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Revista do Villa

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Cultura Popular, Memória, Tradição e Ancestralidade


Estreou a Mostra Carroça de Mamulengos. Três Gerações de Arte Brincante, no teatro do CCBB RIO 2.

 

A mostra tem como objetivo encenar a representação da história da companhia Carroça de Mamulengos em três espetáculo: História de Teatro e Circo; o Babauzeiro; Janeiros.

 

O primeiro espetáculo apresentado foi Histórias de Teatro e Circo.

 

A apresentação exibe a tradição de uma trupe de artistas que segue uma tradição familiar e um modo de vida que atravessa o tempo e a memória.

 

O início de tudo se deu em Brasília, em 1977, quando o artista Carlos Gomide criou a Carroça, tomando como base as manifestações da cultura popular nordestina do teatro de bonecos. Três anos depois, ele conheceu a atriz Schirley França, se casaram e constituíram família. A partir desse momento, passaram a realizar inerrância por esse Brasil, convivendo com os brincantes da cultura popular pelas regiões por onde passavam. E, nesses quase cinquenta anos, formaram uma linda família, constituída por filhos, netos e netas, primos e primas, sobrinhos e sobrinhas, que estão sobre os palcos representando, e passando a arte da Carroça de geração a geração, perpetuando viva a tradição.

 

O primeiro espetáculo consagra o nascimento e a arte dos filhos de Carlos Gomide e Schirley França.

 

A peça tem início com uma abertura triunfal, com todo o elenco sobre o palco, cantando, e apresentando a bandeira do Divino Espírito Santo como guia da trupe.

 

A seguir, Ana, que nasceu brincando com bonecos no seio da trupe, anuncia que é neta do vovô Carlos e da vovó Shirley, os fundadores da  Carroça. E, a partir desse momento, passa-se a narrar um conjunto de saberes e tradições da cultura popular, da pedagogia brincante, que a Carroça tem difundido por esse Brasil.

 

O texto, dirigido e roteirizado por Maria Gomide, é alegre, vibrante, arrebatador, poético, emocionante, da família, é poesia e cultura popular pura! No palco assistimos várias gerações de uma família de artistas que mantem viva as suas tradições, que preserva os legados da ancestralidade, e nos apresentam de forma notável o que é o teatro de mamulengos, manifestação da legítima da cultura popular.

 

Sobre a ribalta teve boi, pássaro, bode, onça, palhaço, caçador, veado, luta de espadas, personagens do imaginário nordestino, cantos e cantigas populares, causos, poesia, num espetáculo que deixa o público emocionado e com olhos marejados.

 

Os brincantes interpretam, narram, cantam, dançam, tocam instrumentos, e ensinam também. Eles transmitem saberes e tradições, de geração a geração, da arte de teatro de bonecos popular do nordeste, que a trupe Carroça se apropriou e difunde pelos quatro cantos do Brasil.

 

A marca da tradição atravessa todo o espetáculo. Maria Gomide narra que seu pai e fundador da trupe Carlos Gomide lhe deu uma boneca e ela entrou no espetáculo encenando com a mesma. A seguir, passou para a sua filha, e no espetáculo atual, a mesma boneca entra em cena outra vez com a décima terceira brincante da família. É a tradição viva da burrinha fumacinha!

 

O texto narra que Carlos Gomide, o fundador, teve como mestre Antonio Alves Pequeno, o Antonio Babau, artista criador de bonecos. Das suas mãos, Carlos recebeu o boneco Benedito, que entra em cena desde a origem da Carroça. Outra tradição viva!

 

O espetáculo é sublime, mas, no nosso ponto de vista, há dois momentos que se destacam: o aparecimento inesperado de Miota, querendo um lugar na encenação, e canta um happy; e os palhaços de perna-de-pau, mantendo viva a tradição do circo.

 

Os figurinos criados por Isabel Gomide são bonitos, adequados, coloridos, e apresentam estampas diversificadas. 

 

Por sua vez, a cenografia  criada pela Carroça de Mamulengos é simples e criativa. Apresenta uma estrutura com tecidos estampados floridos em forma de tiras e "teia de aranha". Há também um isolador em cada lado de pano em tom azul que delimita o palco e o espaço onde fica a banda de músicos e os artistas que não estão em cena.

 

Os bonecos são criação e construção de Carlos Gomide, criativos, bonitos e adequados ao espetáculo.

 

A direção musical é de Beto Lemos, que nos brindou com belas cantigas e cantos populares, expressões ricas do imaginário brincante.

 

A iluminação criada por Joao Gioia apresenta um bonito desenho de luz, realça a cenografia e os figurinos, bem como a interpretação dos atores em suas diversas cenas.

 

A Mostra Carroça de Mamulengos é um espetáculo alegre e que encanta, com um texto que mescla cultura popular, tradição, ancestralidade, e memória; apresenta um notável elenco de brincantes, que associa técnica interpretativa e emoção; criativos, de bom gosto, e adequados figurinos, cenografia, e bonecos.




Excelente produção teatral!


Crédito das fotografias: Bené França; Gabriela Mendes; Davi Mello

 

Alex Varela


 

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