Entrevista com Thiago Mabel
- Delcio Marinho

- 18 de set.
- 3 min de leitura

Ator, diretor e produtor independente
1. Thiago, como foi o momento em que você decidiu que queria viver de arte?Na verdade, isso começou ainda na infância. Sempre gostei muito de filmes, séries e músicas. Mas a chave realmente virou quando fiz meu primeiro teste para um espetáculo de teatro — e passei. Quando pisei no palco pela primeira vez, tive a certeza de que era aquilo que eu queria para a minha vida. Já são mais de 19 anos dedicados ao teatro. Hoje tenho minha própria produtora audiovisual, que trabalha diretamente com cinema: séries, filmes, curtas e longas. Inclusive, no mês que vem começaremos a produção de uma novela chamada Beleza Rara!.
2. Você é natural de Itaguaí, uma cidade fora do eixo tradicional do audiovisual. Como isso influencia sua arte e seus projetos?Itaguaí sempre foi muito limitada em relação à arte. Fui responsável pela criação da primeira série de drama romântico lançada na cidade, chamada O Mesmo Céu. Nunca tivemos apoio local, fizemos tudo por conta própria, de forma totalmente independente. Quando comecei a escrever, muitas pessoas próximas disseram que não daria certo. Foi aí que decidi mostrar que era capaz — e lançamos uma temporada completa com 10 episódios. A série saiu do YouTube e foi direto para a Prime Video. Hoje somos reconhecidos não só na cidade, mas também fora dela.
3. A série "O Mesmo Céu" foi gravada com poucos recursos. O que mais te motivou a não desistir?A série foi gravada sem nenhum recurso. Não tínhamos equipamentos adequados, gravamos até o áudio com celular, já que não havia gravador disponível. O que me motivou foi a enorme vontade de fazer o trabalho acontecer. Contei com uma equipe incrível que abraçou o projeto e se comprometeu de verdade. Meu irmão, Dann Santtos, que é meu co-diretor, esteve comigo desde o início e continua até hoje, anos depois.
4. Você foi indicado ao Rio WebFest. O que essa indicação significou para você, pessoal e profissionalmente?Foi uma surpresa e, ao mesmo tempo, um presente. Quando recebi a notícia, fiquei sem reação. Só quando a ficha caiu percebi o quanto valeu a pena toda a dedicação. Mesmo sem recursos, sempre me entreguei ao máximo em tudo que fiz. A indicação ao Rio WebFest veio como uma prova desse esforço e dedicação.
5. Como você concilia a rotina de trabalho com a criação artística, especialmente sem patrocínio fixo?É uma rotina bem puxada. Costumamos gravar nos finais de semana, porque durante a semana muitos trabalham, estudam ou fazem faculdade, inclusive eu. Por isso, nossos sábados e domingos são inteiramente dedicados às filmagens.
6. No curta "A Última Chance", você trata de reconciliação. O que te inspira a contar esse tipo de história?O curta foi inspirado em fatos reais. Junto com meu co-diretor, quisemos trazer uma história forte, capaz de provocar reflexão. O filme teve uma repercussão muito positiva, emocionando muitas pessoas — inclusive minha mãe (risos). Para muitos, foi um divisor de águas, inclusive para nós que realizamos o projeto.
7. Como você enxerga o papel do artista independente no Brasil hoje?O artista independente no Brasil é totalmente desvalorizado, e nós somos a prova disso. Existe muita gente talentosa sem reconhecimento e sem oportunidades. Na minha produtora, procuro sempre abrir portas para quem sonha e busca o mesmo que eu busquei e ainda busco até hoje: o reconhecimento. O mais difícil é perceber que fazemos tanto pela nossa cidade, mas sem receber o mínimo de incentivo.

8. Quais são suas maiores dificuldades na produção de conteúdo e como você as contorna?A maior dificuldade é, sem dúvida, a falta de recursos. Tenho muitas produções escritas, mas não consigo colocá-las em prática por falta de equipamentos adequados. Sempre trabalhamos por conta própria, sem dinheiro, sem patrocínio, sem apoio. O que nos sustenta é a paixão por fazer.
9. Já pensou em desistir? E o que te fez continuar?Nunca pensei em desistir. Claro que, às vezes, me sinto sobrecarregado — afinal, é muita coisa para fazer com poucos recursos e uma equipe pequena. Mas eu amo tudo isso. No fim, sempre dá certo.
10. O que você diria a jovens que sonham em atuar, dirigir ou escrever, mas não têm acesso a recursos?Diria, principalmente, para não desistirem. É preciso ter foco e objetivos bem definidos. Sempre existirão pessoas tentando te fazer desistir, mas é fundamental seguir em frente até alcançar seu propósito. O padrão todo mundo tem, mas o diferencial está em buscar sempre ser diferente.
Entrevista realizada por Delcio Marinho em parceria com ChatGPT. by Delcio Marinho & ChatGPT
Delcio Marinho

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