Pelas Olhar das Lentes de Malu
- Alex Gonçalves Varela
- 22 de mai.
- 3 min de leitura
Estreou Da Janela no teatro Adolpho Bloch.

O texto de Marco dos Anjos é voltado para o público infantil, lúdico, divertido, bem-humorado, ressalta a importância do universo infantil numa comunidade, pois criança é alegria, diversão, fantasia, amor e afeto.
A personagem central é a menina Malu, interpretada por Elizandra Souza, que da janela da sua casa observa com o auxilio do binóculo do seu avô a circulação das pessoas e bichos que residem na Vila. Ela era a única criança.
A vila possuía uma síndica, a dona Gerusa, interpretada por Thamires Ferreira. Ela também é intérprete de libras, comentando tudo o que se passa no palco com a plateia.
Certo dia, Malu observou que na casa ao lado havia uma família vizinha nova, e tinha uma criança, o menino Cadu, interpretado por Alain Catein. Ele era criativo e, por meio de caixa de papel, montou um dinossauro.
Por sua vez, na outra casa ao lado vieram novos moradores, e um deles era a menina Nina, interpretada por Mariana Siciliano. Ela era surda, não escutava. E tinha dons artísticos, pintava bonitos quadros.
Malu, Cadu e Nina passaram a conviver e tornaram-se amigos. A janela é um espaço de sociabilidade, onde eles se conheceram, criaram laços de amizade, carinho e afeto, passaram a conviver, e a reconhecer as diferenças que entre eles existia.
Num certo dia, Malu deixou o binóculo cair e o mesmo foi danificado, ficando impróprio para o uso.
Cadu e Nina se organizaram e, com materiais alternativos, criaram um binóculo colorido para Malu. Ela voltou a poder observar da janela da sua casa, com amor e imaginação, as pessoas que circulavam pela Vila, como o seu Antônio com o cachorro Pitoco, o lixeiro, entre outros.

O elenco apresenta uma correta atuação. Ele interpretam corretamente seus personagens, e emocionam. Utilizam uma linguagem voltada para o público infantil, bem como voltada para a inclusão, seja de pessoas com deficiência visual ou auditiva. Inclusive a atriz Mariana Siciliano tem uma deficiência, e foi incluída no elenco. Dominam o palco, com uma intensa movimentação. Apresentam uma boa comunicação com o público, inclusive solicitando a algum integrante da plateia a se autodescrever e a aprender a dizer, em LIBRAS, a frase “Você quer ser meu amigo?”. Portanto, é um espetáculo preocupado com a inclusão.
A direção é de Marco dos Anjos que realizou as marcações certeira e precisas, incluiu recursos de inclusão como parte integrante da dramaturgia, e deixou o elenco a vontade naquele palco para livremente interagirem com a estrutura cenográfica e interpretarem seus personagens.
A Cenografia criada por Cachalote Mattos é criativa e colorida. Ela é constituída por uma instalação de ferro, tipo um brinquedo de uma pracinha, em que as crianças sobem e descem, e se divertem. Ela também serve como a residência das crianças. A parte central em vermelho é a casa da Malu. As partes laterais da instalação se desconectam para formar as demais casas: a amarela é a do Cadu; e a azul é a da Nina. A atuação dos atores se passa nessa instalação na maior parte do tempo, espaço onde interpretam seus personagens.
Os figurinos criados por Teresa Abreu são de bom gosto, coloridos e facilitam a movimentação dos atores pelo palco.
A iluminação criada por Ana Luzia Molinari de Simoni é correta, adequada ao espetáculo, e contribui para realçar a interpretação dos atores de seus personagens.
Da Janela é um espetáculo infantil que apresenta uma dramaturgia potente, centrada na amizade entre as crianças e o respeito às diferenças; uma direção competente, que teve o mérito de inserir recursos de inclusão como parte integrante da dramaturgia; e cenografia e figurinos criativos e coloridos.

Excelente produção cênica!
Alex Varela

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