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Brasil: “Ciclo sobre Jornalismo Cultural: Crónica de uma morte anunciada?” reuniu grandes nomes em debate sobre os rumos da área


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Foto: CAIXA Cultural São Paulo/divulgação


Durante dois dias, entre 14 e 15 de agosto, a CAIXA Cultural São Paulo sediou o ciclo de debates “Crónica de Uma Morte Anunciada: O Jornalismo Cultural Está Morrendo?”, que reuniu alguns dos mais relevantes nomes da área para refletir sobre o futuro do jornalismo cultural em um cenário de mudanças aceleradas. A curadoria ficou por conta do escritor, jornalista, produtor, consultor cultural e fundador da Associação Portugal Brasil 200 anos, José Manuel Diogo, que também mediou duas mesas. O evento foi transmitido em direto pelo youtube.


Em quatro mesas, jornalistas, escritores e críticos discutiram questões centrais como “a crise da crítica especializada, a diversidade de vozes no ambiente cultural, o impacto das plataformas digitais e o papel do jornalismo diante das fake news, reafirmando sua função como espaço de pensamento crítico e de transformação social”.


Um dos pontos destacados foi “a velocidade com que as informações circulam na era digital, o que dificulta o ineditismo”. Nesse contexto, observou-se que “o nicho é o que fideliza o leitor, já que quem se interessa por um tema específico acompanha o crítico que domina aquele assunto”.


A pergunta “como transformar algo importante em algo interessante?” guiou parte das reflexões, sempre permeadas pela preocupação com a sustentabilidade do setor.


Giselle Vitória destacou que “a opinião do crítico, das pessoas qualificadas, é elaborada e necessária, um bom texto é fundamental para o leitor”. Contudo, para ela, “o grande desafio do jornalismo contemporâneo, é a monetização”.


Outro ponto debatido foi o papel de curadoria do jornalista cultural, responsável por dar visibilidade a obras fora do mainstream, revelando “pérolas” ao público. Essa função, sustentada pela formação e especialização, “diferencia o jornalista do influenciador digital”.


Eliane Trindade, da Folha de São Paulo, reforçou essa ideia ao dizer que “é preciso coragem e independência para exercer esta curadoria, afinal, jornalismo custa caro e o profissional precisa ser remunerado para isso”. Ainda de acordo com a jornalista, “é necessário aprender com os influenciadores como dialogar de forma responsável com o seu público, mas sem abrir mão da credibilidade”. Trindade finaliza dizendo que “é preciso transformar essa voz em engajamento, adaptando a linguagem sem perder a essência”.


Walter Porto, também da Folha de São Paulo), comentou sobre a importância da presença nas redes sociais e a utilização dos recursos audiovisuais como reels, “não para simplificar o conteúdo, mas para utilizá-los como forma de atrair novos leitores”.


O ciclo revelou que a ideia de “morte anunciada” funciona em dois planos complementares. Por um lado, como lembrou Walter, o jornalismo cultural tradicional está de facto “morrendo” — o das redações robustas, da crítica mediadora e da palavra impressa que formava gerações. Esse modelo não resiste ao imediatismo algorítmico, à lógica do consumo e ao esvaziamento das redações.


O curador José Manuel Diogo completa: “Ao mesmo tempo, dessa morte emerge algo novo, desafiante e até civilizatório: experiências digitais, coletivos independentes, podcasts, newsletters e novas linguagens que devolvem vitalidade à crítica cultural. Não se trata de um fim absoluto, mas de uma metamorfose. A morte anunciada do velho jornalismo cultural é também o anúncio do nascimento de uma forma inédita de pensar, narrar e partilhar a cultura”.


Momento cultural em prol do património


Além dos debates, o público pode realizar uma visita guiada na galeria ao lado do auditório da Caixa Cultural com a fotojornalista Mônica Maia, fundadora da Doc Galeria e primeira brasileira jurada no World Press Photo. A atividade buscou “propor novas leituras sobre imagem, jornalismo e cultura, em uma abordagem sensível e reflexiva”.


Nos dois dias do Ciclo, participaram Eliane Trindade (Folha de S.Paulo), Julio Maria (jornalista, crítico de música e biógrafo), Daniella Zupo (escritora, jornalista e documentarista), Naief Haddad (Folha de S.Paulo), Tom Farias (jornalista e escritor), Giselle Vitória (criadora de conteúdo), Guilherme Werneck (Ladrilho Hidráulico), Fernando Mattar (Grupo Bandeirantes de Comunicação) e Walter Porto (Folha de S.Paulo).


O evento foi realizado pela LOGOS QUARTZ, com apoio da Associação Portugal Brasil 200 anos (APBRA), da Casa da Cidadania da Língua, tradução em Libras, e contou com patrocínio da CAIXA e do Governo Federal do Brasil.


Ígor Lopes

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