nas eleições de 10 de março pela Aliança Democrática (AD) pela emigração no círculo de Fora da Europa. Tem experiência no parlamento português, tendo sido deputado desde 1983. Esta é a quarta-vez que vai liderar a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. É natural de Viseu, tem 65 anos de idade e conta com um currículo extenso na política portuguesa, tendo sido já secretário de Estado da Administração Local no XVI Governo constitucional e atual Coordenador das Comunidades Portuguesas do PSD. Foi ainda secretário-geral adjunto do PSD de 1988 a 1990, secretário da Mesa da Assembleia da República na VI e VIII legislaturas e vice-presidente do grupo parlamentar social-democrata na XIII Legislatura. “Foi uma luta muito difícil” Sobre a sua eleição como deputado pela emigração pelo círculo de Fora da Europa, Cesário destacou que “foi uma luta muito difícil num círculo eleitoral que prima pela extraordinária dimensão geográfica e humana. Confesso que é uma enorme honra voltar a desempenhar estas funções e poder representar os nossos compatriotas que vivem espalhados por quatro continentes”. Este responsável sublinhou o resultado dos votos da diáspora portuguesa, considerando ser “chocante” o montante de votos nulos. “Temos duas realidades diferentes na Europa e Fora da Europa. No círculo por onde fui eleito (Fora da Europa), houve a novidade da eleição de um deputado do Chega e do afastamento de Santos Silva. Isto vai responsabilizar-nos de uma forma muito evidente, tendo nós a obrigação de fazer coisas diferentes das que têm acontecido e o Deputado do Chega deverá ser protagonista da apresentação de soluções alternativas. (…) Claro que também não posso deixar de salientar o modo como decorreu o escrutínio dos votos, sendo especialmente chocante o extraordinário número de votos nulos, situação que deverá ser olhada com atenção”, frisou. À nossa reportagem, José Cesário confirmou que, durante a campanha eleitoral, viveu momentos marcantes, como “o meu regresso a Macau, onde já não ia há alguns anos e o contacto com os portugueses descendentes dos judeus sefarditas, pessoas que demonstraram uma extraordinária ligação a Portugal. Não posso também deixar de salientar os muitos lusodescendentes com quem tive oportunidade de contactar no Brasil, especialmente em São Paulo”. Ainda durante a campanha eleitoral, Cesário disse ter tido acesso a informações que vão auxiliar nas suas futuras ações junto das comunidades portuguesas. “Desde logo confirmei as informações que já tinha recolhido relativamente ao autêntico desastre verificado no âmbito da rede consular. O investimento de dezenas de milhões de euros feito nos últimos anos nesta rede está a traduzir-se num total fracasso. Por outro lado, foi também muito evidente o abandono a que estão votadas as muitas associações portuguesas espalhadas pelo mundo. Tudo isto são aspetos a que daremos prioridade no futuro”, afiançou. O agora Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas reafirmou que, antes das eleições de março, viveu “uma das maiores batalhas políticas” da sua vida. “Especialmente ao confronto contra o poderosíssimo Santos Silva, presidente da Assembleia da República e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, apoiado numa máquina muito poderosa e, por outro lado, à disputa verificada no Brasil contra a candidatura do Chega, apoiada pela impressionante máquina de propaganda ligada ao partido do ex-presidente Bolsonaro. Confesso que termos conseguido ganhar estas eleições, neste contexto e com a vantagem que conseguimos, foi um resultado que me deixou muito entusiasmado e muito mais responsabilizado do que até aqui”, mencionou José Cesário, que revelou quais serão os seus próximos passos. “O nosso programa é muito claro. Questões como o funcionamento da rede consular, a legislação eleitoral, a relação com os lusodescendentes, o apoio social aos mais carenciados e isolados e a ligação das comunidades à nossa administração pública serão aspetos a considerar especialmente. (…) espero ter resultados rápidos no plano da melhoria do acesso aos consulados, no plano da ligação aos lusodescendentes, no apoio ao associativismo e, já agora, no incentivo aos órgãos de comunicação social em língua portuguesa no estrageiro”, recordou. Currículo com passagem pelo ensino e pela Administração Pública É Licenciado em Administração e Gestão Escolar através de Diploma de Estudos Superiores Especializados, foi professor do Ensino Básico, membro da Direção do Sindicato de Professores da Zona Centro e fundador da Associação Nacional de Professores do Ensino Básico. Entre as condecorações e louvores com que foi distinguido, registam-se a Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul da República Federativa do Brasil, Oficial da Ordem do Mérito do Grão-Ducado do Luxemburgo e Medalha de Mérito Municipal de Viseu. Foi fundador da Tendência Estudantil Reformista (TER) em 1978, juntamente com Carlos Pimenta, António Fontes e Carlos Coelho, e fundador e dirigente do grupo cultural “Proveta”, em Viseu, entre 1977 e 1981. O novo secretário de Estado das Comunidades foi ainda presidente do conselho Fiscal do Rancho Folclórico de Ranhados e do Clube Académico de Futebol, em 1994 e 1993, e ainda presidente da Assembleia Geral do Futebol Clube de Ranhados entre 1992 e 1993. Agora, a sua vaga de deputado pelo círculo de Fora da Europa está a ser ocupado pelo deputado suplente Flávio Martins, atual presente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CP-CCP), que já tomou posso na Assembleia da República. “Espero corresponder às expetativas daqueles que, votando ou não em nós, vivem no estrangeiro e sei bem que tanto sofrem com a falta de respostas para os seus problemas. (…) Poderão esperar aquilo que sempre fui e fiz: Trabalho, dedicação, proximidade, verdade, frontalidade e honestidade. Assim estarei à disposição de todos, independentemente da opção política e ideológica de cada um”, finalizou José Cesário. Ígor Lopes
- Haroldo Bianchi: o palco como missão
Haroldo Bianchi é ator formado pelo Teatro Escola Macunaíma, um dos mais tradicionais na cidade de São Paulo. Durante anos, também atuou como Promotor Público, outra grande paixão. Seja nos palcos ou na promotoria, seu compromisso maior sempre foi interferir de forma positiva na vida das pessoas. Vivendo Creonte, o Rei de Corinto, na peça “Memórias do Mar Aberto: Medeia Conta Sua História”, escrita por Consuelo de Castro e dirigida por Reginaldo Nascimento (tendo como assistente de direção Amália Pereira), nesta entrevista o artista fala sobre o espetáculo, relembra alguns momentos de ambas as carreiras e aponta dicas para quem está em início de carreira. Confira! Você é ator, mas também atuou na Promotoria Pública. De onde vem a paixão pelos palcos? A paixão pelas artes cênicas é antiga, remonta minha infância e tem muito a ver com os espetáculos circenses que eu assistia em Santa Cruz do Rio Pardo, interior do Estado de São Paulo, minha terra natal. O circo sempre foi mágico para mim, e, já àquela época, eu dizia aos familiares que queria ser palhaço. Me lembro que ficava esperançoso que algum daqueles artistas me chamasse até o picadeiro para participar das brincadeiras que tradicionalmente eles faziam com as crianças da plateia. A ficha caiu mesmo quando um circo-teatro se instalou na cidade e, ao final daquelas costumeiras atrações circenses, a companhia apresentou a peça intitulada “… E O Céu Uniu Dois Corações”. Uau! Era a primeira vez que eu tinha contato com uma cena de teatro e aquele momento foi, sem dúvida alguma, um “start” para mim. Eu, que até então, não tinha noção alguma do que era o teatro como arte da representação dramática, fiquei absolutamente arrebatado com aquela história e a forma como ela foi contada. Jamais esqueci. Não demorou muito para que eu passasse a reunir amigos de infância para “brincar de circo” e apresentar nas nossas respectivas casas os “espetáculos” destinados às outras crianças do bairro. Além disso, toda atividade escolar que tivesse alguma ligação com a ideia de “contar uma história”, lá estava eu, inicialmente nos bancos escolares e, depois, já na adolescência, no grupo de jovens da Igreja de São Bendito. Não posso falar de minha terra natal sem dizer que sou conterrâneo do querido e inesquecível ator e produtor Umberto Magnani Neto (1941-2016), premiadíssimo no teatro, cinema e televisão, e que é uma referência para mim. Em nossa cidade, em justa homenagem a ele, o antigo “Cine São Pedro” leva o seu nome: “Palácio da Cultura Umberto Magnani Neto”, o que muito honra a mim e a todos os santa-cruzenses. Um promotor seria também um contador de histórias? Eu sempre digo que, além das artes cênicas, houve uma outra grande paixão na vida que é o Ministério Público, Instituição na qual trabalhei por mais de três décadas. Durante esse período todo, tive a oportunidade única de conviver diretamente com milhares de pessoas, as quais, por força da minha profissão, dividiram comigo seus problemas, seus dramas e suas tragédias pessoais. Não posso negar que o ator no qual me transformei é também consequência dessa vivência tão próxima com essa humanidade que envolve a todos nós e que me trouxeram elementos para poder contar de uma boa história. Os casos da vida real, de alguma forma, podem ter contribuído para seu mergulho na dramaturgia? Claro! É a arte imitando a vida. Na composição de uma personagem, os casos da vida real sempre contribuem, de algum modo, para definir os rumos daquele drama, daquela tragédia ou daquela comédia e, por consequência, os contornos de cada personagem. É maravilhoso quando um artista consegue reproduzir um acontecimento cotidiano. Às vezes nos reconhecemos numa personagem da TV, do Cinema, do Teatro e dizemos “Nossa, tão eu!” (risos). Outras vezes lembramos de alguém de nosso convívio a partir de uma personagem interpretada num filme, numa novela, numa peça de teatro (“Tão fulano...” risos). Enfim, para um ator, o cotidiano das pessoas (como andam, como falam, como riem, como choram, seus tiques etc) sempre será uma fonte inesgotável de inspiração na construção de uma personagem. Sabemos que o teatro é feito de improviso. Cada momento é único, imprevisível e mágico. Em 2003 houve um perrengue numa apresentação que você faria ao final de um curso livre de teatro. Conte pra gente esse momento na sua carreira! De regra, tudo o que acontece no palco decorre de horas e horas de ensaios e marcações precisas e exaustivamente repetidas. O improviso só acontece a partir de algum acontecimento pontual, não desejado, como, por exemplo, quando um dos atores esquece o texto a partir da “deixa” dada pelo outro ator. Nesse caso, “improvisar” é uma forma de “contornar” aquele acontecimento, com o cuidado, sempre, de não interferir na essência do espetáculo. E há, de outro lado, o “teatro do improviso”, sem textos decorados e, este sim, destinado à interpretação de algo que não foi preestabelecido entre os artistas. Bem, vamos ao perrengue da pergunta... E u morava na cidade de Bauru e estudava artes cênicas no “Curso Livre de Teatro”, então ministrado pelo querido Paulo Neves e já sabíamos que, ao final desse curso, nossa apresentação seria no “Teatro Municipal Celina Lourdes Alves Neves” (que leva o nome da mãe de Paulo). Como éramos vários alunos, fomos divididos em grupos com os respectivos diálogos a serem encenados no palco. Eu e outro colega passamos a ensaiar um suposto diálogo entre um garoto e o físico alemão Albert Einstein (minha personagem), a respeito da bomba atômica. Eu estava muito feliz e, ao mesmo tempo, ansioso por aquele momento. Tudo ia muito bem até que, para minha frustração (risos), às vésperas de nossa apresentação, o ator que fazia dupla comigo, repentinamente precisou mudar-se com a família para outra cidade e, infelizmente, não houve tempo hábil de substituí-lo e, menos ainda, “improvisar”. Resultado: não aconteceu minha “estreia” num palco de Teatro. Claro que, hoje em dia, esse acontecimento é cômico (risos), mas, na época... foi trágico para mim! (muitos risos). Você é formado pelo Teatro Escola Macunaíma. Qual é a importância do palco para o ator? O palco é um lugar sagrado para o ator. Não o escolhemos; ele nos escolhe e nos acolhe. Por isso, quando pisamos naquelas tábuas, o fazemos com reverência, com respeito e com compromisso. Reverenciamos os artistas que nos antecederam; respeitamos aqueles que ainda virão; e nos comprometemos a honrar nosso ofício. Estar no palco não é um privilégio, mas uma missão: a de interferir positivamente na vida de outras pessoas a partir daquela história que ali está sendo contada. Sua trajetória como ator vai desde Tchékhov, passando por Plínio Marcos e chegando em Nelson Rodrigues. Mergulhar nessa diversidade dramatúrgica te trouxe quais habilidades cênicas? Sem dúvida. Ao transitar pela comédia, pelo drama e pela tragédia, fui percebendo que o domínio das minhas habilidades cênicas vem acontecendo de forma cumulativa. O exercício do ofício do ator tem me trazido um aprendizado em “camadas” que se manifesta através de cada personagem que me habita, desde a leitura do texto, passando pelos ensaios até chegar aos palcos. Isso não para nunca. E, mesmo no palco, essa “persona” continua me ensinando algo sobre ela em cada apresentação. Atualmente você está no elenco de “Memórias do Mar Aberto: Medeia Conta a Sua História”. O que este espetáculo traz de novidades ao público? A narrativa clássica de Medeia, escrita por Eurípides em 431 a.C, retrata uma mulher que sente repudiada por Jasão, seu marido e grande amor, que resolveu casar-se com a filha do Rei Creonte. Então dele resolve se vingar, matando os próprios filhos. Na peça “Memórias do Mar Aberto: Medeia Conta Sua História”, escrita em 1997, a dramaturga brasileira Consuelo de Castro dá conotação contemporânea à personagem de Medeia, de tal modo que a traição experimentada por Medeia não se restringe apenas à vida amorosa dela com Jasão, mas se expande também para a traição no campo político e social, diante da aliança política firmada por ele com o Rei Creonte (meu personagem). Aqui, a morte dos filhos não é por ela desejada, mas acontece por acontecimentos que fugiram ao seu controle. No seu texto, Consuelo de Castro mostra a Medeia que tomou o lugar de Jasão e que chefiou a Expedição dos Argonautas, não por amor a ele, mas pelo ideal de paz entre os povos do Ocidente e do Oriente. Esse texto maravilhoso tem a direção impecável do mestre Reginaldo Nascimento e da diretora assistente Amália Pereira e conta com atriz e atores absolutamente comprometidos com o espetáculo, rodeado de um primoroso cenário e de figurinos impecáveis. Numa palavra? IMPERDÍVEL! Sua trajetória como ator também passa pela sétima arte. “Stand Up – Minha Vida é Uma Piada” está disponível no Telecine e Globoplay. Em sua opinião, quais são as maiores diferenças entre interpretar para o teatro e cinema? Fiquei muito honrado em participar desse longa-metragem, a convite do Diretor de Elenco Paulo Letier e do Diretor Miguel Rodrigues. Sim, a linguagem do cinema é bem diferente da linguagem do teatro e essa foi uma das razões que me motivaram a aceitar esse desafio. Basicamente, a interpretação para o teatro envolve projeção de voz e algum exagero nas expressões faciais, tudo de molde a alcançar a plateia toda. E no palco, como não há a possibilidade de edição de cena, os atores/atrizes encenam o texto até o final, ininterruptamente. Já no cinema, a tecnologia proporciona ao Diretor e ao elenco muitas possibilidades. Por exemplo, a câmera é a grande aliada para a captura do olhar, da emoção, da voz, tornando tudo mais natural. E quando algo desagrada a direção, a cena é refeita, quantas vezes forem necessárias até atingir o objetivo final. Seu trabalho também se estende às campanhas publicitárias na TV. É preciso ser bom na persuasão, já que o objetivo desses institucionais geralmente é ofertar algum produto ou serviço? Por quê? A criatividade dos produtores das campanhas publicitárias aliada ao poder de persuasão do ator são mecanismos bastante utilizados para convencer o público a consumir determinado produto ou serviço. Cabe ao ator, antes de vincular seu nome àquela marca, verificar se a empresa está compromissada com o meio ambiente e com a eficácia e a qualidade do produto ou serviço. Dentre o palco, o cinema e a televisão, você tem algum veículo de sua preferência? Por quê? Eu iniciei minha carreira no teatro, já fiz cinema, trabalhei em alguns audiovisuais e, claro, me interesso muito pela televisão, onde ainda não tenho nenhum trabalho. Eu reconheço nesses três veículos de comunicação o ambiente favorável e necessário para que, cada um, a seu modo, seja verdadeiro instrumento de transformação social, influenciando positivamente – e apenas positivamente – a sociedade. Com uma trajetória tão extensa na arte de interpretar, quais as dicas que você daria para aqueles que estão iniciando na carreira? - Estejam conscientes de que a vida do profissional das artes cênicas não é nada fácil. Infelizmente, no Brasil, não dá para viver apenas de teatro, ainda mais no início da carreira. Por isso, muitos artistas mantêm uma profissão paralela ou iniciam o ofício depois da aposentadoria. - Mesmo depois de cumprirem a necessária formação profissional nas artes cênicas e alcançarem o Registro Profissional expedido pela Delegacia Regional do Trabalho (daí o nome DRT), mantenham-se comprometidos com o aprimoramento do ofício, participando de oficinas e cursos, indo ao teatro com frequência, observando os colegas em cena etc. - Não esperem que grandes oportunidades venham até vocês! Caminhem em direção a elas, valendo-se do ator-criador que já existe em vocês. Observem o cotidiano das pessoas e, a partir dele, desenvolvam pequenos quadros e esquetes; utilizem-se do audiovisual; façam vídeos para suas redes sociais; apresentem-se em saraus, em escolas e em teatros do seu bairro; integrem o elenco de agências especializadas em casting de atores para publicidade, cinema, televisão etc. Enfim, tornem público o seu ofício de ator. - E o mais importante: leiam sempre e muito. O tempo todo. Galeria de imagens... Crédito das fotos: Arquivo Pessoal Xandy Novaski
- Brasil: nova Cátedra da rede Camões homenageia Lídia Jorge, uma mulher escritora
No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a Universidade Federal de Goiás, a Embaixada de Portugal no Brasil e o Camões - Centro Cultural Português em Brasília anunciaram o lançamento da Cátedra Lídia Jorge, a primeira Cátedra da rede Camões no Brasil a homenagear uma mulher escritora. A escritora portuguesa participou no dia do lançamento dessa Cátedra no Brasil com o objetivo de “promover os estudos na área e estabelecer intercâmbio entre discentes, pesquisadores e autores”. O evento de lançamento da Cátedra Lídia Jorge decorreu no dia 19 de março numa cerimónia na Universidade Federal de Goiás aberta ao público. O embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, considera que esse lançamento, e sua homenagem a uma das maiores escritoras portuguesas de todos os tempos, coroa um ano muito especial para Portugal. “Em 2024 vamos celebrar os 50 anos da Revolução dos Cravos, em 25 de abril, e os 500 anos do nascimento do nosso grande poeta, Luís Vaz de Camões. E tenho certeza de que essa Cátedra dará belos frutos, no próximo futuro”, considerou o embaixador. Nascimento da Cátedra “O que hoje é uma conquista, não só para a Faculdade de Letras, mas para toda a comunidade brasileira, nasceu de um convite da Embaixada Portuguesa, no primeiro semestre de 2023, por meio do Camões – Centro Cultural Português em Brasília, para que a UFG encaminhasse um representante para o encontro de cátedras no Brasil”, reforçaram os responsáveis pela iniciativa. “Ficamos muito felizes com esse convite, uma vez que foi o primeiro aceno para que pudéssemos implementar o que hoje se inaugura como a Cátedra Lídia Jorge”, pontuou o professor da Faculdade de Letras, Rogério Max Canedo, que estuda há anos Literaturas Africanas de Línguas Portuguesa e Literatura Portuguesa. Segundo apurámos, com a criação da Cátedra Lídia Jorge, o Brasil contará com nove Cátedras Camões. O professor lembra que, a partir dos diálogos estabelecidos quando de seu encontro com os demais coordenadores das Cátedras Camões e, em especial, com a Diretora do Camões - CCP Brasília, Alexandra Pinho, e em parceria com a Secretaria de Relações Internacionais da UFG, tiveram início as tratativas que culminaram, em dezembro do ano passado, com a resposta favorável para esta criação. “Em nenhum momento abri mão da ideia de que a Cátedra, na Universidade Federal de Goiás, levasse o nome de uma homenageada, sendo ela uma mulher escritora. Lídia Jorge esteve todo tempo em meu horizonte. Em muito nos engrandece o nome dessa autora portuguesa, pelo seu peso político e literário”, concluiu Rogério Max Canedo. Ígor Lopes
- FIN Brasil 2024: Maior evento empresarial do Brasil pretende reunir mais de 45 países, incluindo nações lusófonas
Com mais de 45 países confirmados, incluindo Portugal, Angola e Moçambique, a terceira edição da Feira Internacional de Negócios (FIN) Brasil 2024 está prestes a abrir as portas com a responsabilidade de ser o maior evento empresarial de Florianópolis, no estado de Santa Catarina, no Sul do Brasil. Com destaque para a presença dos países lusófonos, o certame promete impulsionar oportunidades de negócios entre os países de língua portuguesa e as regiões de Portugal. Entre os participantes confirmados, estão autoridades governamentais e delegações de mais de 60 países, além de entidades como a InovCluster - Associação do Cluster Agroindustrial do Centro de Portugal; Patrícia Coelho, vereadora da Câmara Municipal de Castelo Branco, Portugal; e a Zona Económica Especial Luanda-Bengo, de Angola, entre outros. “O Estado de Santa Catarina está de braços abertos para receber a comunidade portuguesa na terceira edição da Feira Internacional de Negócios (FIN) Brasil 2024”, garantiu o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal de Santa Catarina, Jatyr Ranzolin, que é também CEO desta iniciativa. Este responsável destaca também a recetividade à comunidade portuguesa naquele que é um dos mais importantes encontros empresariais de Florianópolis, que decorre entre os dias 3 e 4 de abril próximo. Com mais de 300 empresas expositoras e a participação de 45 países confirmados, a FIN Brasil 2024 promete ser ainda “maior e o mais impactante” evento depois de passar pela Europa e Ásia. Segundo os organizadores, “a FIN Brasil 2024 será um ambiente propício para negócios e networking , contribuindo para a internacionalização e inovação nos mercados locais e internacionais”. Com a introdução de conceitos como ESG (Ambiental, Social e Governança) e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, a feira reforça o seu compromisso com o crescimento sustentável dos países participantes. O presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal de Santa Catarina, Jatyr Ranzolin, ressalta a importância da FIN como um dos mais importantes encontros empresariais de Florianópolis, enquanto o Secretário de Estado de Articulação Internacional, Juliano Froehner, sublinha a oportunidade para Santa Catarina atrair investimentos e promover relações comerciais com os participantes, incluindo os interessados que podem aceder ao site oficial do evento: https://finbrasil.com.br/pt Ígor Lopes
- Relíquias da história: aniversário da cidade do Rio de Janeiro
No início deste mês, comemoramos 459 anos da nossa cidade maravilhosa; e a pergunta é: 1º de março ou 20 de janeiro? - Muitos ficam indecisos entre as duas datas. Por isso, inúmeras vezes se tem comemorado o aniversário do Rio de Janeiro no dia do santo padroeiro. Para afastar quaisquer dúvidas, fica aqui registrado sucintamente o episódio de fundação da cidade. Em 1555, os franceses invadiram o Rio de Janeiro pretendendo aqui fundar uma colônia. Em 1564, os portugueses resolveram, enfim, organizar uma expedição para expulsá-los e fundar uma cidade fortificada com o objetivo de impedir para sempre outras investidas. Estácio de Sá, sobrinho do governador Mem de Sá, chegou em terras cariocas no dia 28 de fevereiro com alguns navios e soldados, desembarcando na praia entre o morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar. No dia seguinte, 1º de março de 1565, fundou oficialmente a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em homenagem ao rei menino de Portugal e escolheu o santo de mesmo nome para padroeiro, a quem se presta homenagem no dia 20 de janeiro. A lenda diz que o mordomo encarregado de cuidar da capela do santo foi atacado por índios. Invocou seu nome e imediatamente chegaram reforços. Em uma das canoas um moço louro lutou bravamente, desaparecendo depois de finda a batalha. Foi identificado como sendo o santo padroeiro que lutara em defesa de sua cidade. A expulsão e derrota definitiva dos franceses e seus aliados indígenas, no entanto, só se deu em janeiro de 1565. A vitória de Estácio de Sá , subjugando elementos remanescentes franceses (os quais, aliados aos tamoios , dedicavam-se ao comércio e ameaçavam o domínio português na costa do Brasil), garantiu a posse do Rio de Janeiro, rechaçando, a partir daí, novas tentativas de invasões estrangeiras e expandindo, à custa de guerras, seu domínio sobre as ilhas e o continente. A povoação foi refundada no alto do antigo Morro do Castelo , que se localizava no atual centro da cidade . O morro foi removido em 1922 como parte de uma reforma urbanística. O novo povoado marcou o começo de fato da expansão da cidade. Durante quase todo o século XVII, a cidade acenou com um desenvolvimento lento. Uma rede de pequenas ruelas conectava entre si as igrejas, ligando-as ao Paço e ao Mercado do Peixe, à beira do cais. A partir delas, nasceram as principais ruas do atual Centro. Com cerca de 30 000 habitantes na segunda metade do século XVII, o Rio de Janeiro tornara-se a cidade mais populosa do Brasil, passando a ter importância fundamental para o domínio colonial. Essa importância tornou-se ainda maior com a exploração de jazidas de ouro em Minas Gerais , no século XVIII: a proximidade levou à consolidação da cidade como proeminente centro portuário e econômico. Em 1763, o ministro português Marquês de Pombal transferiu a sede da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro, mas isso será assunto para a próxima matéria! Fontes: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro Biblioteca Nacional Instituto Moreira Salles André Conrado Cidadão do mundo, carioca de nascimento e atualmente residindo em Salvador/Bahia; profissional de múltiplas habilidades. Hoteleiro de formação, com pós-graduação em Gestão de Turismo, estudou em Boston/USA. Apaixonado por artes, história e viagens, é apreciador de relíquias mundo afora. Com gosto e senso de humor apurado, busca incessante conhecimento em diversas Áreas e Gestão em Hospitalidade. Em sua coluna “ Relíquias da História “ na Revista do Villa, irá levar ao leitor uma verdadeira viagem pela história e o conhecimento.





