“A literatura é o lugar onde Portugal e Brasil se encontram como iguais”, sublinha José Manuel Diogo presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos
- Ígor Lopes
- 31 de mai.
- 4 min de leitura

Nos últimos anos, o nome de José Manuel Diogo tem-se afirmado como uma das vozes mais influentes na promoção da cultura lusófona, sobretudo no que toca à curadoria literária entre Brasil e Portugal. Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos e da Casa da Cidadania da Língua, ambas sediadas em Portugal com atuação internacional, este cidadão português, e do mundo, tem vindo a assumir um papel central na criação de pontes culturais através da literatura, projetando a língua portuguesa como um património comum e dinâmico.
Entre festivais de grande escala, como a Virada Cultural Literária – Virada Lusófona de São Paulo e o Fliparaíba, projetos editoriais como “200 anos, 200 livros” e debates que atravessam os oceanos e a história, além da presença na imprensa lusófona, José Manuel Diogo tem-se distinguido por uma visão que une tradição e inovação, passado e futuro. A sua trajetória é prova das oportunidades que a lusofonia promove como espaço comum de diálogo e cidadania.
Em entrevista à nossa reportagem, o curador português fala sobre os caminhos que o levaram à cena literária luso-brasileira, os projetos que tem desenvolvido em ambos os lados do Atlântico e os próximos passos de uma missão que é, ao mesmo tempo, cultural, política e profundamente humana.
Como nasceu a sua ligação à curadoria literária entre Portugal e Brasil?
A minha ligação à curadoria literária entre Portugal e Brasil nasceu da profunda admiração que tenho pela riqueza cultural e histórica que une os dois países. Ao longo dos anos, percebi a importância de criar espaços que valorizassem e promovessem a língua portuguesa como um elo comum. Foi assim que idealizei projetos como o "200 anos, 200 livros", que celebra o bicentenário da independência do Brasil através de uma seleção de obras fundamentais para compreender a formação cultural e política do país. Acredito que a literatura é uma ferramenta poderosa para estreitar laços e fomentar o diálogo entre as nações lusófonas.
O projeto “200 anos, 200 livros” foi um marco nas comemorações do bicentenário da independência do Brasil. Como foi concebido?
O projeto "200 anos, 200 livros" surgiu da necessidade de criar uma ponte literária entre Portugal e Brasil, celebrando os 200 anos de independência do Brasil. Reunimos uma curadoria de 200 obras que representam a diversidade e a riqueza da literatura brasileira, desde clássicos até autores contemporâneos. A seleção foi feita em parceria com diversas instituições internacionais, e o projeto ganhou destaque ao ser pautado no Senado Federal brasileiro. Foi uma iniciativa que não apenas celebrou a história, mas também promoveu o intercâmbio cultural entre os países lusófonos.
A Casa da Cidadania da Língua, em Coimbra, é uma das suas iniciativas mais recentes. Qual é o propósito deste espaço?
A Casa da Cidadania da Língua é um espaço dedicado à valorização e promoção da língua portuguesa. Inaugurada em maio de 2025, em Coimbra, a casa abriga exposições, debates e atividades culturais que celebram a diversidade da lusofonia. Recentemente, realizamos a exposição "Debaixo da Língua", da artista brasileira Natasha Barricelli, que propõe uma instalação imersiva onde literatura e artes visuais se entrelaçam. O objetivo é transformar a língua portuguesa em matéria viva, sensorial e poética, promovendo o diálogo entre as diferentes culturas que compartilham este idioma. Criamos também a Casa em Minas Gerais, numa ligação ainda maior entre portugueses e brasileiros.
É também curador de eventos literários no Brasil, como o Fliparaíba, na cidade de João Pessoa, e a Virada Cultural Literária – Virada Lusófona, em São Paulo. Como essas experiências contribuem para a promoção da literatura lusófona?
Participar como curador de eventos como o Fliparaíba e a Virada Literária de São Paulo tem sido uma experiência enriquecedora. Esses eventos proporcionam um espaço de encontro entre escritores, poetas, artistas e intelectuais de diferentes países lusófonos. No Fliparaíba, por exemplo, promovemos debates sobre identidade, sustentabilidade e descolonização, reunindo autores de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, entre outros. Já a Virada Literária de São Paulo é um marco cultural que celebra a literatura lusófona por 24 horas ininterruptas, promovendo um diálogo profundo entre os dois lados do Atlântico. Essas experiências reforçam a importância da literatura como um pilar de transformação e aproximação entre os povos.
Além da curadoria, atua como colunista e consultor internacional. Como essas atividades se complementam?
Como colunista da Folha de S. Paulo e da CNN Brasil, tenho a oportunidade de abordar temas da atualidade internacional, especialmente sobre a relação entre Portugal e o Brasil. Essa atividade complementa minha atuação como consultor internacional, onde presto assessoria a empresas e instituições na área de comunicação, cidadania e negócios internacionais. Ambas as funções me permitem promover a língua portuguesa e fortalecer os laços culturais e econômicos entre os países lusófonos.
Quais são os próximos projetos que está a desenvolver?
Atualmente, estou a preparar novas edições dos festivais literários e a expansão da Casa da Cidadania da Língua para outras cidades do Brasil. Além disso, estou a desenvolver o projeto "10 Ideias para um Futuro Descolonizado", que visa repensar o papel da língua portuguesa em um contexto global, promovendo conversas sobre identidade, sustentabilidade e descolonização. Acredito que esses projetos contribuirão para fortalecer ainda mais os laços culturais entre Portugal e o Brasil, promovendo a literatura como uma ferramenta de transformação social.
Para quem deseja acompanhar o seu trabalho, onde pode encontrar mais informações?
Os interessados podem acompanhar as atividades da Associação Portugal Brasil 200 anos através do site oficial: www.portugalbrasil200anos.org e nas redes sociais. Além disso, mantenho uma presença ativa nas minhas redes sociais, onde partilho atualizações sobre projetos, eventos e reflexões sobre a língua portuguesa e a cultura lusófona. Podem saber mais também através do meu site, em: www.josemanueldiogo.com.br ou no Facebook: @josemanuel.diogo ou, ainda, no Instagram: @josemanueldiogo.
Ígor Lopes

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