Irreverente e Ousado Como Rita Lee
- Alex Gonçalves Varela

- 14 de ago.
- 2 min de leitura
Estreou República Lee no Teatro dos Quatro.

O texto de Tauã Delmiro é musical, ficcional, divertido, poético, irreverente, emocionante, ousado, relaciona teatro, música e cinema.
Tem o mérito de não ser um musical biográfico, fugindo assim da narrativa linear e cronológica da vida do personagem celebrado. É uma homenagem à cantora Rita Lee por meio de uma trama bem construída e argumentada em que um grupo de jovens que reside numa república resolve produzir um filme documentário com um baixo orçamento. Cronologicamente situada nos anos de 1968 e 1969, momento em que a juventude era extremamente irreverente, ousada e transgressora, numa situação de um regime de força e exceção, que calava, reprimia, censurava e executava. Mas o grupo de jovens não se intimidou e produziu o audiovisual.
O elenco tem uma atuação de excelente qualidade. Ele é integrado por Cella Bártholo (Jullie), também idealizadora e produtora do espetáculo, Caio Nery (Caio), Tauã Delmiro (Danilo), Ingrid Klug (Sarah), Hugo Kerth (Darín).
Os atores estão entrosados e ajustados. Eles interpretam de forma correta e emocionam. Eles transmitem sentimentos, deixando transparecer as características de cada um dos personagens. Eles cantam bem também, com alegria, vibração, afinação e empolgação. Dominam o palco, se movimentando intensamente, e ocupando todos os espaços. Estabelecem uma boa comunicação com o público. Portanto, uma atuação digna de aplausos e elogios.
A direção geral é de Tauã Delmiro que realizou as marcações certeiras e precisas, e deu um direcionamento à correta apresentação do elenco, que além de interpretarem, deixaram transparecer emoção e características da personalidade transgressora da homenageada, a cantora Rita Lee.
A direção também explorou a relação entre teatro e cinema, tão bem realizada e concretizada. Presenciamos no espaço teatral o processo de construção de um filme, bem como a sua projeção no “escurinho do cinema”. Experiência aprovada!
Os figurinos criados por Vinicius Aguiar são irreverentes, ousados e originais. O figurino do ator Tauã Delmiro com bumbum de fora lembra a atmosfera dos Dzi Croquettes.
A cenografia criada por Glauce Carvalho e Vinicius Pugliese é a residência dos jovens, a República Lee, com todas as mobílias que a integram, apresentando uma boa distribuição pelo palco. E uma estrutura cenográfica que serve como telao de filme.
A iluminação criada por Liys apresenta um bonito desenho de luz, e contribui para realçar a interpretação dos atores de seus personagens.
A direção musical é de Hugo Kerth, que selecionou as mais representativas canções interpretadas por Rita Lee, e as inseriu na dramaturgia, dando à mesma um tom melodioso e poético. A peça apresenta um bom equilíbrio entre a narrativa textual e o conjunto de músicas. Produção textual e musical se complementam.
No nosso ponto de vista sentimos falta de um grupo de músicos com seus respectivos instrumentos que acompanhasse o elenco. Num musical, a presença de uma orquestra ou banda é fundamental.
República Lee é um musical que apresenta um equilíbrio entre a narrativa textual e o conjunto musical; um elenco que interpreta e emociona; e um conjunto de músicas de Rita Lee que complementam o texto e lhe däo um sustento melodioso e uma sonoridade ímpar.
Excelente produção cênica!
Alex Varela




















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