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Revista do Villa

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Dion: Arte, coragem e transformação

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1. Como começou sua trajetória como artista transformista e o que te inspirou a seguir esse caminho?


Minha trajetória começou como tantas outras: na curiosidade, no improviso e, principalmente, na vontade de me expressar além dos limites que a sociedade impõe. Desde muito jovem, eu já era apaixonado por arte, por figurino, por palco.


O transformismo surgiu pra mim como uma linguagem poderosa onde posso ser quem eu quiser, contar histórias, provocar reflexões e, claro, arrancar sorrisos. O que me inspirou foi ver outras artistas transformistas ocupando espaços com coragem e beleza. Foi ver que existia ali uma forma de resistência, mas também de alegria. E eu quis ser parte disso.


2. De que forma a cultura baiana influencia suas performances e personagens no palco?


A cultura baiana está presente em tudo o que faço — na ousadia, na força, na alegria e na resistência que carrego desde minha infância em Ituberá, interior da Bahia. Desde cedo, eu já brincava com lençóis, dublava Tina Charles e outras divas, sem saber que ensaiava o que viria a ser minha arte no futuro: o transformismo.


Em 1978, ao conhecer a boate Holmes 24th em Salvador, me encantei com o show e decidi que também subiria naquele palco. Como os elencos eram fechados, aluguei a boate por uma noite, criei figurinos futuristas e um repertório com grandes divas como Barbra Streisand e Liza Minnelli — e, para minha surpresa, o sucesso foi imediato.

Enfrentei rivalidades, brigas nos bastidores e resisti a tudo com coragem, inteligência e a sabedoria aprendida nas ruas e camarins da época. Quebrei barreiras, abri portas para novas artistas e apadrinhei mais de 150 nomes, como Marina Garllen e Bagageryer. Muitas estão na Europa, outras ainda brilham em Salvador. Hoje, olho para trás com orgulho e gratidão a Deus e aos Encantados, por ter vivido e construído uma história marcada pela arte, resistência e transformação.


3. Quais os maiores desafios e conquistas que você já viveu sendo um artista transformista no Brasil?


O maior desafio ainda é o preconceito. A falta de oportunidades reais, o olhar atravessado, a violência simbólica e física. Já vivi situações dolorosas apenas por estar montada na rua.


Mas, ao mesmo tempo, já vivi momentos incríveis, como ver uma plateia inteira se emocionar com uma performance minha, ou receber mensagens de pessoas dizendo que me ver no palco deu coragem pra elas se aceitarem. Cada conquista, por menor que pareça, é enorme. Estar viva, visível e atuante nesse país, já é uma vitória diária.


4. Como você vê o papel do transformismo na luta por respeito, visibilidade e inclusão da comunidade LGBTQIAPN+?


O transformismo sempre foi uma forma de resistência. A gente usa o corpo, a voz e o brilho como arma política. Quando uma transformista sobe num palco, ela está dizendo: “eu existo, eu tenho história, e você vai me ouvir.” Nós abrimos portas pra diálogos importantes, quebramos estigmas e mostramos que a diversidade é potência. Nosso trabalho não é só entretenimento — é afirmação de identidade. É educação afetiva. É um grito por dignidade.


E, muitas vezes, somos nós as primeiras referências positivas que uma pessoa LGBTQIAPN+ tem na vida.


5. Que conselho você daria para jovens artistas que sonham em entrar nesse universo, mas ainda enfrentam medo ou preconceito?


Meu amor, vá com medo mesmo. Porque o medo só diminui quando a gente dá o primeiro passo. Procure apoio, cerque-se de pessoas que te fortaleçam. Estude, pesquise, veja quem veio antes de você. O transformismo é arte, é técnica, é entrega. Mas, acima de tudo, é verdade. Seja verdadeiro com sua história, com o que você quer dizer ao mundo. E nunca, nunca se esqueça: você não está só. A gente tá aqui — resistindo, brilhando, abrindo caminho pra você chegar com ainda mais força. Seja quem você quiser ser, e faça isso com orgulho.

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Publicação oficial — Revista do Villa

Por Delcio Marinho & ChatGPT


 Delcio Marinho

 
 
 

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