Entrevista: Jorge André (Músico Instrumentista, Estudante de Música e ex-Atleta de Vôlei)
- Adriano Gonçalves
- 25 de abr.
- 4 min de leitura

Nascido no Rio de Janeiro, atualmente reside em Boa Vista, Roraima. É músico instrumentista, estudante de Música e ex-atleta de vôlei. Seu projeto atual chama-se Roda de Samba do Jorge André, inspirado nas rodas de samba tradicionais do Rio de Janeiro, como as do Cacique de Ramos e da Tia Doca.
Cresceu assistindo a essas rodas e ouvindo os sambas característicos que ali eram tocados. Sempre teve o desejo de montar algo nesse estilo e, agora, realiza esse sonho em Roraima. Acredita no poder curativo da música e desenvolve suas atividades musicais com base em conceitos da musicoterapia, buscando transmitir alegria e esperança de dias melhores ao seu público, contribuindo para a mitigação dos riscos de desenvolvimento de doenças psicológicas tão comuns na atualidade, como a depressão.
1. Jorge, como foi sua trajetória da infância no Rio de Janeiro até a criação da “Roda de Samba do Jorge André” em Boa Vista?
Fui criado na zona oeste do RJ, bairro de Realengo. Meus pais gostavam de curtir bons sambas e desde bem pequeno eu me acostumei a ouvir Fundo de Quintal, Jorge Aragão, Almir Guineto.
2.O que as rodas de samba como as do Cacique de Ramos e Tia Doca representaram para sua formação musical e pessoal?
Esses movimentos serviram de inspiração. Tudo que eu vi nessas Rodas de Samba representam, para mim, a verdadeira essência do samba.
3.Você pode contar como surgiu a ideia de levar esse estilo tão carioca para o Norte do Brasil?
Me mudei para a cidade de Boa Vista/Roraima e percebi que aqui havia uma carência de movimentos desse naipe, coisa simples, instrumentos tradicionais (Tantan, Pandeiro, Cavaco, Banjo, Reco-Reco, Cuíca), pé no chão, intimista, com o público perto dos músicos, um clima acolhedor, então reuni uns amigos músicos e desde então estamos seguindo com o projeto da Roda de Samba do Jorge André.
4.Quais foram os principais desafios e surpresas ao implementar a roda de samba em um contexto cultural diferente do RJ?
A falta de investimentos para custear as despesas de equipamentos e músicos foi a principal dificuldade. Como surpresa acredito que a rápida aceitação do público realmente me impressionou, o espaço está ficando pequeno para tanta gente que está fidelizando conosco nas tardes de sábado.
5.Como ex-atleta de vôlei, de que forma o esporte influenciou sua disciplina e abordagem na música?
Acredito que o esporte e a música devem fazer parte da formação do cidadão. Ambos requerem disciplina e dedicação, e estes dois quesitos conduzem ao sucesso profissional e pessoal em qualquer área de atuação.

6.Você mencionou a musicoterapia como base do seu trabalho. Pode explicar como aplica esse conceito nas suas apresentações?
Em 2019, eu morava em Brasília e fazia terapia como tratamento de Depressão. A minha terapeuta indicou que eu voltasse a tocar, diariamente, e eu tinha a tarefa diária de gravar um vídeo matinal, com uma música e uma mensagem motivacional. Esse processo me fez muito bem e a terapeuta começou a utilizar minhas gravações como procedimento auxiliar no tratamento de outros pacientes.
Foi sucesso. Então eu creio que a música cura. Em minhas apresentações eu tenho a preocupação de fazer com que as pessoas esvaziem o estresse da vida, do trabalho, das despesas e saiam da minha presença, ao final da Roda de Samba, mais felizes, alegres e motivados.
7.Qual é o impacto que você percebe no público durante e após uma roda de samba sua? Já recebeu algum relato marcante?
O impacto é positivo, a alegria é contagiante, o objetivo que falei acima tem sido alcançado. Tive um relato de uma senhora que foi uma vez, por causa dos comentários das amigas. Ela não saía mais de casa em virtude de ter uma irmã em tratamento de uma doença séria, ou seja, nem ela nem a irmã saiam mais de casa. Porém ela foi, gostou tanto que na outra semana levou inclusive a irmã que está em tratamento. Esse relato foi emocionante me deu a certeza de que essa é a minha missão.
8.Como você escolhe o repertório para a roda de samba? Há espaço para composições autorais?
Sigo um repertório com uma gama enorme de artistas, Fundo de Quinta, Jorge Aragão, Almir Guineto, Reinaldo, Royce, Jovelina, Grupo Só Preto, Grupo Revelação, Gonzaguinha, Djavan, passando também por Exaltasamba, Ferrugem, Sorriso Maroto, etc… O intuito é fazer um samba raiz mas também agradar aos mais jovens. Há espaço também para composições autorais.
9.O que significa, para você, estar realizando esse sonho em Roraima? Como a comunidade local tem reagido ao projeto?
A realização do sonho é o objetivo de vida de qualquer pessoa, realizar o meu aqui em Roraima tem sido maravilhoso pois a população local me acolheu carinhosamente e fidelizou de verdade comigo, é uma troca muito bacana, eles me deixam felizes por virem ao evento e eu transmito alegria para que eles voltem pra casa num estado emocional melhor.
10.Quais são os próximos passos da Roda de Samba do Jorge André? Você tem planos de expandir ou gravar algo relacionado ao projeto?
Precisamos de apoio para organizar nossos eventos em um local mais amplo que comporte uma quantidade maior de pessoas de forma confortável. A intenção é expandir mais e poder alcançar cada vez mais pessoas que minha Musicoterapia possa ajudar.
Adriano Gonçalves

Super interessante, ontem eu estava comentando com um amigo que faz aulas de violão sobre a MÚSICOTERAPIA. De como é relaxante e te faz esquecer de tudo e focar no seu relaxamento mental. Importantíssimo para aliviar a carga pesada do dia. Utilizo e recomendo. Bora pra cimaaaaaa!!!!!!!..
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Samba raiz é sem frescura da maneira que deve ser. Contente por você meu mano e fica a dica pra revista. Tragam a galera pra tocar aqui em Portugal, vai ser estouro !!! Forte abraço meu mano.
Só sucesso👏🏻👏🏻👏🏻