(Fotos - Arquivo Pessoal)
António Miguel Rosa Alves, Escritor e Poeta autodidata, é natural de Lisboa, Portugal. É na poesia que António mostra sua visão do mundo, exaltando o amor e a humanidade em sua essência mais íntima. Já possui quatro livros publicados e contribuiu para diversas antologias poéticas. Confira a entrevista concedida por esse poeta das terras portuguesas e conheça um pouco da sua belíssima trajetória literária!
1 - Como despertou a sua paixão pela poesia?
Não lhe chamaria paixão, amor sim e esse nasceu por dom à nascença. Naturalmente foi-se desenvolvendo ao longo da vida, mas esteve lá sempre, na alma como uma voz que que necessita de se exprimir e partilhar com o mundo o que sente. No meu caso, em forma de poesia, arte metafórica de uma forma que possa ser assimilada por qualquer pessoa dentro da sua vivência. Costumo afirmar que a arte, qualquer delas, é a maior forma de expressão, pois parte de um mundo dentro das suas vivências e é assimilada por outros mundos, moldando-se a esses também, de acordo com as suas vivências.
2 - Cada poeta tem seu modo de sentir o mundo, expressando através da escrita as sensações que dominam seu coração. E de onde você busca inspiração para criar seus versos?
Precisamente aos sentimentos. E esses são formados na base da minha essência, da forma como sinto e interpreto tudo e todos, numa constante inquietação da alma que sente de forma mais intensa e sensível cada pormenor da vida e tudo o que a rodeia, sendo algo natural e necessário ao meu equilíbrio emocional.
SINTRA, MINHA CIDADE
Na tua costa acolhes o oceano é teu o vento norte,
saciando em gotas de orvalho, luxuriante fauna,
adornando palácios e castelo, que a bruma tenta
guardar para si, memórias de tesouros encantados
Do teu ar respiraram os maiores poetas, escritores,
és terra de amores, assolapadas paixões és Sintra,
por ti, foi trocado o trono, pelos braços de uma amante,
vivendo amor real em ninho de sonhos.
Por riachos e cascatas descem águas de paixão,
contornando as mais belas obras da criação humana,
saciando desafortunados do amor,
dando estas águas vida a eternos amores.
Em ti eu nasci, encarnei alma de poetas, bebi
das tuas águas, tornei-me um eterno amante
das coisas belas, romântico como tu ó Sintra, bela,
das mais belas maravilhas, fruto da humanidade.
3 - Dizem que a escrita é uma necessidade do poeta, para dar voz aos sentimentos humanos. E para você, qual é a importância da poesia?
Efectivamente o que acabei de escrever anteriormente, é uma necessidade de alimentar a alma como o pão alimenta o corpo. A poesia e toda a arte no geral quando é utilizada somente no seu propósito de expressão de sentimentos, abre portas fechadas no subconsciente de outras pessoas, emoções que sentem, mas não tem forma de as exprimir e como sementes abrindo linhas de pensamento para que cada pessoa possa refletir e descobrir o seu dom de vida porque entendo que todas as pessoas são estrelas de ímpar brilho, não existindo duas iguais. E todas para se realizarem deverão ser criadoras de si, ser-se o que se é, por natureza.
4 - Você já lançou 4 livros de poesia intitulados Sublime Amor em Poesia, Alma de Poeta, Poeta Vadio e Inquietações. Como foi escrever cada um deles? E onde podemos adquiri-los?
Curioso, e para colocar no contexto fui convidado para fazer parte de um grupo de poesia aqui em Portugal (Sorrisos Nossos) e comecei a postar poemas baseados em imagens que eram colocadas para serem poetizadas e assim fui fazendo. Entretanto, uma editora portuguesa, Poesia Fã Clube lançou um desafio para descoberta de novos autores e para tal era necessário enviar 50 poemas. Contei os meus poemas criados até ao momento e eram precisamente 50, enviei-os para a mesma e foram aceites e na íntegra editados, portanto, o meu primeiro livro reflete exactamente os meus 50 primeiros poemas criados.
Os seguintes vêm de uma permanente escrita, mantendo a minha génese, mas refinando naturalmente a forma de expressão, como tudo se vai aprimorando com a prática. Somente o último, Sublime Amor em Poesia, decidi realizar uma apresentação numa forma de interação cultural onde como capa e contra capa do livro foram realizadas com fotos de quadros de gente amiga e grandes pintores Portugueses como Paulo Tanoeiro, António Macedo e António Dias, prefaciado por várias figuras nacionais e internacionais como a poetisa e multifacetada artista brasileira Silvia Maria Rocha, músicos muitos talentosos em início de carreira e com o submundo da poesia contemporânea portuguesa presente, declamando, num sítio para mim especial como Sintrense, na Biblioteca Municipal de Sintra.
Podem ser adquiridos através da editora Poesia Fã Clube online ou enviar pedidos para o e-mail: geral@antonioalves.pt.
MATEM O POETA
Matem o poeta, com ele a poesia por ver a lucidez
do mundo, criando utopias, vivendo a mesma
realidade, uma dimensão tão diferente, é gente que
sente além no presente, outra forma de vida.
Clarividente, levando uma vida marginal, pensando
diferente o que parece igual aos olhos das gentes,
nessa forma de sentir, desnuda a farsa escondida,
da sociedade indecente na forma de partilha.
Matem o poeta, alma solta voando livremente por
novos céus, deixando tópicos de novos mundos
ameaçando o pré-estabelecido, introduzindo na
mente das gentes as sementes do pensamento.
Levando a cultura ao colo essa indigente, como
corpo de uma criança, emanando luz levando ao
coração na escuridão do povo, abrindo novos
horizontes, criando pontes, jamais realizadas.
5 - Para se escrever bem, é necessário ler bem também. Partindo disso, quais autores portugueses você mais gosta de ler? Algum deles influenciou na sua escrita?
Sim, é necessário ler e absorver tudo o que a vida nos dá como um simples brotar de uma flor e por adiante. Em termos de leitura o que me dá mais prazer de ler são livros de história e filosofia, a poesia leio pouco por não querer influenciar a minha forma de escrever. O que escrevo é puro das minhas emoções aliadas a tudo o que me rodeia. Escrevo a partir do que sou, mas não o escrevo para mim, e sim para o mundo, o universo de outras pessoas sempre na autenticidade do momento e no prazer que daí retiro e escrevendo de uma forma que entendo que todos possam aceder com facilidade à mensagem intrínseca e à beleza das palavras por assim entender a arte.
Todos os meus poemas, mesmos os editados primeiramente, são partilhados no Facebook na minha página pessoal e de autor Antonioalvespoesia, por entender que arte deveria ser consumida por toda gente de uma forma gratuita, a fim de cada pessoa poder aprofundar o conhecimento do seu eu interior, através da vivência e forma que outros interpretam a vida, neste caso a poesia.
Compreendo que os autores têm de viver e necessitam de rendimentos. Eu, ultrapassada a barreira da sobrevivência, sou feliz sendo quem sou, criador de mim, fiel aos meus princípios todos baseados nas raízes do amor, descobrindo novas verdades sempre que surjam novos factos que após os processar, os aceite como meus e constitua nova verdade.
6 – Você vive em Sintra, uma cidade riquíssima em cultura, história, belezas naturais e costumes populares. A cultura de Portugal te inspira de alguma forma? Como?
Sim, grande parte, bebi sempre da cultura deste povo, dos seus costumes e os entendo perfeitamente como seres humanos que são, dos sítios por onde passei, os amores que tive, os momentos onde exaltei a felicidade, a parte moral foi assimilada, essa que vem dos hábitos e costumes de um povo, da sua identidade. Outra parte é a ética, essa é universal, não tem fronteiras e barreiras de qualquer espécie, é somente a diferença entre o bem e o mal e tenho encontrado por esses países fora a mesma ética, a humanidade intrínseca em cada ser. Somos todos diferentemente iguais, diferentes na sua individualidade, mas iguais na essência humana.
No meu entender deve-se respeitar a identidade de cada povo e não existir barreiras e fronteiras. Na sociedade estabelecida, divide-se para reinar não para o bem comum de todos.
7 - Além da poesia, quais são suas outras paixões?
A pintura, música, teatro, cinema, desporto, eventos culturais participativos, sol praia, campo, a vida no seu geral, no que tem de belo.
8 - Infelizmente, a leitura de poesia não faz parte do cotidiano de muitas pessoas. Na sua opinião, como poderíamos incentivar o gosto pela leitura de poemas e outros gêneros literários?
Que a escrita não fosse um ato de egoísmo próprio, no sentido de se escrever para si, mas como dádiva para o mundo. Que não se queira tomar posse de nada e tudo o que se faça, parta de si. Se entregue aos outros num puro ato de dádiva, numa linguagem o mais entendida possível e nas entrelinhas, colocar lá toda a mensagem que se queira ser lida, como quem mostra o que sente ou o que os outros possam sentir, para que a leitura para além de prazerosa de se ler seja levada ao comum dos cidadãos e assim cultivando mentes e aprimorando a humanidade.
Não me revejo na poesia extremamente elaborada e complexa de interpretação geral. A arte como disse, é para ser lançada ao mundo e ser assimilada por outros mundos dentro da sua vivência, uma bela forma de exprimir emoções, sentimentos, pensamentos. Por conteúdo e beleza no que escreve.
(Capa dos livros Sublime Amor em Poesia, Poeta Vadio e Alma de Poeta - Arquivo Pessoal)
Douglas Delmar
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