Entrevista: Adele Fátima
- Chico Vartulli
- 2 de mar.
- 3 min de leitura
Adele Fátima, bailarina, modelo, atriz, cantora e ambientalista.

1- Olá Adele! O carnaval está chegando! E é sempre bom relembrar! Quais são as boas lembranças que o carnaval lhe traz?
Diversão, espontaneidade, alegria. Era tudo sem compromisso, havia liberdade. Essa conexão com o mundo me era muito gratificante. No Japão, com meu rosto, fui aguardente e a primeira lata de café com leite gelado. Na Itália um bronzeador. Fiz cinco capas de revistas nos países nórdicos. Entre outras coisas que envolvia o carnal.
2- Você foi uma das primeiras modelos a ser coroada rainha de bateria. Como se deu esse fato?
Não existia essa posição, foi o destino, foi Deus. Pedi ao Castor de Andrade, patrono do GRES Mocidade Independente de Padre Miguel, como presente de aniversário, que deixasse vir a frente da bateria, porque eu tinha experiência e não atrapalharia. Falei com Mestre André e ficou tudo certo. Durante o desfile, com o sol muito forte, quase meio-dia, sentia muita sede. Castor me oferecia champanhe e veio ao meu lado durante todo o desfile. Os músicos que deixavam sangue nos instrumentos começaram a falar: " aí madrinha também estamos com sede."
Daí vem o título de Madrinha. Esse posto agora tem no mundo todo. Além disso, no momento eu era capa de disco e revistas, fazia TV, teatro e cinema nacional e internacional. Protagonizei Histórias Que Nossas Babás Não Contavam. No 007 representei a beleza da mulher brasileira sendo uma bondgirl. O comercial da Sardinhas 88, no contexto da Copa de 1978, me popularizou nacionalmente.
3- Qual foi a importância de Osvaldo Sargentelli para a sua trajetória?
Foi fundamental. Com ele aprendi os primeiros passos da profissão. Fiz ballet clássico, jazz moderno, afro e expressão corporal. Aprendi a ter limites, sabia que era uma vitrine e as portas estariam abertas para mim. Sou grata pelos desafios e ensinamentos. Com respeito, garra, determinação e amor, seria mais fácil vencer barreiras e fronteiras. Foi um grande aprendizado.
4- Qual foi a importância da TV Globo para a sua carreira como artista?
Era uma época de glamour, pós ditadura e com muito racismo, posso dizer que era uma pessoa de sorte... Fiz toda linha de shows, duas novelas, duas minisséries, e um episódio do Sítio do Pica Pau Amarelo. Com isso fui impulsionada as outras TVs, ao cinema, teatro, etc.
5- Como você analisa a questão do etarismo na televisão brasileira?
Acho uma injustiça com grandes talentos. Mas o jovem é sempre bem-vindo. O mundo está em evolução. Devemos aceitar e agradecer.
6- Você gosta de viajar! Quais os lugares do mundo que você visitou que mais lhe encantou?
Viajar faz parte da minha vida. Meu pai industrial alemão se apaixonou pela minha mãe brasileira. Já nasci com viagem no DNA. Conheço muitos países. Os que mais me encantaram foram: Alemanha, Itália, França, Suíça, e Estados Unidos. Pela beleza natural, gastronomia e folclore. Respeito e pontualidade e neve sempre me fascinaram.
7- Lhe entrevistar e não comentar sobre a Sardinha 88 é não falar de Adele Fátima. Você poderia comentar como surgiu a proposta de realização daquele comercial e qual a importância do mesmo para a sua trajetória.
Já tinha feito outros, e aceitei sem grandes pretensões. Foi na época da Copa do Mundo de 1978. Estava fora do país quando o comercial foi ao ar. Quando retornei não podia andar pela rua, face ao sucesso alcançado. Perdi minha liberdade. Foi bom porque me popularizou, como tudo na vida tem dois lados, fui impedida de fazer TV e outros comerciais, fiquei rotulada como símbolo sexual até hoje.
8- Quais são os seus planos futuros?
Busco a realização do meu livro e do meu documentário. Me divido entre Brasil e Portugal. Estou vivendo a terceira fase da minha vida onde dedico mais a minha família. Estou aberta a bons contratos. Estou aguardando o reconhecimento por ter sido a musa inspiradora de Oscar Niemeyer pela Apoteose. Gratidão por eu poder mostrar um pouco da minha história.
Adele Fátima em três momentos: em Ensaio fotográfico para uma revista americana, na passarela do samba a primeira rainha de bateria da avenida e com seu marido Marcelo Brandão Carneiro, casados há 46 anos.
Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação
Chico Vartulli

Essa reportagem valeu,
Mostra a vida iluminada dessa Diva do Carnaval.
Niloninjativista.blospt.com
Muito legal a trajetória de vida dela!👏👏