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Temperatura baixa, vinhos em alta

Tonéis de Carvalho- Produção de vinho / Crédito: Creative Commons Attribution 2.0
Tonéis de Carvalho- Produção de vinho / Crédito: Creative Commons Attribution 2.0

Inicia o frio e fica muito bom tomar vinho, pelo menos em boa parte do Brasil, digamos que cerca de metade do país. A grandeza no nosso território nos permite muitas realidades no consumo do vinho, na região Sul o frio combina com os vinhos que esquentam mais, que são os mais encorpados e apresentam maior quantidade de álcool. Na região Sudeste, o consumo de vinho tinto dispara deixando presas as garrafas de vinho branco, rosé e espumantes para o próximo verão. Nas regiões mais quentes, o vinho caminha com ligeiro aumento do consumo, no Nordeste os espumantes só vão aparecer em festas de casamento.

 

Uma curiosidade que aprendi, tem relação com o consumo nas regiões Centro Oeste e Norte, ali os vinhos tintos nunca cederam espaço aos outros vinhos, o motivo é que o lugar de maior consumo são alguns restaurantes específicos, e nesses ambientes nunca falta o ar condicionado a 20 graus Celsius, tornando o consumo mais prazeroso junto às carnes vermelhas normalmente propostas nos cardápios. 

 

 Bem, sei que neste parágrafo inicial deste post posso ter simplificado os mecanismos de consumo, mas a realidade não está muito além disso. 

 

Além de um esforço em produzir vinhos em regiões que poucos apostaram, como nas regiões Sudoeste e Centro Oeste. Vinhos que estão sendo produzidos no estado de São Paulo têm revelado boas oportunidades de garrafas, em Minas Gerais, verdadeiros exploradores e quem sabe logo teremos um terroir, isto é, a leitura de uma região específica dentro de uma garrafa. Quando se fala em terroir, sempre penso em linkar de novamente a explicação a respeito de terroir.

 

O maior problema em estudar e apreciar vinhos nacionais é a quantidade produzida por essas empresas vinícolas, visto que normalmente são números reduzidos de garrafas à disposição. A dificuldade em obter certas marcas é algo complicado, sem falar nos preços, embora seja muito fácil criticar, tem uma certa razão, pois quantidade e preço corresponde sempre a lei da oferta e procura.

 

Em tempo: eu acredito que essa dificuldade somente será vencida quando no Brasil tivermos a reforma agrária sonhada por João Goulart, ex-presidente cassado pelo Golpe Militar de 1964. A lógica não é difícil entender: com mais produtores de uva, maior a oferta, assim os preços de vinhos nacionais cairiam e a qualidade aumentaria.

 

VINHOS INTERNACIONAIS DISPONÍVEIS NO BRASIL

 

Agora falemos dos vinhos internacionais disponíveis no Brasil, eu acredito que com o cair da temperatura os vinhos chilenos levam uma certa vantagem sobre os argentinos, uvas como o Carmenere e Cabernet Sauvignon produzem notas que combinam mais com molhos quentes, já o Malbec argentino é muito mais interessante com os assados na brasa.

     

Vinhos portugueses da região do Douro serão uma ótima pedida se forem de safras mais antigas, espanhóis com certeza abrem uma gama de produtores e estilos mais adaptados aos pratos quentes, desde dos Crianza até os Rioja, a uva Tempranillo se for barricada é uma ótima companhia.

 

Vinhos franceses nos dias frios, com o rigor de que a garrafa não seja de uma proposta de vinho muito fresco, a acidez e o frescor podem descombinar em relação ao prato, por exemplo: um prato com mais gordura no preparo a acidez vai deixar como que uma espécie de placa de manteiga no céu da boca. Embora traços de taninos sejam cada vez menos encontrados nos vinhos europeus, essa característica vai muito bem com caldos de carne invernais.

 

Os famosos Bordeaux, Borgonha e Vale do Rhône serão os mais adequados para pratos quentes com carnes, já os da região da Alsácia, os brancos, devem encontrar vinhos que tenham mais de 4 anos, assim o amadurecimento do sabor das uvas Riesling e Pinot Gris serão um prazer com queijos e por que não um fundo de vários sabores. 

 

Vinhos italianos disponíveis no Brasil são quase todos bem próprios para o consumo em dias mais frios, sempre considerando a preocupação de que o produtor não queria um vinho fresco para o verão, claro que seja tinto. Na Itália, em razão do alto consumo de frutos do mar, os vinhos brancos são pensados para harmonizar com esses pratos, então para o frio não aconselho os vinhos brancos, salvo alguma exceção como os vinhos orange. Creio que os vinhos mais invernais sejam do Piemonte, Nebbiolo, Barbera e Dolcetto (não faz referência a vinho doce, só o nome é assim), casam muito bem com pratos mais oleosos e molhos pesados e passata de tomate, mas não é possível desprezar os vinhos da Região do Vêneto com seu Valpolicella e Amarone. Vinhos da Toscana para o frio seriam os chamados Super Tuscans, uvas internacionais com o charme italiano, das ilhas italianas, os vinhos do Etna na Sicília e da Sardenha o Cannonau com molhos quentes formam uma ótima harmonia.

 

Em meio às outras regiões mundiais que possuem vinhos para as temperaturas mais baixas, destaco a África do Sul com o Pinot e o Heritage, eles têm um peso que destaca com carnes cozidas e molhos elaborados com ervas finas. Na Oceania, vamos conferir os Shiraz Australianos que sob aquele terroir proporcionam vinhos concentrados, com bom trabalho de barris e um pouco de guarda - nos dão surpresas das terras dos cangurus, fluem das taças com elegância e notas de tabaco.

 

Vinhos do Leste europeu, para quem tem curiosidade, formam um leque de vinhos que são pensados para pratos de dias mais frios, faço um destaque para vinhos da Moldávia, uvas autóctones e estilos diferentes de produção criam ótimas taças curiosas por novidades e ancestralidades.

 

Que mais posso dizer sobre esse assunto, mais nada, fica só um conselho: aproveite os dias frios e compre bons vinhos para esses dias.


Então, lembre-se: temperatura baixa, vinhos em alta. Saboreie o frio!


Revista do Villa || Evandro Martini


2 Comments


Simone
Jun 09

Amo vinho, especialmente no frio.

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Filipe Ramos
Jun 07

Excelente artigo! Vinho e frio combinam demais no clima de Curitiba-PR

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