Salvador Cultural
- André Conrado

- 15 de ago.
- 5 min de leitura
Nesta nova série de matérias, convido aos leitores para visitarmos as inúmeras novidades culturais da primeira capital do Brasil.
Salvador, Bahia, possui uma rica e diversificada cultura, resultado da miscigenação entre indígenas, europeus e, principalmente, afrodescendentes. A herança africana é evidente em diversos aspectos, como na música, dança, religião e culinária. A cidade também se destaca por seu patrimônio histórico e arquitetônico, com construções coloniais e barrocas, especialmente no centro histórico.
Reabertura do Museu da Misericórdia

O Museu da Misericórdia, localizado no Centro Histórico de Salvador, voltou a receber o público desde dezembro de 2024, após três anos fechado para obras de restauração e requalificação.
Restauro e modernização
Instalado no antigo prédio da Santa Casa de Misericórdia, que foi erguido no século XVII e tombado pelo IPHAN em 1938, o Museu da Misericórdia é um dos mais importantes espaços culturais da Bahia e possui em seu acervo obras que contam um pouco da história do estado e do país.

Inaugurado em 2006 pela Santa Casa da Bahia, o Museu da Misericórdia agrega grande valor ao panorama artístico e cultural do Centro Histórico de Salvador. Instalado em palacete do século XVII que já abrigou o primeiro hospital da cidade - fundado pela Santa Casa -, possui rico acervo, composto por 3.874 peças, classificadas em diversas categorias, como alfaia, mobiliário, pinacoteca e imaginária. Trata-se de um legado de 469 anos de história, com obras que contextualizam do século XVII até os dias atuais.

A construção atual data de 1664 construída em estilo barroco, a partir de 1722 a igreja passou por uma série de reformas. O conjunto arquitetônico da Santa Casa inclui a igreja, a sacristia, uma cripta, o salão nobre e uma escadaria de mármore português com uma vista para a Bahia de Todos os Santos, um dos grandes chamativos da igreja.

O local e um marco da arquitetura colonial portuguesa hoje funciona como museu e espaço cultural com exposições de arte sacra, quadros e outras “memorabilias” do Brasil Colônia e Império.
Em 1859 o imperador D. Pedro II visitou o local durante sua viagem pelas províncias do nordeste. No século XVI a igreja também foi palco para os sermões do Padre António Viera.

Destaque para os azulejos de 1712 que reproduzem a Procissão do Fogaréu, que a Irmandade da Santa Casa realizava na noite de Quinta-Feira Santa, e para a sala com quadros do expoente pintor barroco José Joaquim da Rocha, que retratam a Paixão de Cristo.

A Loggia (século XVIII) é um espaço arquitetônico de características europeias e conta com um rico trabalho de embrechado em quatro tipos de mármore que conferiu ao prédio do Museu o tombamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1938. O primeiro carro movido a gasolina que chegou à Bahia também compõe a secular coleção.

Entre as peças relacionadas a personalidades estão a cadeira feita exclusivamente para a visita de D. Pedro II, em 1859, e a escrivaninha de Ruy Barbosa, que foi funcionário da Santa Casa da Bahia. O Museu da Misericórdia ainda conta com quadros que retratam Antônio de Lacerda, projetista e executor da obra do Elevador Lacerda, e Raimunda Porcina de Jesus, que alforriou os escravizados da Filarmônica dos Chapadistas.

Igreja da Misericórdia
A construção da Igreja da Misericórdia foi iniciada em 1654, no mesmo local do antigo templo erguido por Tomé de Souza. Suas obras foram custeadas pelo provedor Francisco Mendes do Sim e duraram muitos anos. A partir de 1722, foram realizadas obras de complementação e embelezamento.
Na Igreja da Misericórdia há presença de vários estilos: Barroco, rococó e neoclássico, que pode ser encontrado nos bens patrimoniais móveis e integrados. A Igreja foi palco dos sermões do padre Antônio Vieira e esteve fechada para restauração de 2001 a 2008. Considerada um marco da arte portuguesa na Bahia, a igreja foi tombada pelo IPHAN como parte integrante do conjunto arquitetônico Paço da Misericórdia.

Entre os elementos artísticos presentes na Igreja, podemos citar:
Altar mor em estilo rococó;
Imaginária barroca, com as imagens de Nossa Senhora da Conceição, Santa Luzia, Santana Mestra, Santo Antônio, Santos Cosme e Damião e anjos tocheiros;
Painéis de azulejos portugueses, retratando a Procissão do Fogaréu e a Procissão dos Ossos, além de figuras de convite ou de guarda, datados do século XVIII;
Pinturas em óleo sobre tela de autoria de José Joaquim da Rocha, retratando passagens da vida de Nossa Senhora: o casamento de Maria e José, a Anunciação, a Apresentação de Jesus e a Assunção de Maria, datadas do século XVIII.
Crucificados em marfim e prata, século XIX;
Imaginária barroca, com as imagens de Nossa Senhora da Conceição, Santa Luzia, Santana Mestra, Santo Antônio, Santos Cosme e Damião e anjos tocheiros;
Pinturas em óleo sobre tela de autoria de José Joaquim da Rocha, retratando passagens da vida de Nossa Senhora: o casamento de Maria e José, a Anunciação, a Apresentação de Jesus e a Assunção de Maria, datadas do século XVIII.

O ossuário da Igreja da Misericórdia em Salvador, Bahia, está localizado abaixo da sacristia e era originalmente um espaço utilizado como enfermaria feminina do antigo Hospital da Caridade. Posteriormente, foi transformado em ossuário para os irmãos da Santa Casa. Hoje, o ossuário é uma área preservada, com pintura original em técnica escaiola (mármore de estuque) na cor amarela.

Visitação:
O museu está aberto de terça a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 16h30, com fechamento aos domingos e feriados. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
O museu está localizado na Rua da Misericórdia, 6, Praça da Sé, em Salvador.
Para mais informações, você pode e acessar o site museudamisericordia.org.br ou o perfil no Instagram @museudamisericordia.
Podem ser realizadas visitas guiadas presenciais e virtuais.
É possível agendar visitas guiadas em grupos de 15 a 30 pessoas, preenchendo um formulário no site.
Fontes:
Acervo IPHAN
Arquivo Público do Estado da Bahia
Santa Casa de Misericórdia
André Conrado


Boa tarde !
Belíssima imagem antes e depois da histórica que desconhecíamos.
Obrigado, pelo carinho.
Obra prima de tantas belezas que estamos apreciando !