A alegria de Copacabana…
Na esquina da rua da Igrejinha de Copacabana ,atual Rua Francisco Otaviano, com a Avenida Atlântica, no Posto 6, em Copacabana, conhecido como o cantinho da alegria, havia uma casa cujo dono era, pelo menos desde 1902, Edmundo Bittencourt, proprietário do jornal Correio da Manhã. Ele a alugou para a francesa Madame. Louise Chabas, que abriu o restaurante Mère Louise, em torno de 1903, conforme noticiado pelo semanário Rua do Ouvidor, de 10 de janeiro de 1903. Foi muito elogiado por sua gastronomia. Na referida edição era sugerido: um passeio a Copacabana e comer no restaurante de Mme . Louise Chabas, perto da igrejinha, dirigido pelo sr. August Castella onde encontrarão boas iguarias e preços cômodos. Era também um hotel.
O restaurante de Mme. Chabas passou a ser, em 1907, também o cabaré Mère Louise, que se tornou um dos cabarés mais famosos do Brasil, à maneira do de Montmartre, em Paris, onde quem saiba fazer algo sobe ao palco e… faz o que sabe! ”.
Segundo o escritor Ruy Castro, o estabelecimento funcionava ao estilo de um saloon do Oeste americano, com varanda, portas em vaivém dando para o salão, piano, balcão, espelho e mesas, tudo em torno de uma cadeira de balanço da qual Madame Louise controlava o movimento. Apesar do ambiente mais propício a vaqueiros, seus clientes eram a nata letrada e boêmia do Rio: políticos, ministros de Estado, diplomatas, artistas e jornalistas, alguns acompanhados de ‘amigas’ ou admiradoras. Ainda segundo Castro: Louise conhecia a todos pelo nome e ia de mesa em mesa, falando com cada um. Tal intimidade tornava natural que, em emergências, ela cedesse – pela escorchante diária de 6 mil-réis – discretos aposentos nos fundos para quem precisasse ‘repousar‘.
Mme. Chabas vendeu o estabelecimento, em torno de 1911, para a Companhia Cervejaria Brahma e continuou funcionando como Mère Louise, onde era oferecido não somente roleta a dez tostões, mas colos e pernas nuas como atrativo estonteante e embriagador de muita alma nova que se corrompe, de muito talento em flor que se esteriliza, de muita promissora atividade que se estiola (Gazeta de Notícias, 2 de março de 1911)
Forte de Copacabana
No mesmo Posto 6 da Praia de Copacabana, depois de várias tentativas não concluídas, o projeto do Forte era retomado em 1908, com o lançamento da pedra fundamental enterrada junto a uma caixa lacrada contendo coleções de selos nacionais, moedas de ouro, de prata, de níquel, de cobre e jornais do dia.
Construído no promontório da Igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana, sempre viveu ligado à santa, cujas origens remontam ao antigo Império Inca e ao Santuário da Virgem do Lago da Titicaca, na Bolívia.
O Coronel Eugênio Franco, militar brasileiro, quando ainda era major de engenharia, em 1908, foi o presidente da comissão de construção do Forte de Copacabana. Para a construção do Forte, foi demolida a Igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana, que deu origem ao nome do bairro.
A década de 20 , datam os primeiros edifícios de apartamentos de Copacabana e o Forte do Leme (atual Forte Duque de Caxias), que junto com o novo Forte de Copacabana faziam a guarda da princesinha do Mar.
Três anos após a inauguração da Avenida Atlântica, em 5 de julho de 1922, os revoltosos do Forte de Copacabana, atravessaram a Avenida Atlântica, em marcha contra 4.000 soldados governistas. Os amotinados pretendiam fazer um desagravo à prisão do marechal Hermes da Fonseca, ordenada pelo presidente Epitácio Pessoa.
Esta revolta foi ambientada no período em que acontecia a campanha de sucessão ao governo do presidente Epitácio Pessoa. A disputa eleitoral envolveu Artur Bernardes, representante da oligarquia paulista, e Nilo Peçanha, apoiado pelos militares e oligarcas dissidentes do Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia.
Os tenentistas possuíam ideais positivistas, estavam ligados às forças armadas, lutavam por uma política democrática de forma que se posicionavam contra o governo e o sistema oligárquico vigente (poder concentrado nas mãos das elites agrárias tradicionais).
No início da revolta, eram 301 amotinados, no meio 29 e no final 19, dos quais 18 eram militares, a maioria no posto de tenentes, daí nasceu o termo tenentismo. Destes somente Eduardo Gomes e Siqueira Campos sobreviveram ao último tiroteio.
Na próxima e imperdível matéria, nasce o glamour de Copacabana! Não percam.
Fontes:
@aclubtour
Arquivo Nacional
Brasiliana fotográfica
Instituto Moreira Salles
IPHAN
André Conrado
Mara