"É Tão Bom Ter Amigos"
- Alex Gonçalves Varela
- 22 de jul.
- 2 min de leitura
Estreou Da Pá Virada no teatro Fashion Mall - Sala Rosa Maria Murtinho.

O texto de Regiana Antonini é fraternal, relacional, valoriza a família, sensível, humanista, e bem-humorado.
A dramaturgia sublinha que as relações entre seres humanos podem se desenvolver independente da idade e da geração. Há divergências, diferenças na maneira de se pensar e ver o mundo, mas também há trocas, diálogos e transformações. O encontro e a aproximação entre Ceres Regina e Leila Paola (Debora Duarte, e Sura Berditchevsky, respectivamente), mulheres de setenta, e Sandro (Lucas Mimura), jovem de vinte e dois anos, fez despontar uma amizade que mudou radicalmente a vida dos três personagens. Antes isolados e levando uma vida solitária em seus respectivos apartamentos, eles passaram a desenvolver uma relação de proximidade, a conviver de forma intensa, e a conversar sobre os mais diversos assuntos, como maconha, obra literária como a de Clarice Lispector, velório, violência contra a mulher, relações familiares, solidão, entre outros. Inclusive elas explicaram a Sandro o significado da expressão "Da Pá Virada", termo utilizado na geração delas. Portanto, um encontro improvável mudou profundamente a vida do trio, que passaram a constituir uma pequena família. Sandro veio para somar e agregar. Trocas e experiências novas!
O elenco é integrado por três atores: Debora Duarte, Sura Berditchevsky, e Lucas Mimura. Eles têm uma atuação de forte qualidade, interpretando de forma perfeita seus personagens, e emocionando. Eles estão unidos, entrosados e afinados. Estabelecem diálogos que tratam de distintos temas, de forma bem-humorada, divertida e cômica. Dominam o texto, apresenta uma linguagem simples e coloquial, de tranquila percepção. E dominam também o palco com intensa movimentação e ocupando todos os espaços. Apresentam também uma boa comunicação com o público. Portanto, uma atuação correta, adequada e digna de louvor.
A direção é Bel Kutner que realizou as marcações certeiras e precisas, dando ao espetáculo um dinamismo, e direcionando a correta interpretação dos atores.
Os figurinos de Marcelo Olinto são corretos, de bom gosto, e adequados. Roupas do quotidiano.
A cenografia criada por Sergio Marimba é criativa e correta. No início da peça visualizamos um elevador. A seguir, este é virado ao contrário e se transforma numa parede com um quadro e um piano acoplado. Também visualizamos mobílias como sofá e cadeiras. Ao final do espetáculo retornamos ao elevador.
A iluminação criada por Paulo Cesar Medeiros apresenta um bonito desenho de luz, e contribui para realçar a interpretação dos atores de seus personagens.
A direção musical é de Claudio Lins, que selecionou canções adequadas aos temas da peça, com letras poéticas e sonoridade agradável.
Da Pá Virada é um texto bem-humorado e divertido que confirma que a amizade não tem idade, pode acontecer entre pessoas de distintas gerações; um trio de atores com uma atuação convincente e adequada; e uma cenografia bem idealizada e criativa, com uma boa disposição pelo palco.
Excelente produção cênica!
Fotografia: Priscila Prade e Xicão Jones
Alex Varela

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