Samuel Correa, um jovem de múltiplos talentos
- Paulo Serpa
- 23 de mai.
- 3 min de leitura

Samuel Correa, tem 30 anos, é natural de Paraíba do Sul/ RJ. É formado em Licenciatura em Letras Português/Inglês pela Universidade Paulista, graduando em Psicopedagogia pela UNINTER.
Atua como professor na Prefeitura de Petrópolis. É cronista e poeta (nas horas vagas). Tem formação em diversas técnicas do mundo místico e espiritual como Tarot, Baralho Cigano e carrega consigo essa missão. E no meio disso tudo, mistura palavras e sentimentos nas suas práticas como ferramenta de transformação íntima e social.
1 - Samuel, você tem atuado como professor de línguas na educação básica. Como tem sido essa experiência para você?
A educação sempre foi uma vocação para mim. Desde pequeno, eu já sabia que seria professor. Hoje, trabalho com crianças e adolescentes com idades entre 11 e 17 anos. Não é fácil, mas é muito importante e necessário. Vai muito além de transmitir conhecimento. A profissão exige acolhimento, muita observação, escuta ativa, um pouco de paternidade, entre tantas outras habilidades. Além do trabalho, eu tenho me dedicado ao estudo, também. Tenho muito contato com crianças/adolescentes neurodivergentes e isso torna o trabalho um espaço de adaptação e criação constantes. Como profissional, percebo que o meu olhar se aprimora todos os dias. E são coisas que só aprendemos na vivência mesmo.
2 - Dentro das suas práticas pedagógicas você usa ferramentas de transformação social e íntima. Conta pra gente sobre como é isso.
Eu entendo que a educação é e precisa ser um espaço de transformação íntima e social. A educação deve atuar na nossa percepção do que somos, sentimos, pensamos e fazemos. Eu, particularmente, acredito que a palavra é uma grande ferramenta nesse processo. A partir dela tudo pode acontecer melhor. Nossas relações mudam, a gente se compreende melhor, promovemos curas e, consequentemente, tornamos o mundo um lugar mais gentil, solidário e amoroso. Tenho feito muitas oficinas psicopedagógicas sobre afeto e respeito com os meus alunos, tento trazer positividade nas minhas falas e busco a participação delas nessa troca. Expressar carinho, amor, afeto e respeito nunca será demais. E acredito que isso pode moldar a nossa realidade.
3 - Como nasceu o poeta e de onde vem inspiração para criar poesias com tanta intensidade?
A poesia nasceu da dor, do desejo, da curiosidade, do encantamento. Acho que de tudo um pouco. Sempre gostei muito das coisas não ditas, e a poesia ocupa um lugar fantástico nesse processo. Durante a adolescência, experimentei na escrita um lugar de desabafo das coisas que não contava pra ninguém. E essa necessidade de me expressar fez com que eu compartilhasse isso nas redes sociais. Por vezes, recebia dos amigos e familiares feedbacks sobre os textos dizendo que a mensagem tinha os tocado profundamente e que eu deveria escrever mais. Em relação à inspiração, não tenho dúvidas de que a minha inspiração é a própria palavra. Claro que tenho algumas referências literárias como Clarice Lispector, Mario Quintana, Fernando Pessoa, entre outros. Mas ouso dizer que poesia não tem nada a ver com o “cultismo literário”. Tudo pode ser uma grande inspiração poética.
4 - Você já pensou em escrever um livro sobre o seu trabalho?
Sim, mas sem pressa. Apesar de acreditar que tenho muito a dizer, acho que a escrita deve ser um processo natural, fluido. Acho que em um primeiro trabalho, eu escreveria crônicas. Sou muito atento ao que acontece, ao cotidiano, e isso é o suficiente para render um bom trabalho.
5 - Das suas crônicas, qual mais te marcou e por quê?
Eu gosto de todas. Eu tenho imenso carinho pela crônica Realismo: ou mata ou faz morrer. Nasceu como todas as outras, mas de uma forma mais espontânea, numa conversa entre amigos. Falávamos sobre a opinião alheia. E nasceu assim: breve, forte e simples.
6 - Essa sua crença em que o ser humano pode se comunicar com a divindade ou receber sinais de onde vem?
Eu sempre fui muito sensível, tenho grande sensibilidade. Por isso, transito muito pelo universo holístico. Eu jogo Tarot, Baralho Cigano e tudo isso é uma linguagem muito simbólica e ao mesmo tempo muito concreta. E quando você entende isso, tudo é uma manifestação divina. Tudo fala, nada passa a ser silencioso. As pessoas, os objetos, a árvore. Nada difere. E tudo parte de um todo. A poesia também está num lugar parecido. Ela dá forma ao que não existe, ao que pode existir, humanamente falando, e a coisas que nunca existirão. Isso tudo é meio divino pra mim. É Deus em ação.
A nossa consciência é muito linear, só consegue lidar com a matemática simples. Esse meu lado de querer supurar a realidade foi só o combustível pra eu entender as questões mais sutis.
Paulo Serpa

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