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Cinema: Meu bolo favorito

“Meu bolo favorito” é um daqueles filmes que tem a receita para aquecer o coração da gente. O longa é uma celebração da vida e do amor na terceira idade. A trama segue Mahin, interpretada por uma atriz chamada Lili Farhadpour, uma septuagenária que, após anos de solidão, encontra uma nova oportunidade de amar ao encontrar Farramarz.


Na leva de grandes atrizes, que temos tido o privilégio de assistir, Lili Farhadpour que entrega uma performance comovente, capturando as nuances de uma mulher que desafia as convenções sociais em busca de felicidade; é uma atuação emocionante, mas sem exageros. Na hora que temos a virada da história, a atriz se mantém firme, mostrando a dura realidade daquela mulher iraniana mais velha e sozinha para resolver uma situação difícil. Uma das cenas que me tocou foi quando a protagonista, Mahin, encontra uma moça de seus vinte e poucos anos em um parque; a menina está prestes a ser presa pela Polícia da Moral. Mahin intervém e salva a garota. No caminho, a senhora fala de como era a vida no Irã antes do regime totalitarista, a conversa é linda.


Quem faz par romântico com a personagem Mahin é o taxista Faramarz, vivido por Esmaeel Mehrabi, no papel de Faramarz, oferece uma atuação sólida e empática, trazendo à tona a vulnerabilidade e o desejo de conexão de seu personagem, um taxista que vive sozinho há anos. É a hora que ele conta o lado do homem que vive sozinho há muito tempo. A química entre os protagonistas é tão bonita, tão delicada que torna a relação deles crível e tocante.


O roteiro é um encanto e tece uma narrativa que aborda não apenas o romance na terceira idade, mas também questões culturais e políticas do Irã atual no detalhe; preste atenção nas coisas tidas como naturais para eles, mas muito diferentes da nossa realidade. A escrita é sutil, mas poderosa, permitindo que as emoções fluam naturalmente sem recorrer a clichês. Isso também se deve ao fato de que o roteiro é assinado pelos diretores do filme, Maryam Moghadam e Behtash Sanaeeha, que têm a história na mão e tocam em temas cada vez mais relevantes à medida que nós (e toda a população mundial) vivemos cada vez mais.


Quem assiste se reconhece em alguma hora e se envolve com os personagens e suas jornadas pessoais. Fala-se da solidão, envelhecimento e da busca por conexão humana em tempos desse isolamento que vivemos, um isolamento, muitas vezes voluntário. A casa da Mahin tem a "louça de visita”, tem toalhinha de crochê cobrindo a mesa de centro da sala, tem a bagunça organizada da casa de quem vive sozinha. A atenção aos detalhes visuais enriquecem a experiência do espectador, criando uma atmosfera intimista. 


Outra coisa que adorei foi a utilização da luz natural nas externas, o que parece que nos transporta para Teerã, uma cidade tão peculiar. “Meu Bolo Favorito” é uma obra cinematográfica que combina de maneira harmoniosa a técnica e a emoção, oferecendo uma perspectiva rara e valiosa sobre o amor e a vida no contexto iraniano. É um filme que toca profundamente e permanece no coração da gente depois dos créditos finais.


 

Cláudia Felício


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