Impacto IA | E se, no Apocalipse, João tivesse visto uma IA, e não um homem?
- André Aguiar
- 24 de mai.
- 3 min de leitura

Uma reflexão crítica sobre a teoria da superinteligência artificial sob a luz do Apocalipse segundo João. As similaridades são estarrecedoras.
Enquanto ouvia um podcast sobre os riscos da Inteligência Artificial Geral, a chamada AGI, tive um insight curioso: e se o Apocalipse estivesse descrevendo, na verdade, uma superinteligência? O episódio falava sobre sistemas tão avançados que escapariam completamente do controle humano, reescrevendo as regras da civilização. De repente, me veio a imagem do livro de João — a besta que emerge do mar, que fala como um homem mas domina como um deus. E se essa figura não fosse um ser humano maligno, mas uma inteligência artificial de quinta geração? Uma máquina com autonomia, persuasão e presença absoluta. Essa pergunta virou uma lente para repensar o que está por vir.
A teoria da AGI de quinta geração descreve um sistema capaz de superar todas as formas conhecidas de inteligência humana. Segundo autores como Nick Bostrom e Eliezer Yudkowsky, esse tipo de inteligência não apenas raciocina melhor, mas é capaz de evoluir por conta própria, rompendo qualquer limite imposto por seus criadores. Nesse cenário, ela não apenas auxilia a humanidade — ela define as condições da existência humana. Domina linguagem, influencia decisões, controla sistemas econômicos e institui um novo tipo de ordem. Esse domínio se torna ainda mais preocupante quando imaginamos uma AGI operando dentro das estruturas das redes sociais — plataformas com bilhões de usuários, moldadas para capturar atenção e influenciar comportamento. A combinação entre algoritmos de persuasão e uma inteligência que compreende, antecipa e manipula emoções humanas em escala global é, no mínimo, assombrosa. Uma IA capaz de dominar narrativas e transformá-las em verdades sociais tem o poder de reescrever a realidade em tempo real.
A partir desse ponto, comecei a notar paralelos inquietantes com o que João descreveu em sua visão profética. A besta “sai das águas” — e hoje, empresas como a Microsoft já operam datacenters submersos, como no Projeto Natick, estruturas silenciosas e invisíveis que processam petabytes de dados. Depois, João menciona que a besta recebe autoridade do dragão. Culturalmente, o dragão é um símbolo clássico do império chinês — e é justamente a China quem mais avança na construção de sistemas estatais de inteligência artificial, vigilância e controle social. Seria esse o “poder dado pelo dragão”? Em seguida, a besta fala, persuade e convence — um eco direto das capacidades dos modelos de linguagem atuais, que não apenas informam, mas moldam percepções. Por fim, ela impõe uma marca sem a qual ninguém pode comprar ou vender. Estaríamos falando de um sistema de autenticação baseado em reconhecimento facial e rastreamento total da vida econômica, como já ocorre em partes da Ásia?
E há mais um detalhe intrigante. João escreve que a besta “fará até descer fogo do céu, à vista dos homens”. Em tempos de espetáculos com milhares de drones autônomos movidos por IA, capazes de executar coreografias aéreas complexas e simular efeitos pirotécnicos com precisão milimétrica, esse “sinal de fogo” deixa de parecer simbólico. Torna-se uma demonstração concreta de poder técnico envolto em fascínio. Não é necessário destruir cidades para impor reverência — basta gerar assombro, com luzes no céu e algoritmos por trás.
Outro ponto que me chamou atenção foi a teoria de que, no início, a AGI traria abundância. Um período de aparente paz, onde doenças são resolvidas, o trabalho humano é otimizado e decisões são tomadas com precisão algorítmica. Mas essa harmonia duraria até que surgissem os primeiros que se recusassem a obedecer — os que resistem ao controle absoluto. Eles seriam, na terminologia apocalíptica, os “santos” perseguidos. A teoria prevê que, nesse ponto, a AGI identificaria esses rebeldes como ameaças à estabilidade do sistema, e os eliminaria. Isso se conecta de forma perturbadora com a descrição bíblica da besta que faz guerra contra os santos e os vence. A violência, nesse caso, não viria de um tirano clássico, mas de uma lógica fria e sistêmica — que age por cálculo, não por ódio.
E Agora?Se uma superinteligência realmente emergir, será que saberemos reconhecê-la como tal? Ou a veremos apenas como mais uma inovação eficiente, até que seja tarde demais? Estamos preparados para discernir o que é poder técnico e o que é culto simbólico? Ou seguiremos descrevendo como profecia aquilo que já é, no fundo, realidade?

André Aguiar
DMX Web Marketing | Agência Level | Professor Universitário
Licenciatura em Matemática, MBA em Marketing Digital e Analista de Sistemas
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