top of page
FB_IMG_1750899044713.jpg

Revista do Villa

Revista do Villa

Revista do Villa

Revista luso-brasileira de conteúdo sobre cultura, gastronomia, moda, turismo,

entretenimento, eventos sociais, bem-estar, life style e muito mais...

Uma Relação Fria Como Helsinque!

Estreou Finlândia no teatro Domingos de Oliveira.


ree

 

O texto de Pascal Rambert é dramático, relacional, emocionante, familiar, e intenso.

 

A dramaturgia narra a relação de um casal que se caracteriza por ser fria, congelante, imersa num imenso mar recheado de icebergs, tóxica, exaurida, quase a se romper. Tal qual o país onde estão visitando, a Finlândia, um lugar congelante!

 

Paula e Jiddu formam um casal de atores. Eles estão confinados num quarto de hotel em Helsinque. Eles enfrentam o desmoronamento de sua relação, permeada pela incomunicabilidade, pelos desafios impostos aos novos papeis da mulher e do homem, desconfianças de traição, e a disputa pela guarda da Nina, a filha.

 

No quarto do hotel, os dois discutem a noite toda. Eles estão em plena crise conjugal. O texto é um drama profundo e sutil do amor e do desamor. O amor deixa de ser um sentimento, e se transforma em política, num intenso campo de disputas e discussões. Como os partidos políticos, Paula e Jiddu são dois corpos distintos, antagônicos, opostos, tensos, conflitantes, que pensam de forma diversa, que se confrontam e se digladiam. Portanto, irreconciliáveis.

 

ree

Paula Cohen e Jiddu Pinheiro têm atuação notável e de forte qualidade. Na vida real, eles formam um casal. E no teatro também, inclusive os personagens assumem o mesmo nome. Eles transportam a vivência íntima e familiar para aquela ribalta. Naquele espaço, eles estão unidos, afinados e entrosados. Como já se conhecem da vida quotidiana, eles aproveitam para intensificar a relação no espetáculo. Os dois estabelecem diálogos intensos e profundos. Realizam acaloradas discussões sobre o papel da mulher e do homem numa relação familiar, o comportamento de um casal, as regras que devem seguir, sobre as militâncias das lutas dos direitos das mulheres, o lugar da filha do casal e da sua guarda, o compromisso e a confiança, entre outros assuntos. A cena íntima realizada no palco deixa transparecer a conexão de ambos, a densidade com que foi realizada, a emoção que provocou. Eles dominam o texto com perfeição, passando ao público com clareza e uma boa retórica, bem como o palco, se movimentando intensamente por aquele quarto de hotel. Em pé, sentados ou deitados na cama, eles estão vibrantes, contagiantes, intensos, e emocionantes. Eles conseguem prender a atenção do público, que extasiado assiste a apresentação e nem sente os noventa minutos passarem. Portanto, uma apresentação deferida e digna de louvor.

 

A participação especial é de Turí, que interpreta Nina, a filha do casal.

 

A direção é de Pedro Granato que focou nos atores, e deixou-os livres e a vontade naquele quarto de hotel para realizar as suas sublimes interpretações.

 

Os figurinos criados por Iara Wisnik são roupas íntimas de dormir, no caso de Paula e da filha Nina. Por sua vez, Jiddu usa roupa do quotidiano.

 

A cenografia criada por Marisa Bentivegna reconstitui com qualidade o quarto de hotel onde o casal está hospedado na fria Helsinque. Privilegia a cenografia em diagonal, e não em frontal.

 

A iluminação criada por Marisa Bentivegna apresenta um bonito desenho de luz, diversos tons como rosa, azul, amarelo e branco, e contribui para realçar a interpretação dos atores de seus personagens.

 

Finlândia apresenta uma dramaturgia que pensa e reflete de forma crítica sobre a relação conjugal; apresenta um elenco de forte qualidade, entrosamento, e afinamento; e, cenografia, figurinos e iluminação foram um conjunto harmonioso e equilibrado.

 

ree

Excelente produção cênica!


Alex Varela

ree

 
 
 

Comentários


©2024 Revista do Villa    -    Direitos Reservados

Política de Privacidade

bottom of page