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Maria Callas: o palco vazio, a voz que enche nossos corações

Atualizado: 15 de mar.

 “Maria Callas”, dirigido por Pablo Larraín e estrelado por Angelina Jolie no papel título, mostra um retrato dos últimos dias da maior soprano de todos os tempos em seu apartamento em Paris.

 

A atuação de Angelina Jolie, o que eu achei um pouco exagerada. Nas cenas que ela dubla La Callas, fica um tanto estranho, já que Maria não fazia força para contar. Angelina transmite a dor de uma artista que, apesar de sua fama mundial, enfrenta uma solidão esmagadora e a deterioração de sua voz e é essa uma das grandes fontes de sua tristeza. Corta o coração do espectador quando ela percebe, logo no início, que não vai mais alcançar as notas ou ter a extensão vocal que a fizeram famosa. Os médicos pedem que ela pare de tentar contar como antes e isso a agonia demais; dizem que ela não aguentará devido os número absurdo de remédios que toma; a recomendação é não se esforçar.

A direção de Larraín é boa à medida que enfatiza essa melancolia, usando um ritmo contemplativo que permite ao público mergulhar na psique confusa da protagonista. A paleta de cores, dominada por tons escuros e sombras, reforça a atmosfera sombria e introspectiva do filme.

 


A fotografia de Edward Lachman se alterna entre cores saturadas, para dar o clima de excesso e drama que foi a vida da primadona temperamental. Também são usados tons monocromáticos, diferenciando passado e presente, especialmente quando ela é jovem, durante a Segunda Guerra. Callas fez-se Callas: uma mulher forte que parecia segura de si, mas, por dentro, como todos nós amargava dores que só ela sabia.

 

O filme também explora o tumultuado relacionamento de Callas com o magnata grego Aristóteles Onassis, ele nunca gostou que ela cantasse. Dizia que a mantinha como um pássaro numa gaiola de ouro com a porta aberta. Embora nunca tenham se casado oficialmente, Callas manteve um longo caso com Onassis, mesmo após seu casamento com Jacqueline Kennedy e Callas sempre sofreu com isso porque ela, realmente o amava. Uma cena em particular ilustra esse triângulo amoroso: Onassis está em um hospital e Maria vai visitá-lo. Ele se declara e diz que sempre a amou. Durante a conversa, alguém diz que Jackie chegou e enquanto a ex-primeira dama americana entra pela porta da frente, Callas discretamente sai pelos fundos, destacando sua posição como amante e a complexidade de suas emoções.

 


Em uma cena particularmente simbólica, Callas canta sozinha em seu apartamento parisiense. As pessoas na rua param, caladas, para escutar a soprano que dá tudo de si, é lindo! Essa performance dela ali, sozinha em casa, é uma metáfora para sua busca de libertação pessoal, sugerindo que, através da música, ela encontra uma forma de se libertar das amarras de sua existência solitária e, assim, o passarinho sai da gaiola dourada e voa.



 

Cláudia Felício


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