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Revista do Villa

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Convidamos você a se juntar a nós nesta jornada, acompanhando as novidades e publicações

em forma de matérias, entrevistas e artigos realizados pela equipe de colunista.

Entrevista: Paulo Márcio Serpa (Ator, Diretor e Professor de Teatro)


Criador do Grupo de teatro "Entrando em Cena” no Rio de Janeiro no ano de 2015, que hoje possui sede na cidade de Três Rios/RJ, onde atende adolescentes e jovens preparando-os para ingressar no mercado artístico.


Desenvolve um trabalho de teatro educativo nas escolas e creches do município de Três Rios trabalhando o desenvolvimento de habilidades, buscando atender os aspectos físicos, emocionais e sociais, estimulando o crescimento global do aluno.


O grupo “Entrando em Cena" em seu primeiro ano em Três Rios foi ganhador de quatro prêmios no Festival de teatro local. Em 2024 foi contemplado com dois projetos da Lei de incentivo à Cultura Paulo Gustavo RJ que versam sobra a importância da inclusão de pessoas com deficiência e sobre a formação do “eu” através da cultura.


1 – O que fez pensar em abrir um Grupo de Teatro para atender adolescentes e Jovens?


Criei um método diferente de teatro que aplico nas escolas há mais de 26 anos, se chama “a criança e o teatro dentro do processo educativo” e é muito interessante. Desde quando vim morar em Três Rios e já há 20 anos eu não só trabalho com adolescentes... desenvolvo até mesmo com crianças do berçário e da pré-escola no desenvolvimento corporal. O Grupo “Entrando em Cena “que é para adolescente... e eu faço Oficinas nas escolas. Vou e divulgo meu trabalho e a criança que quer participar, faz o curso comigo... entendeu? Então, o Curso tem uma duração de 1 ano. Fora a isso, assim... Eu promovo festival de teatro e atividades Culturais.

 

2 – No desenvolvimento do trabalho de Teatro em escolas o que percebe nos alunos quanto aprendizagem?


Cheguei a trabalhar em uma escola, onde eu começava com o Berçário, que trabalhava o sistema corporal: as cantigas... e do Berçário elas acompanhava até a Faculdade. Então foi um percurso bacana, esta convivência com eles estes anos todos... ver o crescimento foi uma coisa muito importante.


3 – Como surgiu a ideia em você atuar como ator e o que mais gostava em interpretar?


Na verdade, eu trabalho com habilidades artísticas. Então a minha linguagem com relação ao teatro é uma linguagem aborda a totalmente diferente do que um Curso de teatro normal. O entrando em cena é destinado para pessoas que tem mais dificuldade. Elas usam o teatro em uma forma para se relacionar e desenvolver alguma questão entre eles.


4 - Sou muito a favor desta praticidade e continuidade nas escolas, desde educação infantil...até mesmo creche?

 

Pois é. Aqui, eu tenho uma vantagem grande. Porque eu pego aqui as crianças na creche e depois elas vão para escola... e na maioria das vezes eu trabalhos nas escolas, que elas foram. Daí elas permanecem comigo também. Então assim, eu consigo fazer um acompanhamento. Daí consigo avaliar a criança no que ela está desenvolvendo, o que precisa desenvolver?  Em questão da oralidade, como ela lida com relações dela...ne? Toda esta questão!

 

5 – Com esta geração cada vez mais voltada para tecnologia e crianças com ansiedade, Espectro autista, Tdah, Tod... etc fez você desenvolver algo para atender este público de Inclusão, que é muito satisfatório. Conte como está sendo, por favor?


Eu descobri este trabalho com criança, quando eu fui levar meu filho na creche. Eu achei assim maior barato, porque assim, na cidade do interior onde eu morava, na época não tinha creche. Quando meu primeiro filho nasceu...eu fui levar para fazer adaptação e achava aquilo um processo tão interessante e daí eu pedi a Diretora da creche que se eu pudesse fazer uma brincadeira com eles... e aí comecei a fazer brincadeiras com eles com dinâmica de teatro. E ai foi uma coisa que começou a dar certo. Em três meses eu já estava ali trabalhando com as crianças, desenvolvendo uma série de atividades: contos infantis, e a coisa foi indo...quando fui ver já estava em 7 creches do RJ. Então estava sendo uma demanda muito grande e eu tinha meu filho pequeno ainda.


Na verdade, eu adoro trabalhar com criança com autismo, é mais fácil porque eles são observadores, apesar de todas as características que eles têm comportamentais, eles são observadores, são participativos, mesmo nas dificuldades deles. Pelo menos assim um trabalho que eu fiz aqui em Três Rios eu peguei um Grupo que tinha pelo menos 60% era público autista.  Tinha 2 com Síndrome de Daw, uma menina que não falava e conseguiu falar nas atividades, que foi importante também, porque com problema familiar travou a fala da garota. Então é um trabalho bem bacana, agora você trabalhar com pessoas com autismo, cada um tem o comportamento diferente ne? Então assim, você tem que ser muito dinâmico para você poder alcançar todos eles. Às vezes é complicado, mas assim eu adoro.


A maioria deles são indicados por psicólogos e estou sempre em contato com eles e a resposta que eu tenho e muito interessante.

 


6 – Sabemos que no início muitas vezes os responsáveis dos filhos com Espectro Autista chegam cansados porá não terem experiência em saber lidar com a situação e te procurar no Teatro. Conte esta experiência, por favor?

 

Muitas das vezes a gente usa também o teatro como um caminho até terapia porque muitos deles são resistentes e a vivência teatral tem um forte poder de ampliar sua visão sobra as coisas. Os meus alunos desenvolvem muito sua inteligência emocional e com isso ficam menos resistentes a aceitar ajuda.

 

7 - Que bacana! Porque você trabalha o emotivo dele... fez ele se conhecer de dentro para fora...?


Sim. Eu percebi várias evoluções no comportamento. Geralmente faço trabalho em grupo...pois eu acredito ne? Estímulo tempo inteiro e acabam falando entre si. Esta idade que você falou ai de 6 anos é uma idade que gosta muito...hoje em dia o meu maior grupo está dentro desta faixa de idade...eles concentram nestas atividades, mas tem que ser muito dinâmico e tem que sair por parte deles estas necessidades.

Eu acredito em um teatro que tem de interpretar o outro...você precisa interpretar suas emoções para que o outro viva um personagem me? Então como você vai interpretar suas emoções se você não as conhece. Então o primeiro passo antes de fazer o teatro e do autoconhecimento. A dinâmica, minhas brincadeiras, jogos são que buscam em volta disso...depois vou começar prestar atenção no movimento grupo. Em qual vou aplicar ali para desenvolver algo diferente através deles se conhecerem...aula por aula...através da necessidade.

 

8 -Muitas crianças devidas celular nesta geração, não conseguem trabalhar o lado emocional...qualquer situação que aflige, não estão preparados para o equilíbrio...e nisto ocasiona frustação em não saber lidar com o ambiente.

 

Olha eu acompanhei esta geração a bastante tempo e várias passaram por mim e a pior foi esta do celular. O celular mexeu com cabeça e emoções das pessoas, tirando atenção delas para coisas da vida...acho que é um inimigo do ser humano...eu vejo dessa maneira. Com toda atividade que a gente tem tira muita coisa. Lembro da minha infância nem todo mundo tinha telefone em casa, a gente brincava mais...mesmo que demorava a informação ela chegava e a gente tinha calma e hoje e tudo rápido as pessoas não se falam, não se veem, não se sentem, não se olham.


Agora assim a gente acabou tendo que tirar o celular da sala de aula...uma coisa importante porque realmente não e para ficar porque eles ficavam passando um por outro, mas está sendo um desafio para eles, mas estão conseguindo.


9 - Pura realidade...eu sou do ano de 1981...realmente passei por algumas gerações...da carta do correio, ficha telefone, cartão telefone, bip, telefone com fio e agora o Iphone...uma loucura de evolução.

 

Para eu fazer um conto hoje de fadas, vamos dizer assim. Está sendo muito distante. O Folclore, as brincadeiras folclóricas, cadê elas? Cadê o pique bandeirinha? Entendeu? A amarelinha? ... esta coisa agente não vê mais.... É tudo automático.


Tenho 45 anos em sala de aula...realmente as crianças estão muito diferentes. Se você não conseguir alcançar ali, não consegue fazer nada. Digo que é difícil trabalhar dentro da escola isso.

 

10 - Paulo, você atuou em alguma novela ou filme além do teatro?

 

Eu gravei um programa “Síndrome da vila da Agonia” foi episódio do Sitio do Pica-Pau amarelo...eu participei também de um seriado na Globo: O dia mais quente do ano, teve participação com Suzana Vieira...direção do Wolf Maya. Nunca gostei muito de atuar, gostava mais de dirigir e fazer algo por trás das histórias...mas fiz morte de vida Severina, fiz Severino e até fui premiado e ao mesmo tempo dirigi 60 adolescentes e eles eram loucos para fazer teatro e eu comecei assim dessa maneira para pegar um grupo ensaiando em musical e pronto...a vida inteira foi isso.

Produzi também um seriado para Renato Aragão, quando ele fez 26 anos de idade e assim ele comprou da tv , foi um trabalho bem bacana, que fiz pra ele, fiz o programa sem censura durante 5 anos como produtor do programa, fiz canal jazz, Brasília Sucursal, fiz muitos produções de filmes para assistir a noite...muita parte técnica da tv e não deu muito tempo para fazer ator...interpretei teatro Fernando pessoa e acabei estudando 3 anos, fazendo muitos cursos até formação , mas gosto mais em dirigir e produzir do que interpretar.


Na realidade como tudo começou, quando estava fazendo programa de radionovela nas comunidades no RJ, tinha vínculo com CBN e ainda tinha este projeto com radio teatro então trabalhei assim muito tempo e foi muito rico o trabalho. E sempre trago alguém que tenha habilidade e tentar desenvolver para colocar ela pra cima...e fazer ela correr atrás. Aqui tenho resultado e sou sozinho...administro sozinho e coloco eles para trabalhar. Ao mesmo tempo estão estudando e trabalham. Meu maior orgulho foi quando um aluno meu tinha sérias dificuldades para falar, de relacionar, todo tipo de dificuldade imaginar. Um dia nós fizemos enquete...uma morte aconteceu no hotel e a gente saiu da sala de aula e ele virou falando assim: e isso aí dava uma peça...daí o menino foi em casa e pegou papel e escreveu peça de teatro e demorou e veio a família e perguntando que estava me perturbando...falei que não...o trabalho que vem fazendo muito bacana e acabou envolvendo com história e acabou ganhado prêmio de melhor ator... Esse é um dos objetivos maiores do meu trabalho... que é o desenvolvimento dos meus trabalhos.



 

João Paulo Penido


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