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Revista do Villa

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Tudo Por Um Cemitério e um Defunto!

Estreou no Teatro João Caetano a peça teatral O Bem Amado.


Fotos: Victor Hugo Cecatto


A realização é da FUNARJ, órgão da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

 

O texto é de autoria de Dias Gomes, escrito no ano de 1962. E recebeu adaptações para a televisão, o cinema e o teatro.

 

No texto de Dias Gomes, o protagonista é o personagem Odorico Paraguaçu, interpretado por Diogo Vilela. Ele tem uma atuação notável liderando o elenco com maestria. Interpreta com uma técnica perfeita, dada a sua experiencia de palco, e emociona, ao ser hilário, cômico, transparecendo um político astuto, venenoso, maquiavélico, injusto, desleal, mau caráter, antiético, todas as qualidades de quem ascendeu com um único propósito: a construção de um cemitério em Sucupira. E ele quer, custe o que custar, conseguir um defunto para inaugurar o cemitério!

 

Diogo domina o texto e o palco com perfeição. Ele apresenta uma boa movimentação, o ocupando todos os espaços da ribalta. Passa o texto com segurança, firmeza, com um humor leve e sarcástico, e com uma boa retórica, facilitando a boa compressão do texto. Tem uma atuação forte, potente e grandiosa. Desempenho estupendo!

 

O trio das irmãs cajazeiras (Dorotéa interpretada por Patrícia Pinho; Dulcinéa interpretada por Renata Castro Barbosa; e Judicéa por Rose Abddalah)  é outro ponto alto do elenco, com uma atuação correta, e transbordante de humor e alegria. As atrizes estão felizes, vibrantes, e hilárias. 

 

Não podemos deixar de mencionar que Odorico age na vida íntima e privada conforme na vida pública, ou seja, sem escrúpulos. Ele tem um romance com Dulcinéia, que é esposa do ingênuo Dirceu Borboleta, seu assessor, interpretado por Tadeu Melo. Odorico é, inclusive, padrinho de casamento do casal. A história desse envolvimento amoroso é narrada de forma paralela à do cemitério.

 

Outro personagem do texto Zeca Diabo, interpretado por Chris Penna, é realizado de forma correta. O cangaceiro, "matador do sertão" é transformado no delegado da cidade, deixando transparecer as práticas oligárquicas, de apadrinhamento, e violentas da política brasileira.

 

Odorico é "trevas", não quer praticar o bem. Só o mau!

 

A direção é de Marcus Alvisi que realizou as marcações precisas e necessárias, e adaptou o texto de forma certeira para o campo teatral.

 

Além da boa direção, a movimentação dirigida por Juliana Medella dá uma dinâmica e intensidade ímpar ao espetáculo.

 

O Visagismo criado por Mona Magalhães expressa uma limpeza, em que visualizamos todos os elementos cênicos de forma organizada e correta.

 

Os figurinos e a cenografia foram criados por Ronald Teixeira e Pedro Stamford.

 

Os figurinos são corretos, adequados aos personagens, e de bom gosto. Odorico com aquela peruca e de óculos escuro está cômico!

 

A cenografia é bonita, criativa, e bem disposta pelo palco. Ela retrata a Sucupira, cidade localizada no interior da Bahia, com seus galhos secos, o gabinete do prefeito, o espaço residencial das irmãs cajazeiras, e o cemitério criado por Odorico.

 

A iluminação de Daniela Sanchez apresenta um bonito jogo de luzes, realça a interpretação dos personagens em suas respectivas cenas, e dialogo e incrementa com a cenografia e os figurinos.

 

O Bem Amado é uma correta adaptação de um texto para o teatro; tem uma direção consistente e potente; apresenta um elenco ajustado e afinado, que casa técnica interpretativa perfeita e emoção; e cenografia, figurinos e iluminação bonitos, adequados e criativos.

 

Excelente produção cênica!

 

 

Alex Varela


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