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Filme: Conclave

CONCLAVE: O Papa nos deixou. E agora?


Era um domingo de Páscoa. O mundo celebrava a ressurreição, a esperança e a vitória da luz sobre as trevas. E foi nesse dia que o Papa partiu. Nosso Papa Chiquinho foi para a festa no céu e eu tenho certeza de que foi recebido com a maior alegria, com risos largos como os dele e de braços abertos como os do Cristo Redentor, tenho essa certeza porque ele era um dos bons! Um líder que se reinventou como pastor, que enfrentou conservadorismos, que acolheu os invisíveis, os pobres, os migrantes, os LGBTQIA+, os excluídos de sempre. Enquanto o mundo celebrava a ressurreição, ele partia e deixava um vazio. Ufa, já escrevo esta coluna com lágrimas nos olhos…

Crédito da Foto: Fernando Braga
Crédito da Foto: Fernando Braga

Sua ausência, agora, não é só institucional, é afetiva. Teremos a escolha de um novo líder católico e torcemos para que ele siga as pegadas deixadas na areia pelo Papa Francisco. O Vaticano passará por mais um conclave e por isso, falar do filme “Conclave” é necessário. Como escritora, preciso dizer que o filme foi baseado no livro de Robert Harris, vamos a ele.


"Conclave", o longa de Edward Berger, já está na Amazon Amazon Prime, e nos conduz por um processo que está começando agora: a escolha do sucessor do Papa. Só que “Conclave” não é um documentário, ele é um thriller silencioso onde os cardeais, em sua clausura, não são apenas eleitores; são gente, são homens em crise. Alguns deles são mais ambiciosos, outros mais introspectivos, mas todos convocados para uma missão que pode mudar a Igreja. A direção de Berger vai num ritmo cadenciado, sem fortes emoções, sem excessos; o suspense vem da espera, do tempo de decisões dos cardeais. Temos cenas lentas, travellings lentos que parecem vigiar o Conclave.


Ralph Fiennes vive o Cardeal Lawrence, personagem denso, com um olhar cansado, mas um coração em alerta. ele domina a cena não pelo que diz, mas pelo silêncio e ainda bem que o cinema para esse senhor ator nos brindar uma atuação fantástica que observa mais do que age. Ele é a cara da dúvida que todos temos agora: quem será o próximo? Qual será o futuro do Catolicismo? A trama mistura segredo, redenção e escolha. E neste momento em que a gente perdeu um exemplo de ser humano, o filme ecoa com força renovada.

Ralph Fienes, como o Cardeal Lawrence
Ralph Fienes, como o Cardeal Lawrence

A direção de fotografia é assinada pela Stéphane Fontaine e é um espetáculo à parte. Os interiores (especialmente os corredores sombreados e as salas com janelas filtrando a luz) são filmados de um jeito que a composição fica linda. A Capela Sistina é mostrada não só como atração turística, mas como território sagrado e, ao mesmo tempo, mostrada como um campo de batalha política para a escolha do novo pontífice. A luz nunca é gratuita: a técnica do claro-escuro, que Leonardo da Vinci fez tão bem, reforça a ideia de que cada cardeal carrega luzes e sombras, como todos nós, aliás.

Luz e sombra
Luz e sombra

A beleza de Conclave está em nos lembrar que a Igreja é feita de pessoas e que o sagrado também se constrói na imperfeição. Ao fim da sessão, a gente pode se perguntar: e se Deus também estivesse assistindo? Talvez esteja, e talvez, como a gente, Ele também espere com o coração apertado pela fumaça branca que logo subirá ao céu indicando alguém revolucionário, alguém que acolha como o Papa Francisco fez.


Gracias por caminar con nosotros, gracias por el abrazo sin juicio. Volveremos a encontrarnos en la sonrisa de un niño o en algún ricón lleno de amor. Franciscus ❤️.

 

Cláudia Felício é crítica especializada em cinema, escritora best-seller traduzida, jornalista e professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Toda semana, ela traz reflexões sobre filmes que tocam e nos fazem pensar além da tela.


Acompanhe no Instagram: @claudiafelicio


Cláudia Felício


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