A década de 50 marcaria Copacabana com três acontecimentos importantes: o atentado a Carlos Lacerda, em 5 de julho de 1954; a morte de Aída Cury, em 14 de julho de 1958; o nascimento da Bossa Nova, em 1958 com a gravação do disco Canção do amor demais por Elizete Cardoso, cujo acompanhamento era feito pelo violonista João Gilberto, com uma nova forma rítmica, uma batida diferente, logo batizada de Bossa Nova. João Gilberto tornou-se depois cantor e o papa da Bossa Nova, reconhecido no mundo inteiro.
A Bossa Nova nasceu na Avenida Atlântica, na casa de Nara Leão, onde a partir de 1956, jovens da classe média, como: Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Carlinhos Lyra e outros, em torno de cervejas e sanduíches se reuniam para cantar.
Nesse mesmo ano, um incêndio determinava o fechamento de um dos mais famosos edifícios de Copacabana, o Vogue, na Avenida Princesa Isabel, cuja boate Vogue era frequentada pela alta sociedade carioca. O edifício Vogue pertencia ao industrial Francisco Atalaia e a boate ao Barão Von Stuckart que na tragédia estava em Buenos Aires...
Dois anos depois o Rock and Roll é lançado no Brasil, justamente em Copacabana, no Copa Golf onde hoje é o Shopping Cassino Atlântico. Do Leme ao Posto Seis, Copacabana torna-se definitivamente centro de lazer da cidade.
Haviam 06 cinemas, o Bob’s, a varanda do Hotel Miramar, a Colombo, a piscina do Copacabana Palace, as missas do Padre Barbosa, a Americana, o Bar do Frederico (no andar térreo da boate Fred’s) e o Scaramouche (em frente ao Bob’s). O roteiro da noite incluía 36 restaurantes, 4 teatros, 3 lanchonetes (snack bars), 2 clubes e 20 boates (night clubs).
A partir dos anos 50 também houve um grande “boom” hoteleiro do bairro, impulsionado grande parte pela Rede Othon de Hotéis.
Os Hotéis Othon (fundado em 1943 por Othon Lynch Bezerra de Mello), construíram diversos hotéis no bairro, como o Hotel Olinda, Hotel Califórnia e Hotel Lancaster na Avenida Atlântica, além do Hotel Castro Alves na Praça Serzedelo Correia, respectivamente nas décadas de 50 e 60); fazendo com que a hospitalidade brasileira ficasse ainda mais renomada. A expansão seguiu pelos anos 70 e 80, sendo a única rede de hotéis possuir 6 hotéis próprios na Avenida Atlântica, totalizando 8, somente no bairro.
Com o alto padrão econômico da população de Copacabana expandiu-se o transporte individual que dividia, com dificuldade, o espaço de acesso ao bairro, com ônibus e bondes. O desenvolvimento da indústria automobilística, recém-criada no Brasil, fez com que a construção de prédios com garagens e estacionamento. As famílias de classe média cuja aspiração era atingir um status convencionado pela sociedade de então, procurava morar em Copacabana, mesmo que fosse em pequenos apartamentos.
Em menos de duas décadas verificou-se a necessidade de abrir novos túneis, dentro do bairro. O primeiro ligava, em 1960, a Rua Barata Ribeiro à Rua Raul Pompéia, hoje denominado Túnel Sá Freire Alvim. Esse foi um ano de grandes modificações, que visavam a melhoria do trânsito de veículos em Copacabana.
O presidente da República, Juscelino Kubitschek, comemorava o quarto aniversário de seu governo e o Rio de Janeiro deixaria, dali a alguns meses, de ser a capital do país, uma vez que a inauguração de Brasília já estava marcada para 21 de abril.
No dia 30 de janeiro, após a inauguração da pista de alta velocidade do Aterro do Flamengo, o presidente Kubitschek, juntamente com o prefeito do Distrito Federal, Sá Freire Alvim, inauguravam a duplicação da Avenida Princesa Isabel, possibilitando a ligação do túnel Marques Porto, ou Túnel Novo, com a Avenida Atlântica por mais de uma pista. Para essa duplicação da pista, foi necessária a implosão de um prédio, a primeira da cidade.
Com a transferência do Distrito Federal e sua capital para Brasília, o Rio de Janeiro ressentiu-se muito, pois todos os órgãos oficiais, ministérios, Câmara e Senado se transferiram para lá e, por extensão, Copacabana também sentiu os efeitos do impacto sofrido na cidade. “Quero ser pobre sem deixar Copacabana”, a frase define a paixão pelo bairro, mas Brasília, a nova capital federal, acenava para todos que quisessem crescer com ela. Billy Blanco, compositor de música popular brasileira – por diversas vezes cronista do Rio de Janeiro, nas suas obras musicais -, contrário a esse êxodo, compôs “Não vou pra Brasília”, samba lançado em 1957.
Em 1963, outro túnel era entregue ao trânsito, cada vez mais pesado, de Copacabana, ligava as ruas Tonelero e Pompeu Loureiro, e recebeu o nome de Túnel Major Rubem Vaz.
A aspiração de viver em Copacabana, inclusive para as classes sociais menos favorecidas, fez surgir os edifícios com os apartamentos conjugados, de dimensões mínimas, tipo JK, numa alusão às iniciais do presidente Juscelino Kubitschek, mas, na realidade, queria dizer “janela e kitnete”.
O mais importante bairro da cidade transformara-se numa verdadeira selva de prédios, que se reproduzia de maneira vertiginosa e muitas vezes desordenada...
Na próxima matéria chegaremos aos agitados anos 70 e 80! Não percam!
Fontes:
@aclubtour
Arquivo Geral
Biblioteca Nacional
Brasiliana fotográfica
André Conrado
AMO a coluna do Dedé! Cabe!
Que riqueza de texto! Essa coluna nostálgica é cheia de cultura. Parabéns!
Época maravilhosa! Parabéns pelo o artigo
PARABENS maravilhosa pesquisa!!!