Entrevista: Matheus Nunes
- Delcio Marinho

- 4 de out.
- 2 min de leitura
1. Minha experiência nas artes cênicas é a base de tudo. O teatro exige escuta ativa, empatia e a capacidade de ver o mundo sob múltiplas perspectivas, características essenciais para lidar com o público na gestão.

2. Quais os principais desafios em conciliar a carreira artística com as responsabilidades administrativas?
O maior desafio é, sem dúvida, o tempo e a necessidade de trocar o 'chapéu' rapidamente. Na arte, a prioridade é a criação, a emoção e o risco. Na gestão, é a burocracia, o rigor legal e a estabilidade. O segredo é ter uma gestão de tempo impecável e entender que ambos os papéis exigem a mesma dedicação e paixão. Uso a disciplina que adquiri no palco para organizar a rotina administrativa, garantindo que não falte energia para nenhuma das frentes.
3. Você acredita que o olhar artístico pode transformar políticas públicas, especialmente na cultura?
"Com certeza. O olhar artístico é um olhar de inovação e inclusão. O gestor comum foca no 'como fazer'; o gestor com olhar artístico questiona o 'porquê' e o 'para quem'. Na cultura, isso é vital. Permite-nos ir além de apenas distribuir verbas e nos concentrar em democratizar o acesso, apoiar a diversidade e usar a arte como uma ferramenta poderosa de desenvolvimento social e econômico. A arte não é um extra, é o motor de uma cidade."
4. Qual legado você gostaria de deixar tanto como artista quanto como gestor?
"Como artista, espero deixar um legado de obras que provocaram reflexão e emoção, que fizeram o público sentir algo verdadeiro. Como gestor, meu desejo é ser lembrado por ter criado estruturas sólidas e sustentáveis que beneficiaram a cultura e a sociedade a longo prazo. Quero deixar um legado onde a próxima geração de artistas e gestores encontre um caminho mais fácil, mais justo e com mais recursos para prosperar."
5. Que conselho daria para jovens artistas que também desejam atuar em espaços de decisão e política pública?
"O conselho é: não esperem ser convidados. Usem a coragem e a capacidade de improviso que vocês têm no palco e levem isso para o debate público. Aprendam sobre finanças, leis e burocracia, isso é a 'linguagem' do poder. Mantenham sua identidade artística viva, pois é ela que lhes dará a visão e a energia para lutar por um setor cultural mais valorizado. A mudança só acontece quando o artista decide assumir a caneta."
Delcio Marinho

Comentários