top of page

Revista do Villa

Revista do Villa

Revista do Villa

Convidamos você a se juntar a nós nesta jornada, acompanhando as novidades e publicações

em forma de matérias, entrevistas e artigos realizados pela equipe de colunista.

"Ninguém Pode Saber Tudo Sobre a Própria Vida"

Estreou Idade é um Sentimento no teatro do CCBB-RIO 1.


O público é o responsável por escolher a opção da narrativa do texto, o recorte da vida da personagem a ser contado. Logo ao entrar, o espectador recebe dois cartões, um branco e outro preto. Ao iniciar a apresentação as atrizes apresentam opções de escolhas de duas palavras. O público escolhe e está dada a direção da peça naquele dia de apresentação. Portanto, a cada exibição, uma versão diferente.

 

No dia em que assistimos a opção escolhida foi: ostra e ônibus; bar e correio.

 

O texto de Haley McGee (tradução de Diego Teza) é ficcional, biográfico, memorialístico, apresenta uma perspectiva do olhar feminino, narra a trajetória de vida de uma mulher no período entre os seus vinte e cinco anos de idade até alcançar os noventa, por meio de vivencias como a vida profissional, a decisão de ter filho ou não, o falecimento dos pais, menopausas, sexo, arrependimentos, o lar de idosos, morte, entre outras. Portanto, a fase adulta, do amadurecimento ao envelhecimento, pois ninguém consegue dar conta da sua vida por inteiro. São lembranças, fragmentos, reminiscências... ficam lacunas.

 

Contudo, a narrativa não se confunde com cronologia. Apresenta um enredo, que segue uma linha horizontal, mas que também navega pela vertical, apresentando as reviravoltas e travessias da sua vida, as mudanças de rumos, as suas escolhas, as marcas do tempo, e a sua inserção na sociedade. Nesse sentido apresenta uma dramaturgia idealizada por Haley McGee que enfatiza essas quebras, esses ziguezagues, apresentando em quadros etários a vida da personagem, mas que se relacionam entre si, formando uma espécie de teia, capaz de enredar a história. A narrativa do texto caminha também na direção de uma conclusão, e busca dar ordem aos inúmeros fatos da vida da personagem, articulando as várias informações.

 

O elenco é constituído por duas atrizes, Gabriela Munhoz, e Paola Kirst. Elas atuam com qualidade e de forma correta. Ainda que estejam juntas o tempo integral no palco, Gabriela assume o protagonismo, na medida em que é ela quem narra a vida da mulher. Paola complementa a atuação de Gabriela, sobretudo na percussão, e realizando juntas coreografias, bem como interpretando diversas personagens, como a melhor amiga da protagonista.

 

A atriz Gabriela Munhoz tem uma atuação notável. Ela passa o texto com uma desenvoltura e uma capacidade ímpar. Ela é dinâmica, ágil, potente, não deixa ninguém pestanejar. Ela fala no microfone, e mantem a sua voz num tom adequado. Domina o texto com segurança e firmeza, narrando com uma linguagem simples, que facilita a compreensão do público. Fala bem, tem uma boa pronúncia. Bem como o domínio do palco, se movimentando o tempo todo e ocupando os espaços. Portanto, ele se apresenta com qualidade.

 

Gabriela apresenta uma notável capacidade de interpretação, e associa a emoção. Interpretação e emoção estão associadas em sua apresentação. O ator/atriz não tem que apresentar vigor físico em sua exibição, como se passa com um atleta. Tem que interpretar incorporando o seu personagem e exprimindo os sentimentos a ele relacionados. E Gabriela realiza com perfeição essa união. Ela emociona ao narrar a vida daquela mulher, apresenta suas alegrias e felicidades, tristezas e amarguras, derrotas e vitorias, escolhas e experiencias. Apresenta o olhar feminino sobre o tempo, e as dificuldades em controlar as nossas ações e as situações que surgem durante a vida terrena. Ela sensibiliza e cativa o público, conquistando-o e prendendo sua atuação.

 




A direção é de Camila Bauer, que realizou as marcações precisas e certeiras, e deu uma direção para a exitosa atuação das atrizes, deixando-as livres naquela ribalta. 

 

Os figurinos são corretos, adequados, e facilitam a movimentação das atrizes.

 

A cenografia criada por Elcio Rossini é simples, e bem distribuída pelo palco. Vemos instrumentos de percussão constituindo uma bateria, e uma mesa com materiais. Na parte dianteira do palco uma mesinha com um pote de vidro de frutas.

 

Ao fundo do palco, há um conjunto de partes de painéis brancos, dispostos um ao lado do outro, formando uma tela, onde são exibidas imagens que complementam o texto narrado. A exibição ocorre ao longo de todo o espetáculo, e em associação com as imagens, ouvimos efeitos sonoros relacionados as mesmas.

 

A iluminação criada por Ricardo Vivian apresenta um bonito desenho com variados tons, e realça a interpretação das atrizes de suas personagens.

 

A direção de movimento é de Carlota Albuquerque, que realizou um correto trabalho de movimentação e ocupação do palco pela atrizes.

 

Idade é um Sentimento apresenta um texto potente e expressa o ponto de vista feminino sobre a vida de uma mulher; duas atrizes com atuações consistentes e dinâmicas, ganhando protagonismo a atuação de gala de Gabriela Munhoz; e uma direção correta e certeira de Camilia Bauer.

 



Excelente produção cênica!

 

Crédito das fotos: Cláudio Roberto

Alex Varela


Comments


©2024 Revista do Villa    -    Direitos Reservados

Política de Privacidade

bottom of page