Entrevista: Vera Donato (Fotógrafa)
- Chico Vartulli
- 29 de jun.
- 4 min de leitura

1- Olá Vera! Vamos relembrar a sua infância?! Como era a cidade de Morrinhos, em Goiás, quando você era uma me-nina?
Minha infância é digna de um livro. Sou de uma família pobre que veio do interior. Passei muito perrengue depois que perdi meu pai aos sete anos. Foi uma época de muita tristeza e sofrimento. Quanto a Morrinhos é uma cidade linda, romântica. No centro de Morrinhos, no alto de um dos morros que inspiraram o nome da cidade, tem uma estátua do Cristo Redentor. Aquilo sempre me fascinou e me fazia sonhar com o Cristo Redentor muito maior do Rio de Janeiro que eu via nas fotos das revistas. Acho que foi isso que me estimulou a me mudar para o Rio.
2- Quando você começou a se interessar pela fotografia?
Desde sempre a fotografia me fascinou. Eu sempre insistia no meu sonho. Ainda garota eu costumava olhar fotografias de paisagens e me transportava para os lugares fotografados. Naquela época fazia muito sucesso as revistas de fotonovelas. Então eu olhava as fotonovelas e imaginava como aquelas fotos tinham sido feitas. Era fascinante. Queria fazer uma fotonovela como aquelas de antigamente. Pena que não se faz mais aquele tipo de revista. Aliás, não se faz mais quase nenhum tipo de revista. A fotografia de pessoas também sempre foi algo que me encantou. Ao ver uma foto, sempre tinha a sensação que a imagem fotografada revelava a alma das pessoas.
3- Como se deu a sua formação na área?
Quando adolescente eu procurava ler e me informar sobre a arte de fotografar. Depois, quando me mudei para o Rio, fiz um curso de fotografia no SENAC que foi fundamental para minha escolha profissional. Agradeço ao SENAC por ter me proporcionado esse aprendizado técnico. Foi depois desse curso que me senti mais segura para abraçar a fotografia como escolha profissional. Porém, seria difícil começar. Também sempre procurei conversar com outros fotógrafos. Um deles é meu irmão de coração Bertrand Linet, que me deu a minha primeira máquina profesional, e me deu orientações. Fui em busca do meu sonho. E leio muito sobre fotografia, que muda, a cada dia. E sobre a vida dos fotógrafos que tenho verdadeira admiração.
4- Quais são os seus eventos favoritos para fotografar?
Os eventos sociais, de um modo geral, são meus favoritos para fotografar. Gosto das pessoas em movimentos. Gosto do ser humano. Então gosto de registrar os encontros sociais, onde as pessoas se reúnem para prestigiar uma produção cultural ou um evento social como um lançamento de livro, a estréia de uma peça, o vernissage de um artista bacana, ou pré estréia de um filme, festivais, etc. Ou então um casamento, uma recepção, uma festa de quinze anos. Gosto de fotografar as pessoas, registrar aquele momento em que elas se produziram e se vestiram com suas melhores roupas. Além disso, existe a consciência de estar registrando um momento único da vida de cada um. Isso é belo e comovente.

5- Você curte fotografar a natureza? Justifique.
Tudo que diz respeito à vida me provoca interesse em fotografar. Fotografar pessoas tem a ver com minha escolha profissional. Mas, fotografar a natureza é como escrever uma poesia. Adoro fotografar paisagens do campo, das montanhas, lugares desertos, praias vazias. E também pássaros, a mudança do tempo, uma tarde de verão, um dia chuvoso. Tudo o que vem de Deus me inspira a fotografar.
6- E os agentes sociais?! Apenas os ricos e importantes, ou os humildes também?
Como disse na resposta anterior, tudo o que vem de Deus me inspira a fotografar. O ser humano é o meu principal material de trabalho. Costumo fotografar ricos e famosos, mas o homem comum também me permite realizar fotos relevantes. Faço fotos de pessoas anônimas com a mesma paixão com que fotografo celebridades. Através do olhar da minha câmera, transformo aquela pessoa comum num ser humano único. Em alguém célebre e encantador.
7- Você poderia comentar sobre o livro Nós e Nossos Cães? Como foi o processo de produção da obra?
Eu sou apaixonada por cães. Tenho isso em comum com a Brigitte Bardot, uma personalidade que eu adoraria fotografar. Os cachorros me provocam encantamento pela vida. O amor por esses animais tão adoráveis foi a inspiração para o livro “Nós e nossos cães”, que publiquei em parceria com o ator e roteirista Cacau Hygino. Fiz as fotos, ele fez os textos que descrevem a relação das pessoas fotografadas com os animais. Cada pessoa tem uma história de vida com seus animais. Para alguns o cão é uma companhia, para outros uma pessoa da família, para outros uma necessidade física, como é o caso do cão-guia. Foi uma experiência incrível fazer esse trabalho. Os cães são ótimos modelos.

8- Quais são os seus projetos futuros?
Meu principal projeto para o futuro é continuar vivendo com saúde e paz. Buscar a paz em mim e torcer pela paz no mundo. Quero publicar um álbum com o que eu considero minhas melhores fotos. Um resumo de minha carreira. E continuar trabalhando muito, registrando a alma e a beleza das pessoas através das lentes da minha câmera. Frase que me define ”Corpo Mente, Espirito Santo”.
Fotos e direção de Arte : Patrícia Nort
Chico Vartulli

Minha fotógrafa favorita! Adoro!
Vera é e sempre foi uma profissional da melhor qualidade . Grande escolha, amigo querido.
Parabéns a todos pela excelente entrevista. Abraços, Helcio Hime
Parabéns pela matéria! Ótima entrevista. A Vera Donato é uma pessoa admirável.