Porto: quando a cidade veste arte
- Ana Paula de Deus

- 17 de out.
- 4 min de leitura
Moda à portuguesa: o charme cool do Porto






Crédito das fotos: Divulgação / Just Fashion
Moda e arte fazem a nossa cabeça — isso é mais que evidente. Essas duas expressões, às vezes juntas, às vezes em caminhos paralelos, têm o poder de despertar movimentos, traduzir personalidades e provocar transformações. É difícil dissociar tanta beleza em criações e gestos, porque ambas habitam o mesmo território: o da sensibilidade humana.
Historicamente, a moda como conhecemos nasceu em Paris, no século XIX, quando Charles Frederick Worth, um costureiro visionário, começou a assinar suas criações e a transformá-las em espetáculos de desejo. A arte, por sua vez, sempre foi a base simbólica dessa construção — da paleta dos impressionistas às formas geométricas de Mondrian, das passarelas à pop art de Warhol, moda e arte sempre dialogaram.
Hoje, esse universo de estilo e expressão está em holofotes diários nas ruas das principais capitais do mundo. Não é apenas em Milão ou Paris que se respira moda a olho nu. O Porto, cidade que visitei recentemente, me surpreendeu — e muito.
A primeira impressão é a atmosfera: uma identidade própria, única, com aquele cool despretensioso que mistura o charme do verão à bossa do outono. A luz do Porto é uma pintura viva — dessas que a gente admira como quem contempla um quadro, um belo sapato ou um vestido feito à mão.
As portuguesas desfilam com uma elegância autêntica. Vestem o que querem, ditam o próprio ritmo e inspiram. Em vários momentos pensei: “ops, Milão é aqui.” Essa sensação ganhou força durante o desfile promovido pelo Just Fashion no dia 18 de setembro, que trouxe para as ruas o espírito das passarelas — de forma envolvente, ousada e autoral. Foi um lembrete de que a moda se renova sem perder suas raízes, e que a rua continua sendo seu maior palco.
A indústria portuguesa de moda, têxtil e calçado é uma das mais sólidas da Europa. O país combina criatividade, inovação e tradição artesanal, conquistando cada vez mais espaço no mercado internacional. O setor de calçado, por exemplo, exporta mais de 90% de sua produção para cerca de 170 países, um feito que confirma o prestígio e a qualidade do design “made in Portugal”. Já o têxtil e o vestuário também seguem essa vocação exportadora, com marcas que vêm se reinventando e abrindo caminho para uma nova geração de criadores atentos à sustentabilidade e ao bem-estar.
O Porto, nesse contexto, desponta como um polo com enorme potencial. Para se tornar “a bola da vez”, é preciso unir sinergias, valorizar a moda como setor estratégico, engajar a sociedade e criar um ecossistema próprio de inovação e estilo.
Hoje, a cidade já encanta milhões de visitantes com suas ruas de granito, fachadas de azulejos azuis e brancos, torres imponentes e hotéis de design. A energia criativa que pulsa ali se reflete não só nas passarelas, mas também nas galerias, ateliês e nas esquinas onde a moda e a arte se encontram de forma natural.
Porque, no fim das contas, moda é um reflexo da sociedade — uma expressão viva de comportamento, política e economia.
Ela traduz o tempo em que vivemos e o desejo de quem somos.
Como disse Pedro Tavares, idealizador do desfile:
“A moda é o reflexo de um tempo e de um território. O Porto tem a alma e a força para vestir o futuro.”
A “Oscar Freire” do Porto A ideia do Just Fashion FW25 Cocktail foi apresentar a nova coleção às nossas Clientes — e à cidade — através de uma festa cheia de alegria e glamour. O desafio, sendo a primeira vez, era recriar o espírito de uma passerelle, mas com um toque contemporâneo e próximo. O nome juntou a identidade da empresa, a estação da coleção e a palavra cocktail, que funcionou como convite e promessa: um momento de beleza, sofisticação e boa energia. Para dar vida a esta visão, contámos com a produção de Vera Deus, uma das maiores especialistas em desfiles em Portugal. Unimos moda, música, aperitivos e boas bebidas — e criámos, literalmente, o cocktail perfeito. O resultado superou as expectativas, com uma adesão entusiasmada e comentários muito positivos sobre o desfile de marcas tão distintas como Save the Duck, Pinko e Elisabetta Franchi. “O sucesso deste evento é um reflexo do talento e da dedicação de todos os envolvidos. Ficámos muito orgulhosos com a forma como o público reagiu e com a energia que se viveu nas lojas. Depois desta estreia, não temos dúvidas de que o Just Fashion Cocktail vai passar a fazer parte do calendário da cidade — um encontro semestral para celebrar a moda, o Porto e a zona do Aviz, que ainda é um dos melhores locais para comprar e viver a moda na cidade.” — Pedro Tavares, CEO do Just Fashion.
No próximo texto, falarei sobre a exposição de dois artistas brasileiros na Casa Bosco, que reafirma esse diálogo entre arte e identidade — uma conversa que o Porto vem conduzindo com talento, luz e muita autenticidade.
Ana Paula de Deus
Jornalista / Observadora do encontro entre moda, arte e comportamento


Que texto maravilhoso 💗 😍
Ficou ótimo, texto perfeito!!! Arrasou Anaaa. Parabénsssss.
Arrasou, Aninha!!! Texto maravilhoso, observações super interessantes! Parabéns!
Adorei conhecer esse lado do Porto pela sua visão maravilhosa Obrigada! Ansiosa pela próxima publicação!
ameei!