Lançamento do novo livro de Roberto Blattes

Revista do Villa
25 de jul.
2 min de leitura

Literatura, emoção e resistência marcam o lançamento de “O Sambenito Amarelo”, novo romance de Roberto Blattes.

A noite do dia 22 de julho foi marcada por emoção, afeto e literatura na Livraria da Travessa de Ipanema. O evento, que reuniu cerca de 300 pessoas, celebrou o lançamento de O Sambenito Amarelo, terceiro romance do escritor, jornalista e gestor cultural Roberto Blattes. Publicado pela Edições Cândido, o livro mergulha nos horrores da Inquisição espanhola e traz à tona uma história potente e corajosa: o amor entre dois homens judeus na Córdoba do século XV.

Entre abraços, reencontros e dedicatórias personalizadas, Blattes recebeu um público diversificado — amigos, leitores, colegas das artes e da cultura — que enfrentaram mais de uma hora de fila para prestigiar o autor. O clima era de comoção e gratidão. "Para um escritor, lançar um livro é sempre um rito de passagem. Mas ver essa livraria cheia, esses rostos queridos, é algo que não se descreve com palavras. Só se sente", afirmou Blattes, visivelmente emocionado.

O Sambenito Amarelo não é apenas um romance histórico de fôlego; é também uma obra de afirmação política e existencial. Com precisão documental e densidade psicológica, o autor retrata os tribunais do Santo Ofício, os sambenitos — vestes da vergonha impostas aos condenados — e o peso da intolerância sobre os corpos e afetos considerados desviantes. Ainda assim, o romance não se limita à denúncia. É, sobretudo, um hino à resistência, à dignidade e ao direito de amar.

A história de Shamir e Gabriel, os protagonistas da obra, comove por sua força e beleza, mas também por sua atualidade. Em tempos em que discursos de ódio ganham novas formas, Blattes resgata as vozes silenciadas do passado e as transforma em memória viva. “A literatura tem o poder de abrir fendas no tempo. E por essas fendas, entram a luz e o amor”, comentou o autor durante o lançamento.

Natural de Santa Maria (RS) e radicado no Rio de Janeiro, Roberto Blattes já havia se destacado pelos romances Lorenza, a Magnífica – A Rainha de Duas Cabeças e O Meu Sangue Ferve. Em sua trajetória literária, é possível perceber um fio condutor: o compromisso com o rigor histórico, a sensibilidade com os excluídos e uma escrita elegante que transforma dor em beleza.

Com entrada gratuita, o evento foi também um espaço de celebração e resistência. Houve brindes, fotos, conversas calorosas e o testemunho de um escritor que, mais uma vez, faz da literatura uma trincheira de afeto, coragem e memória.