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Revista do Villa

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Convidamos você a se juntar a nós nesta jornada, acompanhando as novidades e publicações

em forma de matérias, entrevistas e artigos realizados pela equipe de colunista.

Entrevista: DR. André Márcio Murad – Especialista em Oncologia e Oncogenética


A vida do Ser Humano é um paradigma para alguns estudiosos enquanto em vida... para alguns estamos vivendo aqui um período de tempo para marcar os ciclos da melhor forma existencial, fazendo da vida uma espécie de qualidade de vida individual ou em grupos, seja familiar, amigos ou indiferente. Podemos notar que na realidade o tempo vai passando e ficamos experientes para contar histórias boas e positivas para nossas gerações. Ainda que algum momento não deparamos no inesperado dia que, pessoas podem ser diagnosticada com uma doença terrivelmente e popularmente conhecida como o “Câncer”! Muito se atinge, mas não estamos preparados ainda para um assunto tão delicado e aqui estou com Dr. André Murad, médico especialista em Oncologia e Oncogenética para nos deixar mais esclarecidos com o tema e de certa forma aprender mais e poder aceitar de alguma forma, refletindo que nem tudo está perdido, porque além da Fé em Deus, nos deixou excelentes médicos para cuidar, tratar e ajudar na cura desta doença.


 

1-       Comente referente sua admiração pela medicina no segmento de Oncologia... e se já tinha esta vontade de ser médico desde a época do ensino fundamental?

 

Sempre almejei ser médico, desde criança. Acho que nasci com alma de médico. Certa feita escrevi: “amo sublimemente a Medicina e não saberia viver sem ela. Esta ciência está entranhada em meus poros, meus neurônios, meu coração. Nasceria médico até, se no mundo em que eu habitasse, não houvesse doenças. Seria assim um médico das almas dos imortais. Almas não tem doenças, mas podem sofrer carências”…

Meus pais me contavam que muito pequeno, quando perguntado certa vez por eles, o porquê desse desejo, respondi que gostaria de ser médico para “descobrir um remédio nunca os deixassem   morrer”. O interesse pela área de Oncologia surgiu já na minha Residência em Clínica Médica, no Hospital das Clínicas da UFMG, quando comecei efetivamente a interagir com o tratamento de pacientes com leucemia aguda, em meados da década de 1980. Me impressionei com a extraordinária mudança propiciada pelo tratamento quimioterápico de pacientes que se internavam muitas vezes sangrando e muito anêmicos, por vezes infectados, complicações estas provocados pela invasão da medula óssea pelas células leucêmicas, mas que se recuperavam espetacularmente após a quimioterapia, seguida por um período delicado de recuperação da produção das células normais do sangue. Aí entendi que o câncer era a única doença crônica com o potencial de total reversão e encarei isso como um desafio profissional, quando então me decidi por me especializar em Hematologia, e posteriormente em Oncologia, já nos Estados Unidos, onde fiz um “Fellowship” (especialização) em Oncologia e Hematologia no Fox Chase Câncer Center e no Temple University Hospital na Filadélfia, Pensilvânia. E o desafio nesses 38 anos de prática oncológica tem sido absolutamente fascinante, pois em todos esses anos que se seguiram, pude ser não só testemunha ocular, mas também agente ativo de toda essa revolução científica e dos extraordinários avanços que obtivemos na prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de uma forma geral, como oncologista e também como pesquisador.

Nos últimos 25 anos essa revolução se estendeu para a Genética de uma forma geral, mas principalmente no entendimento da Genômica do câncer e, como consequência, no desenvolvimento de poderosas ferramentas que propiciaram enormes avanços no diagnóstico molecular e no tratamento oncológico, o que me motivou a me subespecializar nessa área (Oncogenética, Oncogenômica e Oncologia de Precisão), através de meu Pós-Doutorado em Genética pela UFMG, com estágios no Instituto Zayed Al Nahyan de Oncologia Personalizada do MD Anderson Câncer Center dos EUA  e no Hospital Vall d'Hebron de Barcelona, Espanha.

 

 

2-       Tivemos alguma evolução, falando no tratamento do Câncer de 10 anos pra cá?


Extraordinária. Além dos exames diagnósticos que avançaram de forma impressionante, a caracterização genética e molecular dos tumores tem evoluído rapidamente, através de exames sofisticados, como o sequenciamento genético de próxima geração (NGS), que nos permitem avaliar a assinatura genética de milhares de genes do tumor, identificando sua caracterização genômica. Cada tumor tem uma identidade genética própria e isso tem implicações fundamentais no seu prognóstico e no seu tratamento, fazendo com que ele seja individualizado para cada paciente. Com o desenvolvimento das modernas drogas alvo-moleculares, torna-se fundamental importância a caracterização genético-molecular dos tumores para a correta escolha das medicações a serem empregadas no tratamento.  Hoje conseguimos identificar o perfil molecular, as mutações gênicas e a assinatura genética dos tumores, classificando-os em subtipos moleculares, e atribuindo a eles um correto índice prognóstico e as consequentemente as melhores opções terapêuticas, de forma individual. Chegamos então à fase da Oncologia Personalizada ou Customizada. As drogas cada vez mais são escolhidas baseando-se no perfil genético-molecular de cada tumor. 

Mais recentemente, inúmeros estudos demostraram que é podemos extrair DNA tumoral circulante do sangue periférico dos pacientes para se estudar molecularmente os tumores, o que permite o monitoramento do câncer por meio de exames de sangue e, talvez, num futuro, a detecção superprecoce de tumores pequenos demais para serem percebidos pelos métodos de diagnóstico convencionais. Apelidada de “biópsia líquida”, a estratégia é baseada na análise de pedaços de DNA que vazam dos tumores para a corrente sanguínea, chamados de DNA tumoral circulante (ou ctDNA, na sigla em inglês). Eles funcionam como impressões digitais da doença, que analisamos ” para que possamos extrair informações genéticas essenciais para a caracterização do tumor e a seleção do melhor curso de tratamento.


 Avanços no tratamento 

 

Os inúmeros avanços alcançaram todas as formas de tratamento. O cirúrgico, cada vez menos agressivo e mais seguro e preciso, resulta em uma maior preservação dos órgãos envolvidos, graças às cirurgias vídeo assistidas e robóticas.


A radioterapia igualmente tem se tornado cada vez mais precisa, eficiente e menos sujeita a riscos, como queimaduras a órgãos vizinhos à área tratada, graças às tecnologias de 3D, 4D (três dimensões ou quatro dimensões, IMRT e IGRT) e a radioterapia estereotáxica.


Já o tratamento sistêmico foi o que alcançou o maior volume de avanços.  Novos quimioterápicos têm sido desenvolvidos, o que proporciona tratamentos mais seguros, eficazes e menos tóxicos. Entretanto, a

 



Oncologia moderna experimentou uma real mudança de paradigma, com o desenvolvimento e aplicação das chamadas drogas "alvo-moleculares" ou "alvo-específicas".  O câncer ocorre quando a célula tumoral sofre mutação genética nos genes responsáveis pelo controle da multiplicação celular e há, então, a produção de proteínas que estimulam seu crescimento e sua multiplicação desordenada. Os medicamentos de tecnologia alvo-molecular têm atuação mais direcionada, atacando especificamente as células doentes. Eles identificam os genes doentes e suas proteínas e agem sobre eles. A quimioterapia convencional ataca células tumorais e as saudáveis também. As drogas alvo-moleculares são mais específicas no combate às células tumorais. Inúmeras drogas foram desenvolvidas com este perfil, e várias já estão disponíveis comercialmente, inclusive no Brasil e na rede pública.

Já a imunoterapia antitumoral, cada vez mais utilizada, é um tipo de tratamento para o câncer que promove a estimulação do sistema imunológico, por meio do uso de substâncias denominadas de modificadoras da resposta biológica. A finalidade do tratamento é aumentar a resposta do sistema imune às células agressoras, fazendo com que o próprio organismo combata a doença. Mais recentemente passamos a contar também com a terapia celular (como o tratamento com CAR-T) e a terapia genética e pela tecnologia do RNA mensageiro. Conseguimos agora modificar geneticamente as nossas células de defesa imunológica, treinando-as para atacar células tumorais específicas.


 

3-       Quais as dificuldades que a medicina encontra no tratamento e o que pode ser feito para qualificar o paciente?

 

Sem dúvida alguma, enfrentamos sérios problemas de financiamento da saúde. Os avanços em toda a medicina foram extraordinários, mas a um custo muito elevação. Até mesmo nos países de primeiro mundo, todos os avanços tecnológicos que vem sendo incorporados à prática médica estão muito inviabilizando o seu custeio, tanto privado quanto público. No Brasil, essas dificuldades ao ainda mais marcantes, até pela universalidade da cobertura médica, proporcionada pelo Sistema Único de Saúde. Nos próximos anos, teremos que discutir e encontrar novas formas de financiamento para que todos esses extraordinários avanços sejam democratizados e alcancem todo o conjunto da população.

 

 

4-       No Brasil existe algum medicamento que retarda o desenvolvimento de algum câncer inicial no paciente e qual percentual de cura?


Não há atualmente qualquer diferença nos tratamentos oncológicos realizados no Brasil ou em qualquer país mais avançado no mundo. Contamos exatamente com os mesmos recursos, o mesmo arsenal medicamentoso e as mesmas tecnologias propedêuticas, cirúrgicas ou radioterápicas. Mesmo as terapias mais recentes, como a terapia celular e o tratamento com CAR-T já estão disponíveis no país. Adicionalmente, vários centros de pesquisa clínica em várias instituições brasileiras estão associados e interligados aos melhores centros de pesquisa do mundo, realizando variados protocolos de experimentação de novos tratamentos.

Durante a minha carreira como pesquisador pude contribuir com a montagem de centros de pesquisa em hospitais públicos acadêmicos (como o Hospital das Clínicas da UFMG) e hospitais privados. Mas desde 2016 conduzo minhas pesquisas em clínica privada (Personal - Oncologia de Precisão de BH, MG). Atualmente temos 52 diferentes estudos clínicos sendo conduzidos e para variados tipos de cânceres. A boa notícia é que a grande maioria dos pacientes alocados nessas pesquisas são oriundos de serviços e hospitais públicos. A pesquisa clínica exerce um importante papel na democratização do atendimento médico, uma vez que oferece gratuitamente os melhores e mais inovadores tratamentos aos pacientes, além de exames e acompanhamento médico, desafogando e desonerando assim a demanda da rede pública e do SUS.

 


5-       A iniciação cientifica em todas as áreas é muito importante para chegar alguma tese de aproveitamento e descobertas... você já conseguiu ter este êxito em alguma pesquisa?


Sim. Nosso grupo já faz pesquisa clínica desde o final da década de 1980. Posso afirmar com muito orgulho que fomos pioneiros no Brasil na condução de estudos clínicos oncológicos.  Nosso Centro de Oncologia do Hospital das Clínicas da UFMG em 1993, pela primeira vez na literatura, demonstrou a superioridade de um regime quimioterápico em pacientes portadores de câncer gástrico avançado em comparação com melhor tratamento de suporte clínico.  Estes dados foram posteriormente reproduzidos por mais 2 outros estudos randomizados, estabelecendo-se assim de forma definitiva o benefício da poliquimioterapia no tratamento do câncer de estômago avançado. Por essa contribuição, considerada como um enorme avanço na época, fui agraciado com o título de um dos 2 mil cientistas que mais contribuíram para a Ciência do Século XX, pelo Centro de Biografia de Cambridge, Inglaterra.

 

 

6-       É admirável na minha opinião um ser humano estudar medicina e chegar no topo de conhecimento com base na sua experiência profissional... acreditar em cura! O que pensa referente a Espiritualidade dentro da medicina? Já teve algum milagre observado? Comente por favor.


Lidando e trabalhando por cerca de 38 anos com o diagnóstico e o tratamento do câncer em pacientes oncológicos, pude passar por duas fases distintas na minha prática profissional e na maneira de cuidar e interagir com meus pacientes portadores de câncer em fase avançada. Numa primeira fase, fui excessivamente tecnicista e científico, mas pouco humanista, talvez movido pela imaturidade, pelo ímpeto da presunção do saber e pela carência da presença de Deus e da concepção Cristã em minha vida. Já numa segunda fase, passei a interagir com meus pacientes fazendo-os entender que a Ciência nos faz crer que há chances matemáticas calculadas para cada paciente para prever se eles vão ser curados ou sucumbidos pela doença, mas que a fé efetivamente pode ser utilizada para romper a inércia fria dos números e a estática das probabilidades, devolvendo então aos que padecem a saúde e a vida. Tal postura me faz colocar a mim mesmo como um instrumento de Deus para que Ele possa agir mediante a fé daquele doente e também na maneira como interajo com aquele ser, o qual passo a ter como irmão, adotando assim uma relação movida pela compaixão e pelo amor Cristão, como tanto nos ensinou Jesus Cristo. Hoje, os benefícios da fé, das orações e da meditação na atenuação dos efeitos adversos do tratamento do câncer são muito bem estabelecidos pela ciência, além de contribuir para aceitação do diagnóstico pelos pacientes, fazendo com que sua jornada de tratamento seja mais leve e confortável.

Respondendo a outra parte da pergunta, sim! Durante esses longos anos de prática oncológica já presenciei vários casos de cura em situações críticas nas quais, pelo avanço da doença, não encontrei justificativa para desfecho favorável do caso apenas pelo tratamento instituído, atribuindo assim o sucesso obtido às orações e à fé, não só do paciente, mas também dos familiares e amigos. A fé é um poderoso instrumento de cura, conforto e encorajamento no enfrentamento da jornada oncológica e na obtenção da paz espiritual e do equilíbrio emocional.

 

  

7-       Nos tempos de folga o que costuma fazer na vida pessoal para distrair?


Me refúgio no interior, sul de Minas, onde tenho uma casa na beira de uma represa. O verde da natureza, o espelho d’água e o cheiro de mato aumentam ainda mais a minha disposição para a leitura, oração e meditação. Sou um leitor assíduo da literatura clássica: autores brasileiros (de Machado de Assis a Clarice Lispector, de Carlos Drummond a Guimarães Rosa, de Mário Quintana a Adélia Prado) e estrangeiros, como os russos Tólstoi, Dostoiévski e Púchkin, além de filosofia e mitologia grega e obviamente a Bíblia Sagrada. Também me interesso muito por música (clássica, rock, MPB e bossa nova), artes plásticas, dramaturgia   e cinema. Acho que esse interesse é atávico: sou filho de uma dedicada professora de piano. Também me exercito regularmente. Adoro nadar.



8-       Acredito que tenha ganho algum presente ou palavras de gratidão de pacientes... conte algum momento, por favor.


Foram inúmeras vezes, advindas de incontáveis pacientes e familiares e das mais variadas formas e atitudes que tanto me emocionaram e confortaram. Afinal, são quase 4 décadas de uma jornada diuturna e tão intensa, estressante e envolvente. Mas posso citar um exemplo que foi um dos mais marcantes para mim: um jovem que tratei no início do meu ciclo profissional. Ele desenvolveu uma forma avançada de linfoma (Linfoma de Hodgkin - câncer do sistema linfático). Foi tratado e curado da doença pelo uso da quimioterapia. Na época ele era noivo e suas óbvias e pertinentes preocupações eram se ele sobreviveria, se se casaria e se teria filhos, em função dos efeitos adversos dos quimioterápicos utilizados na fertilidade. Naquela época, final da década de 1980, as técnicas de criopreservação (congelamento) de sêmen ainda eram precárias e muito caras. Pois bem, qual não foi a minha satisfação e extrema emoção quando fui convidado, não só para padrinho de casamento, mas também para padrinho do seu primeiro filho, que nasceu 2 anos após o casamento, e para todos os aniversários do paciente, curadíssimo e esbanjando saúde até hoje, que se sucederam desde então! É um sentimento tão grandioso de gratidão, pertencimento e do dever cumprido, para um profissional que lida com doenças graves e mortes com tanta frequência como eu! Glória a Deus por isso!

 

 

9-       Qual mensagem de iniciativa motivacional poderia compartilhar para estudantes que estão começando medicina?


A mensagem de que vale a pena todo o esforço, estudos, dedicação e sacrifícios para se tornar um profissional maiúsculo, humano, competente, íntegro e comprometido com os princípios basilares do juramento hipocrático: “eu prometo solenemente consagrar minha vida ao serviço da humanidade”… A melhor relação médico-paciente se faz pela premissa da confiança. Como escreveu   Dostoievski: “um ato de confiança dá paz e serenidade”.

Outro conselho que sempre dou: apesar de todos os avanços tecnológicos, a principal ferramenta do médico é seu exame clínico (fui professor de Semiologia Médica por décadas na UFMG). A longa e completa entrevista (anamnese), o contato, o tato, o olho no olho, o escutar com paciência, o toque, o exame físico detalhado, o trato interpessoal, humanista e individual fazem toda a diferença no sucesso diagnóstico e na construção de uma relação médico-paciente sólida. Os exames laboratoriais e as imagens, tão tecnológicas, são complementares e nunca substituirão o exame clínico! Parafraseio o grande escritor e educador Rubem Alves: “todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil”.

 


10-    Com todo seu conhecimento como imagina a medicina no futuro próximo 10 anos aqui no Brasil?


Vivenciaremos nos próximos anos, uma verdadeira revolução tecnológica, graças aos extraordinários avanços na genômica, imunologia, engenharia e terapia genéticas, terapia celular, telemedicina, inteligência artificial, computacional e a robótica! Entraremos definitivamente na era dos medicamentos e vacinas desenvolvidos pelo RNA mensageiro, além da terapia genética e imunoterapia personalizada, baseadas na edição gênica. Células de defesa do nosso próprio organismo serão cada vez mais treinadas geneticamente para eliminar agressões, como tumores e agentes infecciosos, Todas as áreas da medicina serão enormemente beneficiadas, desde a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento de precisão e personalizado das doenças em geral, especialmente as degenerativas e hoje incuráveis. Curaremos mais e melhor! Vamos prevenir com enorme precisão e rastrear de forma muito mais acurada e inteligente. Só espero sinceramente que todos esses avanços democraticamente alcancem e beneficiem todo o conjunto da população e que sejam empregados conjuntamente com uma medicina mais humanizada e inclusiva.

Termino com uma máxima do fundador da Psicologia Analítica Carl Jung que tem sido meu mote profissional: "conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana."



 

João Paulo Penido


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