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Revista do Villa

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Bairros Históricos do Rio de Janeiro: Laranjeiras

A ocupação da várzea do Rio Carioca data dos primórdios da colonização do Rio de Janeiro. Grandes chácaras rústicas margeavam o curso d’água e produziam frutas e verduras, que eram levadas de canoa até o Mercado do Peixe, na Praça Quinze, principal ponto comercial de produtos de subsistência dos cariocas, até o início do século XX.

Imagem dos primordios do bairro de Laranjeiras - Seculo XVIII - Arquivo Nacional
Imagem dos primordios do bairro de Laranjeiras - Seculo XVIII - Arquivo Nacional

Quando o Rio de Janeiro se transformou em capital da colônia, na segunda metade do século XVIII, as chácaras já haviam se transformado em residência de famílias ricas e fidalgas. E com a explosão populacional que a cidade sofreu, em função da chegada da Corte portuguesa, a ocupação de Laranjeiras se acelerou. Junto com Catete, Flamengo e Botafogo, tornou-se um dos lugares mais procurados pelos novos habitantes, gerando um processo de fracionamento das terras.


No início do século XIX, uma das maiores chácaras do bairro era a Ilhota, de José Antônio Lisboa, futuro ministro da Fazenda de D. Pedro I. A propriedade ficava nas imediações da atual Rua Cardoso Júnior. Em frente, ficava a residência da Duquesa de Cadaval, onde, mais tarde, se instalou a Embaixada da Itália e, depois, o Instituto Italiano de Cultura.

Imagem da Chacara da Ilhota - Laranjeiras - 1852 - MultiRio
Imagem da Chacara da Ilhota - Laranjeiras - 1852 - MultiRio

Muitos outros ilustres moraram em Laranjeiras, no decorrer dos séculos XIX e XX, como o Conde de Lajes, o médico Moura Brasil, os engenheiros Pereira Passos e Buarque de Macedo, o comendador Rocha Faria, a Princesa Isabel e o Conde D’Eu, o poeta Olavo Bilac, o banqueiro Eduardo Guinle.

Imagem do Projeto do Palacio Laranjeiras - Guinle
Imagem do Projeto do Palacio Laranjeiras - Guinle

Paço Isabel

 

A casa foi erguida pelo rico comerciante português José Machado Coelho, que a ocupou de 1853 a 1863. Está situada em terreno da Rua Guanabara, atualmente a Rua Pinheiro Machado, resultado de desmembramento da antiga Chácara do Rozo. Comprada, a 25 de janeiro de 1865, foi então reformada pelo arquiteto José Maria Jacinto Rebelo para instalar o casal recém-casado, Princesa Isabel e do Conde d'Eu, quando passou a ser conhecido como Paço Isabel. Anos depois, o conde adquiriu terrenos vizinhos para ampliação da área externa. 

Imagem do Paço Isabel - Arquivo Imperial
Imagem do Paço Isabel - Arquivo Imperial

Imagem do interior do Paço Isabel - Laranjeiras
Imagem do interior do Paço Isabel - Laranjeiras

A propriedade tinha um extenso terreno ocupado por chácara e duas construções. Segundo escritura, por ocasião da compra tinha fruteiras, arbustos e jardins de estilo inglês, como também de capim e horta, e dois prédios. Uma casa, mais modesta, para empregados e outra, em edifício assobrado de pedra e cal, coberto de telhas, com 128 palmos. Junto a pedreira ficavam as cavalariças e cocheiras, com salas de arreio, baias e manjedouras para 10 animais.  A compra envolveu o rico mobiliário do comerciante:


O Sr. Mordomo de S. A. o Sr. Conde d´Eu assinou a escritura de compra do palacete do sr. José Machado Coelho, sito na rua Guanabara, nas Laranjeiras. O prédio foi vendido com vastos terrenos e rica mobília, sobressaindo a da sala nobre, que é toda dourada e forrada da excelente sede de Lyon, escarlate com matiz.

Imagem do Conde D'eu e familia no Paço Isabel - Braziliana Fotografica
Imagem do Conde D'eu e familia no Paço Isabel - Braziliana Fotografica

A construção tinha formato horizontal, com fachada de feição neoclássica, sem frontão, marcada por escadaria dupla em semicírculo, com três janelas de cada lado, em arco abatido, entremeadas por pilastras. A planta quadrada se desenvolvida ao redor de jardim interno, complementada por blocos externos, frontais à ala posterior.  Os cômodos se distribuíam pelas duas alas, como se observa nas fotografias de Klumb.

Imagem da Princesa Isabel com a Baronesa de Muritiba tocando piano no Paço Isabel - Braziliana Fotografica
Imagem da Princesa Isabel com a Baronesa de Muritiba tocando piano no Paço Isabel - Braziliana Fotografica

Na década de 1880, foi inaugurada na Rua Francisco Glicério (atual General Glicério), a Companhia de Fiações e Tecidos Aliança, uma das maiores do país, com mais de mil operários. Segundo o historiador Nireu Cavalcanti, a fábrica mudou a arquitetura e a urbanização de Laranjeiras, além da composição de sua população.


Em seu terreno, foi construída uma vila operária (existente até hoje, na Rua Cardoso Júnior) e, a partir dela, começaram a aparecer outras casas de porta e janela, além de um comércio de produtos de subsistência.


Com o fechamento da fábrica, em 1937, seus terrenos foram fracionados em um loteamento chamado de Jardim Laranjeiras. Na General Glicério, nas proximidades da Rua Belizário Távora, surgiu um conjunto de edifícios altos, afastados uns dos outros e da via pública por jardins. Um deles desabou em 1967, em função de fortes chuvas que causaram deslizamento de terras e pedras do Morro Mundo Novo.

Imagem da Fabrica Aliança - Laranjeiras - Final sec XIX - Arquivo Nacional
Imagem da Fabrica Aliança - Laranjeiras - Final sec XIX - Arquivo Nacional

Muitos moradores morreram, entre eles Paulo Rodrigues, irmão de Mário Filho e Nelson Rodrigues.

 

Ligação Norte-Sul

 

De acordo com o historiador e jornalista Brasil Gérson, a Rua Alice foi aberta, no último quarto do século XIX, pelo empresário Eduardo Kinglhoefer, que queria construir uma linha de bondes interligando a Zona Sul à Zona Norte, através de um túnel: o Rio Comprido-Laranjeiras.

Imagem da abertura da Rua Alice - Laranjeiras
Imagem da abertura da Rua Alice - Laranjeiras

A via foi aberta e o túnel, o primeiro da cidade, inaugurado em 1887. Mas nunca nenhuma linha de bonde por ele passou, muito embora tenha se tornado uma alternativa para quem queria ir da Zona Norte à Zona Sul de carro, sem passar pelo Centro.

Imagem da Inauguracao do Tunel da Rua Alice - Laranjeiras - 1887 - Braziliana Fotografica
Imagem da Inauguracao do Tunel da Rua Alice - Laranjeiras - 1887 - Braziliana Fotografica

Na década de 1940, o traçado sinuoso da Rua Alice, margeando a encosta do Morro dos Prazeres, não comportava mais a demanda de tráfego da cidade, em função do aumento da frota de veículos.


Durante a gestão do prefeito Mendes de Moraes (1947-1951) foi feito o projeto de construção do Túnel Santa Bárbara (Catumbi-Laranjeiras), só concluído em 1963.


Dois anos depois seria inaugurado o Túnel Rebouças, facilitando o trânsito entre o bairro e a Lagoa Rodrigo de Freitas.

 

 

Fontes:

Arquivo Nacional

Braziliana Fotográfica

IBGE

Instituto Moreira Salles



André Conrado


 

1 Comment


Guest
May 24

Maravilhosa apresentação! Parabéns, pela divulgação cultural do Rio de Janeiro


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