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Revista do Villa

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Salvador Cultural: Museu de Arte da Bahia

Imagem do Museu de Arte da Bahia - Divulgação - Imagem 1
Imagem do Museu de Arte da Bahia - Divulgação - Imagem 1


História


Parte substancial do patrimônio histórico-artístico hoje conservado no Museu de Arte da Bahia tem sua origem na coleção de obras de arte de Jonathas Abbott, médico inglês radicado em Salvador na primeira metade do século XIX.

 

Notável colecionador, Abbott chegou a reunir, ao longo de muitas décadas, quase 400 peças, pinturas em sua maior parte. As obras estrangeiras foram provavelmente adquiridas por ocasião das estadias de Abbott na Europa, em 1820, entre 1830 e 1832 e entre 1852 e 1853.

 

Imagem do acervo da coleção Abbott - Museu de Arte da Bahia - Imagem 2
Imagem do acervo da coleção Abbott - Museu de Arte da Bahia - Imagem 2

No que se refere à arte brasileira, Abbott dedicou-se a adquirir obras da escola baiana de pintura (telas e painéis de José Joaquim da RochaJosé Teófilo de JesusFranco Velasco, etc.), constituindo um exemplo raro, se não único, de colecionismo voltado à arte do período colonial brasileiro ainda no século XIX — com a consolidação do academismo, a produção artística dos tempos coloniais foi por muito tempo ignorada ou relegada à condição de cultura artística inferior, situação que só começaria a mudar a partir da ação da primeira geração de modernistas.

 

Após a morte de Abbott, uma pequena parte de sua coleção foi desmembrada e seguiu junto com seu filho para o Rio de Janeiro. A maior parte das peças restantes foi adquirida junto à família do médico em 1871 por ordem do vice-presidente da província da Bahia, Francisco José da Rocha. Com a aquisição, Rocha buscava formar uma galeria de arte no Liceu de Artes e Ofícios. As peças adquiridas pelo governo provincial foram escolhidas por uma comissão, da qual tomou parte o pintor José Rodrigues Nunes. As telas permaneceram expostas nas salas do Liceu até o ano de 1925.  

Imagem do acervo - MAB - Imagem 3
Imagem do acervo - MAB - Imagem 3

 A fundação e os primeiros anos


O Museu de Arte da Bahia foi oficialmente estabelecido em 23 de julho de 1918, sob a denominação de Museu do Estado da Bahia. Foi fundado durante o governo de Antônio Muniz Sodré de Aragão, foi a primeira instituição museológica da Bahia e uma das dez primeiras do Brasil. Durante as primeiras décadas de existência, o Museu do Estado funcionaria como um anexo do Arquivo Público da Bahia (criado em 1890). Não possuía então o atual perfil de museu de artes visuais, mas sim de museu enciclopédico, de cunho histórico-naturalista, reunindo um acervo diversificado, composto por gravurasmobiliárionumismáticacoleções etnológicas e peças relacionadas às ciências naturais.


Imagem do saguão principal do Museu de Arte da Bahia - MAB - Imagem 4
Imagem do saguão principal do Museu de Arte da Bahia - MAB - Imagem 4

O Palacete


O Palácio da Vitória, atual sede do Museu de Arte da Bahia, localiza-se na Avenida Sete de Setembro, no trecho conhecido como “Corredor da Vitória”, no bairro homônimo de Salvador. O local é uma área de destaque na cidade por ter abrigado, até meados do século XX, mansões pertencentes a famílias tradicionais da sociedade baiana.  

Imagem do Palacete do Museu de Arte da Bahia - 1860 - IPHAN - Imagem 5
Imagem do Palacete do Museu de Arte da Bahia - 1860 - IPHAN - Imagem 5

No terreno onde hoje se localiza a sede do MAB existia, no início do século XIX, um palacete erguido a pedido do rico comerciante de escravizados José de Cerqueira Lima. Após sua aquisição por Francisco Pereira de Almeida Sebrão, em 1858, o palacete foi transformado no Colégio São José, instituição de grande relevância na história da evolução pedagógica e cultural da Bahia. Em 1879, adquirido pelo governo, o palacete passou a ser utilizado como residência oficial dos presidentes da província. Após a “Proclamação da República” em 1889, prosseguiu como residência oficial, sob a denominação de Palácio dos Governadores.

 

Acervo e curiosidades

 

O visitante se depara com uma das preciosidades do MAB logo na entrada. A porta do Museu é uma peça monumental reaproveitada do antigo Solar João de Matos Aguiar, demolido entre 1924 e 1927, durante o governo de Francisco Marques de Góes Calmon, para o alargamento da Ladeira da Revolta dos Malês.


Imagem da Porta principal do Museu de Arte da Bahia - Divulgação - Imagem 6
Imagem da Porta principal do Museu de Arte da Bahia - Divulgação - Imagem 6

Datada de 1674, a portada é composta por moldura em arenito com desenhos em trança e frontão com volutas. Já a porta de madeira, feita em vinhático e jacarandá, traz painéis retangulares com máscaras entalhadas em baixo-relevo.

Ao ser incorporada à fachada do museu, a peça passou a representar não apenas a entrada, mas um convite à preservação da memória arquitetônica da cidade.

 

Imagem do móvel entalhado - Riquezas do Brasil - MAB - Imagem 7
Imagem do móvel entalhado - Riquezas do Brasil - MAB - Imagem 7

Outro tesouro, que fica logo no salão de entrada, à esquerda, é um móvel que pode passar desapercebido pelos mais apressados. Um armário entalhado, que chegou ao MAB em 2005 por meio de comodato e passou a integrar a exposição “Madeiras do Brasil e os artistas da madeira”, guarda a coleção “Riquezas do Brasil”.

 

Reunida ao longo de décadas pelo médico e colecionador Antônio Berenguer, natural de Santo Amaro da Purificação, a coleção é constituída de 600 amostras de madeiras brasileiras moldadas em formato de pequenos livros.

 

As espécies foram coletas em fazendas do interior paulista e incluem nomes como jacarandá, ipê, imbuía, canela, louro e até madeiras de nomes curiosos, como “pau-para-tudo” e “quebra-facão”. Mais que uma excentricidade, a iniciativa de Berenguer é um gesto de amor à diversidade da flora nacional e à árvore que deu nome ao nosso país.

 

Entre os objetos mais simbólicos do acervo está o tamborete de baiana também conhecido como “mocho de vendedeira”. Feito em jacarandá, palhinha e Sebastião-de-arruda, o pequeno banco era utilizado por mulheres negras que vendiam seus quitutes pelas ruas de Salvador no século XIX.

 

 Entre os objetos menos lembrados, mas de valor histórico, artístico e cultural está a coleção de mobiliário antigo que integra o acervo de artes decorativas do MAB. Mais do que meras peças de decoração, esses móveis ajudam a contar como viviam as famílias baianas entre os séculos XVIII e XIX.


Imagem dos móveis das famílias baianas abastadas nos seculos XVIII e XIX - Acervo MAB - Imagem 8
Imagem dos móveis das famílias baianas abastadas nos seculos XVIII e XIX - Acervo MAB - Imagem 8

Dois exemplares se destacam: uma cômoda e um oratório, ambos confeccionados em jacarandá e outras madeiras nobres, datados do final do século XVIII. A cômoda impressiona pelas proporções generosas e pela leveza de suas formas, com detalhes no estilo rocaille, entalhes sofisticados, marchetaria e puxadores em bronze cinzelado inspirados em móveis religiosos como os da sacristia da Basílica da Conceição da Praia.

 

Já o oratório, de presença imponente, guarda painéis em alto-relevo que retratam cenas da Paixão de Cristo. Policromados e cercados por talha dourada em estilo rococó, fazem da peça uma verdadeira joia da arte sacra brasileira.

Imagem do belo Oratório - Acervo MAB - Imagem 9
Imagem do belo Oratório - Acervo MAB - Imagem 9

Outro conjunto digno de nota é o das cadeiras no estilo D. João V, produzidas na Bahia na segunda metade do século XVIII. Entalhadas em jacarandá com riqueza de detalhes no cachaço, avental e joelhos, e com os icônicos pés em “garra e bola”, as peças revelam a releitura baiana do design português com forte influência do estilo inglês Queen Anne. O estofado em seda adamascada carmesim reforça o status que essas cadeiras representavam nas residências coloniais.

Imagem do saguão do Museu e moveis D. João V - Acervo MAB - Imagem 10
Imagem do saguão do Museu e moveis D. João V - Acervo MAB - Imagem 10

 

Um convite perfeito aos admiradores da arte brasileira....

 

 

Fontes:

 Acervo IPHAN

Museu de Arte da Bahia

Secult


André Conrado


 
 
 

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