Fime: Perto do sol é mais claro, de Regis Faria
- Cristina Granato

- 6 de out.
- 2 min de leitura





A máxima de que cinema é uma arte a ser desenvolvida por equipes, pode por vezes não ser tão procedente. O filme “PERTO DO SOL É MAIS CLARO” de Regis Faria é uma evidência de que talento e determinação podem viabilizar um processo de criação onde produção, roteiro, som, direção e montagem possam ser atividades realizadas por um único criador. Cinema feito sob a glauberiana ideia de que filmes ainda podem se realizar com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça.
“PERTO DO SOL...” conta, com a simplicidade de um filme de Truffaut, como um personagem de mais idade, interpretado magistralmente por Reginaldo Faria, segue o cotidiano curso de uma vida de recém viúvo. Com leveza e humor o filme registra as dificuldades que a ausência da companheira traz ao seu cotidiano, seus problemas profissionais, a excessiva preocupação dos filhos, a inevitável solidão e os exercícios de superação através de talentos recém descobertos.
O filme tangencia a oportuna questão do etarismo nos dias de hoje, ao mostrar a resistência do personagem em se negar a aceitar a invisibilidade que a sociedade parece impor aqueles que chegaram a uma idade mais avançada.
No filme de Regis Faria o personagem interpretado por Reginaldo, ignora as limitações impostas pelos preconceitos e redescobre os prazeres oferecidos pela possibilidade de amar. É quando um novo mundo de oportunidades se abre para quem constata que mesmo na velhice se sentirá eternamente um Moço.
É um filme formalmente original realizado com muito profissionalismo e criatividade, que pode ser visto como um gesto de extremo amor do diretor por seu pai, do qual amorosamente participam Vanessa Gerbelli, Marcelo Faria, entre outros familiares e amigos. Um filme que afetivamente se impôs ser feito e a ser visto sob muita emoção e prazer.
Cristina Granato

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