Moçambique: Clube de Leitura de Quelimane conquista o espaço lusófono com ações de promoção da literatura e da cidadania entre jovens e crianças
- Ígor Lopes
- 20 de mai.
- 12 min de leitura

Foto: Divulgação
A cidade de Quelimane, capital da província moçambicana da Zambézia, celebra um feito marcante: o Clube de Leitura de Quelimane (CLQ) foi distinguido com o Prémio Maria das Neves Rebelo de Sousa, na sua sexta edição, este ano, numa iniciativa liderada pela Câmara de Comércio Portugal-Moçambique, que reconhece iniciativas de promoção da leitura e da cultura lusófona com impacto social relevante. O prémio, no valor de €7.500, reconhece o impacto do Clube em Quelimane, especialmente entre crianças e jovens, fomentando o gosto pela leitura e contribuindo para a elevação dos níveis de literacia. Esta distinção sucede a outras honras recebidas pelo Clube, como a Menção Honrosa para Figura Cultural do Ano pelo Jornal Notícias em 2022 e a eleição como Figura Cultural do Ano pela Rádio Moçambique em 2023.
O Clube, apoiado institucionalmente pelo Conselho Autárquico de Quelimane, destaca-se por dinamizar a participação dos jovens em atividades literárias, culturais e cívicas, “promovendo a liderança, a curadoria e o envolvimento directo na vida comunitária”.
À frente do município desde 2012, Manuel de Araújo, que é cientista político, economista e escritor, tem defendido uma governação centrada no “desenvolvimento urbano sustentável, na inclusão social e na valorização da identidade cultural local”. Na sua mais recente obra, “Pedalando Moçambique: Quo Vadis Democracia? e outras reflexões”, o autarca de Quelimane reflete sobre os desafios democráticos do país, onde reconhece fragilidades, mas também sinais de esperança.
Em entrevista à nossa reportagem, Manuel de Araújo comentou a distinção internacional atribuída ao Clube de Leitura, sublinhou a importância da juventude na construção democrática e afirmou que a relação cultural entre Moçambique e Portugal tem “raízes profundas, mas carece de novas pontes”. Com a convicção de que a cultura é uma “ferramenta vital para a transformação social”, Araújo traça o retrato de uma Quelimane rica em diversidade e de uma juventude cada vez mais interventiva.
Como nasceu o Clube de Leitura de Quelimane e que objetivos norteiam este projecto?
O Clube de Leitura de Quelimane nasceu com a necessidade de equilibrar a gestão de leitores na Cidade de Quelimane, numa altura em que a Cidade de Quelimane e, por sinal, onde sou edil, contava com um ambicioso projeto de construção de bibliotecas nos postos administrativos e, consequentemente, apetrechamento do acervo bibliográfico doado por nossos amigos a partir de diversos pontos de Portugal, e que os primeiros resultados indicavam algum sucesso. Pensamos que devíamos fazer mais do que era feito na altura para dar o acompanhamento constante aos leitores que visitavam a rede de bibliotecas municipais instaladas em diversos posto administrativo da nossa cidade de Quelimane, foi quando ouvimos falar do Clube de Leitura de Angoche, um projecto ambicioso coordenado pelo Lino Mukurruza, um jovem escritor e professor de língua portuguesa, no distrito de Angoche, achamos que podíamos replicar na nossa cidade para dar continuidade ao projeto que começou com as bibliotecas municipais nos postos administrativos, convidamos o jovem Lino Mukurruza e, juntos, criamos o Clube de Leitura de Quelimane em 2021.
Quais as principais atividades desenvolvidas pelo Clube de Leitura? Que públicos procuram envolver e que tipo de literatura privilegiam?
Desde o seu surgimento, o Clube de Leitura de Quelimane tem massificado o gosto pela leitura no seio das crianças, jovens, adultos e interessados, promovendo sessões de leitura em escolas primária, secundárias, institutos, universidades e estabelecimentos penitenciários na cidade de Quelimane. O Clube de Leitura de Quelimane usa o acervo bibliográfico doados por amigos a partir de Portugal e não só, para a promoção do gosto pela leitura, trabalhando, assim, com crianças da cidade de Quelimane, vindo de diversas escolas amigas do clube de leitura. Para além destas atividades acontecerem em instituições de ensino público e privado, o Clube de Leitura de Quelimane tem também levado a cabo atividades em lugares abertos e públicos para permitir a abrangência de todos os munícipes interessados. Destes locais, destacam-se praças, jardins, passeio ao longo das avenidas da cidade de Quelimane, e etc. O Clube de Leitura de Quelimane também promove o acesso ao livro, através da promoção de feiras e exposições e venda de livros sobre a literatura moçambicana, do acervo bibliográfico destinado à venda, é consignado por diversas editoras parceiras do Clube de Leitura de Quelimane, como Alcance Editores, Ethale Publishing, Editora Kulera, Massinhane Edições e Gala-gala Edições. O Clube de Leitura de Quelimane edita a Revista Kilimar de Artes e Letras, criada pelo próprio Clube de Leitura de Quelimane em 2023, com o propósito de incentivar a criação e divulgação literária-cultural de Quelimane, da Zambézia, do nosso país Moçambique e do mundo inteiro falante de língua portuguesa, uma vez que o veículo de difusão é a língua portuguesa. A Revista Kilimar de Artes e Letras, que é bastante difundida na comunidade falante da língua portuguesa, tem a característica de ser eletrónica e de distribuição gratuita via e-mail e redes sociais. O Clube de Leitura de Quelimane criou uma vasta rede de contactos no WhatsApp, onde aglutina escritores consagrados, da nova vaga de escritores e leitores, o grupo serve para partilhar documentos que visam incentivar a leitura e a criação literária, partilha, igualmente, chamadas, prémio e concursos literários de diversas editoras e instituições literárias. O Clube de Leitura de Quelimane tem promovido inúmeros concursos de leitura e decoração literária entre escolares na cidade de Quelimane. Em 2022, levou a cabo diversas conversas com escritores, críticos literários e professores de todas as províncias, com posterior compilação em textos escritos e que, em 2025, serão editados em livro com o título “O livro das conversas”, a ser coordenado pelo Lino Mukurruza com a introdução do docente Dionísio Bahule.
Que balanço faz da terceira edição da Semana do Livro de Quelimane promovida pelo Clube e que impacto tem tido na cidade de Quelimane?
Comparativamente às edições anteriores, a primeira edição em homenagem ao poeta Jorge Viegas, em 2022, e a segunda edição, em homenagem ao poeta Sebastião Alba, em 2023, e agora esta terceira edição em homenagem à Josina Costa Viegas, por sinal, a melhor sobre todas até aqui realizadas, confirma o nosso compromisso com a excelente qualidade que queremos oferecer aos amantes dos livros. A Semana do Livro de Quelimane foi concebida para celebrar o livro, o leitor e o autor, é por isso que fazemos coincidir com o dia mundial do livro e dos direitos de autor que se assinala a 23 de abril de cada ano. O impacto que esta semana do livro oferece é incrível, numa altura em que a qualidade de leitor e a quantidade de leitor tem crescido de forma exponencial na cidade de Quelimane, refiro-me a todas camadas ou faixas etária de leitores e, principalmente, a faixa de crianças, por isso que há uma busca cada vez maior pelo livro infanto-juvenil, e isso agrada-nos, pelo que vamos continuar a potenciar está camada de leitor de meio palmo, porque acreditamos na máxima: “é de pequeno que se torce o pepino”, e porque a criança é o garante da nossa continuidade.
O Clube recebeu recentemente o Prémio Maria das Neves Rebelo de Sousa 2025, uma distinção significativa para o espaço lusófono. O que representa este prémio?
Somos vencedores da sexta edição do Prémio Maria das Neves Rebelo de Sousa – 2025. Isto significa continuarmos mais ativos e motivados, mais criativos e mais empenhados. No ano passado, ficamos na segunda posição do mesmo prémio e não foi por isso que ficamos desmoralizados, pelo contrário, voltamos mais motivados e com bastante energia. Pois, ser vencedor deste prestigiado prémio é muita responsabilidade sobre as atividades que nortearam a escolha da nossa candidatura, e é promessa automática para continuar a trabalhar mais e melhor.
Como avalia o papel da literatura no desenvolvimento de Quelimane e da região da Zambézia? Acredita que pode ser um instrumento de transformação social?
A literatura na Zambézia sempre teve um papel muito importante sobre a transformação social e a cidadania ativa, basta olhar pelo panorama dos nomes no nosso cenário literário moçambicano clássico e contemporâneo, sempre rico e interventivo, graças a também grande contribuição dos escritores naturais da Zambézia, coisa que igualmente comprova a qualidade literária destes atores importantes para a sociedade Zambézia em particular e moçambicana em geral.
Como articula a sua função política com a sua dedicação à promoção do livro e da leitura? Há convergências práticas entre estas duas áreas?
A minha função política como presidente do Conselho Autárquico de Quelimane está profundamente alinhada com a promoção do livro e da leitura, pois ambas visam ao desenvolvimento humano, social e cultural da nossa cidade. Governar com visão implica investir no capital humano, e isso começa com o acesso ao conhecimento, à informação e à formação crítica dos cidadãos — elementos essenciais que os livros proporcionam. Há, sem dúvida, uma convergência entre a ação política e a promoção da leitura. Ao incentivar bibliotecas comunitárias, feiras do livro, clubes de leitura e programas educativos nas escolas, estou a fortalecer as bases de uma sociedade mais consciente, participativa e preparada para enfrentar os desafios do desenvolvimento. A leitura forma cidadãos mais informados, e cidadãos informados exigem políticas públicas mais justas, o que eleva o nível do debate democrático e qualifica a governação local.
Que papel desempenha a juventude no seu projeto cultural e político? O Clube de Leitura de Quelimane envolve jovens em cargos de liderança ou de curadoria?
Sim, a juventude desempenha um papel central no projeto cultural e político de Quelimane, especialmente por meio do Clube de Leitura de Quelimane (CLQ), que visa incentivar o gosto pela leitura e promover a circulação de livros em diversos níveis de leitores na cidade. O clube tem-se destacado por envolver jovens em actividades literárias e culturais, proporcionando-lhes oportunidades de liderança e curadoria. Em suma, o CLQ tem sido uma plataforma eficaz para a juventude de Quelimane se envolver em projetos culturais e políticos, proporcionando-lhes oportunidades de liderança, curadoria e participação ativa na vida comunitária. Ao integrar os jovens nesses processos, o CLQ contribui para o fortalecimento da democracia local e para o desenvolvimento de uma cidadania activa e consciente.
Qual a sua função no Clube de Leitura de Quelimane?
Na qualidade de presidente do Conselho Municipal de Quelimane, a minha função no Clube de Leitura de Quelimane consiste em assegurar o apoio institucional necessário para o seu funcionamento e crescimento. Nesse âmbito, promovo a leitura como instrumento fundamental para o desenvolvimento intelectual e social da nossa comunidade, mobilizando recursos, estabelecendo parcerias estratégicas e incentivando a participação activa dos cidadãos, especialmente dos jovens. Para além disso, colaboro na integração das atividades do clube nas políticas culturais do município, garantindo espaços adequados para os encontros e promovendo iniciativas que valorizem a literatura e o saber, a minha função no Clube de Leitura de Quelimane pode abranger as seguintes responsabilidades: Patrono e promotor institucional: Servir como figura de referência e apoio institucional ao clube, promovendo a leitura como ferramenta de desenvolvimento pessoal e comunitário; Apoio logístico e estratégico: Facilitar o acesso a espaços municipais (como bibliotecas ou centros culturais), apoiar eventos literários, e integrar o clube em iniciativas culturais do município; Mobilização e sensibilização: Incentivar a participação da comunidade, escolas e jovens no clube, reforçando a importância da leitura para a cidadania e o progresso social; Parcerias e financiamento: Apoiar na captação de recursos e na criação de parcerias com instituições públicas e privadas para o fortalecimento das actividades do clube.
Falemos agora da sua mais recente obra literária: “Pedalando Moçambique: Quo Vadis Democracia? e outras reflexões”. O título é provocador — o que pretende transmitir com esta metáfora?
O título “Pedalando Moçambique: Quo vadis democracia? E outras reflexões” é, de facto, uma metáfora provocadora e intencional. “Pedalando” evoca o esforço contínuo, a resistência e o ritmo próprio de quem segue em frente apesar das dificuldades — como é o caso do povo moçambicano, que, apesar dos desafios históricos, sociais e políticos, continua a avançar. Ao usar “Quo vadis democracia?”, estou a interpelar directamente o nosso percurso democrático: Para onde vamos? Estamos, de facto, a consolidar uma democracia participativa, inclusiva e justa, ou estamos a perder o rumo? A pergunta não é retórica — é um convite à reflexão nacional, a partir de episódios, vivências e observações que faço ao longo do livro. A bicicleta, nesse sentido, torna-se símbolo de um país que se move, mas que nem sempre tem caminhos fáceis. Exige equilíbrio, persistência e direcção clara — exactamente como a construção democrática. E é esse o espírito que quis transmitir: um apelo à lucidez, ao compromisso cívico e à urgência de repensarmos os fundamentos da nossa convivência democrática.
Que temas centrais aborda nesse livro e como foram inspiradas as reflexões contidas na obra? É uma extensão do seu percurso político ou uma separação deliberada?
Pedalando Moçambique: Quo vadis democracia? E outras reflexões” aborda temas centrais como a participação cidadã, a liberdade de expressão, a justiça social, o papel da juventude, a fragilidade das instituições democráticas e os desafios do desenvolvimento local. São reflexões que nascem da observação direta do quotidiano moçambicano, mas também de experiências pessoais vividas nas estradas do país — pedalando, dialogando com comunidades e sentindo de perto as inquietações do povo. As reflexões contidas na obra foram inspiradas por uma combinação de elementos: as inquietações cívicas, o confronto com a realidade concreta das populações, e o desejo de pensar Moçambique para além do discurso oficial. A bicicleta, que uso tanto como meio de transporte como instrumento simbólico, permitiu-me uma escuta mais atenta do país profundo — algo que a distância do poder, por vezes, não permite. Não vejo este livro como uma extensão automática do meu percurso político, mas também não é uma separação radical. É, antes, um espaço de liberdade intelectual, onde posso questionar, propor e até provocar, sem as limitações formais da função que exerço. No fundo, é um exercício de cidadania crítica que enriquece o meu compromisso político, porque me obriga a manter os pés — ou neste caso, os pedais — firmes na realidade.
Em tempos de desafios democráticos em várias partes do continente africano, como vê o estado da democracia em Moçambique? Que preocupações e esperanças tem?
O estado da democracia em Moçambique enfrenta desafios significativos, mas também apresenta áreas de esperança: Preocupações atuais: Violência política crescente; Desafios eleitorais persistentes; Declínio nas liberdades civis; Sub-representação da juventude. Áreas de esperança: Instituições democráticas em funcionamento; Diálogo político em curso; Activismo da sociedade civil; Perspetivas futuras: A democracia em Moçambique enfrenta um momento decisivo. Embora haja desafios significativos, também existem oportunidades para fortalecer as instituições democráticas, promover a inclusão e garantir a paz e a estabilidade. A participação activa da sociedade civil, o compromisso com a justiça e a promoção do diálogo político serão fundamentais para determinar o futuro democrático do país.
Considera que a ligação entre cultura, educação e participação cívica pode ser o caminho para o reforço da democracia local?
Sim, como presidente do Conselho Municipal de Quelimane, posso considerar que a ligação entre cultura, educação e participação cívica constitui um dos caminhos mais sólidos para o reforço da democracia local. Eis por quê: Cultura como elemento identitário e mobilizador: A cultura local reforça os laços de pertença da população com a sua comunidade. Quando valorizada e promovida, ela motiva os cidadãos a sentirem-se parte ativa do seu município, despertando o interesse em participar nos processos de tomada de decisão. Educação como base da consciência crítica: Uma população bem informada tem maior capacidade de compreender os seus direitos e deveres. A educação promove o pensamento crítico e prepara os cidadãos para intervirem de forma responsável nos assuntos públicos, como eleições, debates e orçamentos participativos. Participação cívica como prática democrática quotidiana: Ao envolver a população em decisões sobre o orçamento, planos de desenvolvimento ou preservação ambiental, a autarquia fortalece a confiança nas instituições e aumenta a legitimidade do poder local. Em Quelimane, onde há uma rica diversidade cultural e uma juventude dinâmica, investir nestas três dimensões pode gerar um ciclo virtuoso: cidadãos mais informados e culturalmente conectados tendem a participar mais — e uma democracia com participação ativa é mais robusta, inclusiva e sustentável.
Mantém, atualmente, as funções de presidente do Município de Quelimane. Quais têm sido os maiores desafios e conquistas da sua gestão até agora?
Sim, ainda continuo a exercer as funções de presidente do Conselho Municipal de Quelimane. Desde a minha eleição em 2012, tenho liderado o município com foco em desenvolvimento urbano sustentável, inclusão social e promoção da identidade cultural local.
O seu trabalho tem gerado reconhecimento além-fronteiras. Como encara a relação entre Moçambique e Portugal no plano cultural? Há ainda pontes por construir?
Enquanto presidente do Conselho Municipal de Quelimane, posso afirmar que a relação cultural entre Moçambique e Portugal é profunda, histórica e cheia de potencial, mas ainda há pontes importantes por construir e reforçar. As nossas línguas, tradições e experiências partilhadas criaram uma base sólida para o intercâmbio cultural, académico e artístico. No entanto, é essencial que essa relação evolua para uma parceria mais equitativa, onde a cultura moçambicana não seja apenas vista como um legado do passado colonial, mas como uma expressão viva, contemporânea e com voz própria no espaço lusófono. Há várias áreas onde ainda podemos construir pontes: Promoção de artistas e criadores moçambicanos em palcos internacionais, incluindo Portugal, com apoio mútuo e intercâmbio mais equilibrado; Aprofundamento das parcerias entre municípios, especialmente na cooperação cultural e patrimonial; Projetos educativos e culturais conjuntos que envolvam jovens dos dois países, promovendo o diálogo intergeracional e intercultural. Acredito que é possível transformar a relação Moçambique-Portugal numa via de mão dupla, onde ambas as culturas se valorizem mutuamente, e onde Quelimane possa ser uma referência na promoção dessa nova ponte cultural.
Para concluirmos, Manuel Araújo?
Manuel António Alculete Lopes de Araújo nasceu em 11 de outubro de 1970 em Quelimane, é um cientista político, economista e político moçambicano. Actualmente, ocupo o cargo de Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Quelimane. Iniciou os estudos no ensino primário e secundário em Quelimane. Posteriormente, mudou-se para Maputo, onde cursou Relações Internacionais no Instituto Superior de Relações Internacionais (atualmente, Universidade Joaquim Chissano). Seguiu a sua formação com um mestrado profissional em Estudos de Políticas na Universidade do Zimbabwe, completando a pós-graduação na Universidade de Fort Hare. Obteve um mestrado académico em Economia (Estudos de Desenvolvimento) na Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres (SOAS) e concluiu o seu doutoramento em Economia na Universidade da Anglia Oriental. Lecciona em diversas instituições de ensino superior em Moçambique, incluindo a Universidade Joaquim Chissano, a Universidade de Maputo, o Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM) e a Universidade Politécnica. Além disso, foi membro fundador de várias organizações, como a Associação Bons Sinais, a Associação dos Estudantes de Relações Internacionais e o Conselho Nacional da Juventude. Em 2011, foi eleito presidente do Conselho Municipal de Quelimane nas eleições intercalares, com 62,27% dos votos. Eleito pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Araújo deixou o partido em 2018 e retornou à Renamo, onde foi designado cabeça de lista para as eleições autárquicas de outubro do mesmo ano. Essa mudança de partido resultou na perda do seu mandato, conforme decisão do Conselho de Ministros, fundamentada na Lei de Tutela Administrativa do Estado sobre as Autarquias Locais, que prevê a perda de mandato para titulares de órgãos autárquicos que mudem de partido após as eleições. Tem expressado o desejo de transformar Quelimane na “capital africana da bicicleta”, destacando que a cidade já possui a maior concentração de bicicletas no país. Ele tem implementado políticas públicas para promover a mobilidade urbana sustentável e melhorar a infra-estrutura da cidade.
Ígor Lopes

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