“Eu Quero é Fazer Teatro”
- Alex Gonçalves Varela
- 11 de jun.
- 3 min de leitura
Estreou Desassossego no âmbito da ocupação da Pequena Companhia de Teatro no teatro 3 do CCBB-RIO.

A peça teatral é uma realização da Companhia A Máscara de Teatro em parceria com A Pequena Companhia de Teatro. O espetáculo é livremente inspirado no Livro Desassossego, de Fernando Pessoa.
O texto de autoria de Marcelo Flecha e da Companhia A Máscara de Teatro é divertido, descontraído, poético, bem-humorado e animado. Apresenta ao público o processo de construção de uma peça teatral, deixando transparecer as angústias, aflições, tensões e ansiedades dos atores para selecionar a cena correta que dará início ao novo projeto teatral. O espectador é apresentado a um processo de montagem de uma peça.
Os dois atores, Luciana Duarte, e Jeyzon Leonardo, têm uma atuação correta, adequada, contagiante e vibrante. Eles iniciam e terminam no mesmo lugar: uma caixa. Ali dentro estão exprimidos e imprensados, e começam a refletir sobre a vida e a morte. Ao sair daquele espaço apertado, eles aterrissam sob o palco propriamente dito e iniciam um conjunto de cenas, divertidas e jocosas, que estao unidas à tentativa dos dois atores de chegarem ao consenso de qual delas é a mais perfeita para assim dar início à construção do novo espetáculo. Eles interpretam diversos personagens, cada um com um nome adequado à cena na qual estão atuando, e informam que os nomes são adjetivos deles mesmos. Na última cena se apresentam com os próprios nomes deles, personagens de si mesmos. E, finalizam, retornando ao ponto inicial, a caixa, a seguir ao cumprimento da trajetória.
O texto passa a ideia de caos, desordem. O processo de montagem de uma peça teatral é repleto de desassossegos, inquietações, dúvidas e incertezas, e nesse emaranhado de situações há que se chegar ao ponto ideal. Como a vida humana nasceu do caos, da imensa massa de poeira, um espetáculo de teatro também nasce de um turbilhão de cenas e ideias. Os atores irão selecionar naquele conjunto caótico aquela que for ideal.
No nosso ponto de vista, a cena ideal é a dos palhaços, quando os dois atores juntos dentro de uma mesma roupa repleta de babados e com bolas vermelhas nos narizes, nos apresentam uma interpretação notável e contagiante.
A encenação é de Marcelo Flecha que realizou as marcações certeiras e precisas, dando um dinamismo e uma vibraçao ao espetáculo, e direcionando a atuação dos atores, que estão a vontade naquela ribalta.
Os figurinos criados por Marcelo Flecha e Companhia A Máscara de Teatro são criativos, de bom gosto, e adequados às cenas. Não um único figurino. Para cada cena os atores vestem um figurino.
A cenografia criada por Marcelo Flecha e Companhia A Máscara de Teatro é original, criativa, e adequada. No centro do espetáculo temos uma caixa de rodinha internamente decorada de onde parte o espetáculo. Ao longo deste, a caixa passa por ressignificações.
A iluminação criada por Marcelo Flecha e Companhia A Máscara de Teatro apresenta um bonito desenho de luzes, e contribui para realçar a interpretação dos atores de seus personagens.
A trilha sonora criada por Marcelo Flecha e Companhia A Máscara de Teatro é animada e vibrante, ganhando destaque a canção Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua, que os dois atores cantam com energia e veemência. Após tanto desassossego para conseguir escolher a cena ideal para iniciar o novo espetáculo, chegou a hora de colocar o bloco na rua.
Desassossegos é um espetáculo que narra um processo de montagem teatral de forma animada, descontraída e emocionada; dois atores que se apresentam de forma qualitativa e vibrante; e, figurinos, cenografia e iluminação corretos, criativos e adequados ao espetáculo.

Excelente produção cênica!
Alex Varela

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