Após a inauguração do Copacabana Palace Hotel, Copacabana passava ser conhecida mundialmente.
O desenvolvimento chegava ao bairro, e nos anos seguintes Copacabana seguiu criando moda, revolucionando os costumes e se consolidando como atração principal na cidade maravilhosa.
Muito mais que um bairro, Copacabana representava o glamour, beleza e um estilo de vida.
Em 1930, o Mère Louise ou Restaurante Igrejinha estava decadente, em seu lugar, foi inaugurado, em 20 de março de 1935, o Casino Balneário Atlântico, belo prédio em estilo art decó. Anunciado como o Palácio encantado do Posto VI. Sonho maravilhoso dos contos de Sherehazade, viria a preencher uma lacuna existente na mais bela praia do mundo: Copacabana. Foi construído pela Comp. Melhoramentos e Construcções e seu proprietário era Alberto Quatrini Bianchi.
Antes da inauguração oficial, foi realizado no cassino um baile de carnaval, em 23 de fevereiro de 1935.
“O baile inaugural do Casino Balneário Atlântico foi a nota carnavalesca de sabbado passado. Todo o Rio elegante compareceu, por assim dizer, a festa sumptuosa que mobilizou os círculos sociaes da metrópole para o primeiro grande baile do Carnaval de 1935. Luxo. Alegria. Deslumbramento. Delírio. Nos salões do novo centro da elegância, em Copacabana, decorados pelos 96 artistas Gilberto Trompowisky e Luiz de Barros, movimentaram-se as figuras mais expressivas do nosso mundanismo. Focaliza esta página alguns detalhes photographicos da grande festa do Casino Balneário Atlântico, que annuncia para os quatro dias de Carnaval outros bailes igualmente sumptuosos” (Fon-Fon, 9 de março de 1935).
No mesmo ano de sua inauguração, 1935, o Cine-Varieté, no Casino Balneário Atlântico, passou a receber o público, tornando-se um dos mais chiques e elegantes locais da Avenida Atlântica. Apresentava produções internacionais e nacionais e realizava matinés infantis. Aos domingos eram distribuídos brinquedos para as crianças.
Desenvolvimento
A implantação dos arranha-céus em Copacabana dividiu as opiniões dos moradores: para uns, os edifícios não passavam de casas de cômodos e pareciam verdadeiros caixões, para outros, eram uma onda de civilização. De qualquer forma, a quantidade de edificações como essas, era ainda pouco expressiva. Os prédios mais altos localizavam-se na Avenida Atlântica, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana e no Lido – os lugares que possuíam maior largura.
Em 1933, já havia 70 edifícios de apartamentos, sendo 7 com mais de 10 andares e 63 com mais de 4 andares.
Apesar de ainda existirem muitas casas, o surgimento dos pequenos e grandes prédios foi mudando rapidamente a fisionomia das ruas do bairro.
Copacabana teve a sua paisagem marcada pelas construções em estilo art-decó, com a simplicidade das linhas retas, as janelas inspiradas em vigias de navio e guarda-corpos de ferro arredondado. Foi neste bairro que este estilo se mostrou de forma mais expressiva. Até hoje, podemos identificá-lo em alguns prédios: nos vastos halls, nos detalhes em ferro e vidro das portas, nos letreiros e luminárias, nos relevos sutis do concreto das fachadas, nas saliências e reentrâncias…
Em 1938, na administração do prefeito Henrique Dodsworth, são concluídos os trabalhos de corte do morro do Cantagalo, ligando Copacabana à Lagoa Rodrigo de Freitas.
A década de 40 viu Copacabana se firmar como bairro chique e sua vida noturna é dividida entre seus dois cassinos.
Durante a administração de Dodsworth na prefeitura do Rio de Janeiro, intervenções urbanas atingiram a área da boemia, particularmente na Lapa, colocando abaixo centenas de edifícios, abrindo parques e avenidas, ao mesmo tempo fechando os prostíbulos no Mangue (1942) e reprimindo a boemia malandra da Praça Onze.
Logo depois de empossado, em 30 de abril de 1946, o presidente Eurico Dutra, em decreto, proíbe o jogo no Brasil, cassinos (seguindo os conselhos da então primeira-dama, D. Santinha, de que acabasse como aqueles "antros de pouca vergonha"), atingindo diretamente o meio artístico.
O Cassino Atlântico fechou as portas por não ter um hotel de sustentação, como era o caso do Copacabana Palace Hotel, que transformou o espaço para shows e outras atividades turísticas. A recuperação viria com uma transferência da boêmia para as boates em Copacabana.
Assim surge a nova boêmia em Copacabana, onde o seu templo maior (embora de curta duração e final trágico) foi a boate Vogue.
“Tematizar o bairro de Copacabana dos anos 40 e 50 é resgatar as ambiguidades e tensões de uma nova maneira de viver. Como o bairro mantém um sentido tradicional de antigos bairros cariocas, permanece nele certa relação de convívio por meio de pequenas solidariedades, mas plena de vigilância e controle. ”
“Também já se pode perceber uma tendência para novas perspectivas frente ao mundo (um individualismo privatista), novas formas de ser, de agir e de sentir, aliadas à impessoalidade de certas relações, a uma frieza e à expansão crescente da violência urbana. ” – Depoimentos de então moradores do bairro.
Nessa época a vida noturna da cidade transfere-se definitivamente para Copacabana e o comércio varejista tinha 793 estabelecimentos, enquanto a população do bairro chegava perto dos 75.000 habitantes.
Devido a importância do bairro, na Academia Brasileira de Letras de Janeiro de 1946 havia vários Imortais morando em Copacabana.
Copacabana, a Princesinha do Mar, foi eternizada em música de João de Barros, o Braguinha, e Alberto Ribeiro e gravada em 1946, por Dick Farney, tornando-se conhecida no mundo todo, com centenas de gravações.
Naturalmente, com toda essa nobreza e afluência, duas grandes favelas já estavam nas encostas dos seus morros, desde a década anterior: a do Cantagalo e a da Babilônia.
O bairro crescia, construções de casas e edifícios eram levantadas e ruas abertas em direção do mar.
Na próxima matéria chegaremos aos agitados anos 60 e 70 na princesinha do mar. Não percam!
Fontes:
@aclubtour
Acervo Museu Aeroespacial
Arquivo Geral
Biblioteca Nacional
Brasiliana fotográfica
Instituto Moreira Salles
André Conrado
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