top of page

Revista do Villa

Revista do Villa

Revista do Villa

Convidamos você a se juntar a nós nesta jornada, acompanhando as novidades e publicações

em forma de matérias, entrevistas e artigos realizados pela equipe de colunista.

Bairros Históricos do Rio de Janeiro – Glória

Durante o século XVI, em uma expedição francesa no Brasil, o escritor Jean de Léry relatou que existia uma aldeia tupinambá no sopé do atual Outeiro da Glória. A aldeia, que utilizava as águas do Rio do Catete, se chamava Kariók ou Karióg (“casa de carijó”) que deu origem ao termo “carioca”.

Imagem da Glória no século XVIII - Arquivo Nacional
Imagem da Glória no século XVIII - Arquivo Nacional

Assim como aconteceu no vizinho Catete, muitos conflitos entre portugueses e franceses e tribos indígenas aliadas aconteceram na região onde hoje fica o bairro da Glória.

 

“Em 20 de janeiro de 1567, em uma dessas batalhas, Estácio de Sá, líder português que fundou a cidade do Rio de Janeiro, foi ferido e acabou morrendo”, conta o historiador Maurício Santos.

 

O nome do bairro se deu por conta da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, construída no século XVIII. Em torno do templo religioso, o bairro se formou e consolidou-se. Inaugurada em 1739, a Igreja é considerada uma joia da arquitetura barroca setecentista.

Pintura da Igreja e Praia da Glória - 1790 - Pintura de Leandro Joaquim
Pintura da Igreja e Praia da Glória - 1790 - Pintura de Leandro Joaquim

A respeito de sua história, é curioso saber que Cláudio Gurgel do Amaral, dono da Chácara do Oriente, doou as terras a Nossa Senhora em escritura pública de 20 de junho de 1699, com a condição de ser edificada ali uma capela permanente e nela ser sepultado com seus familiares e descendentes.

 

A igreja obteve um status especial a partir do século XIX, com a chegada da corte real portuguesa ao Brasil. O príncipe regente e futuro rei Dom João VI se afeiçoou ao templo, onde costumava assistir às missas. Seus sucessores mantiveram a preferência pela igreja. Dom Pedro I iniciou a tradição de batizar os príncipes em seu interior. Nela, foram batizados a futura rainha Dona Maria II e o futuro imperador Dom Pedro II (a princesa Isabel foi batizada na Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo). Até hoje, a Família Imperial Brasileira batiza suas crianças ali.

Praia do Russel em 1865 - IPHAN
Praia do Russel em 1865 - IPHAN

Já abaixo, na Rua do Catete 6, encontra-se o Palacete Cornélio. A belo palacete é mais do que uma simples construção.

 

Erguido em 1862, o edifício já foi o lar de famílias nobres da cidade do Rio de Janeiro durante o século XIX, incluindo a ilustre família de Cornélio Santos. No entanto, ao longo dos anos, o bonito palacete testemunhou um declínio preocupante, passando de uma joia arquitetônica para um símbolo de abandono e decadência.

Palacete São Cornelio - século XIX
Palacete São Cornelio - século XIX

Na mesma calçada, é possível também conhecer o Palácio São Joaquim propriedade da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

 

Foi construído para ser a residência do primeiro cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, D. Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti.

Antigo Palacete do Visconde de Meriti - século XIX
Antigo Palacete do Visconde de Meriti - século XIX
Palácio Sao Joaquim - Arquidiocese do RJ
Palácio Sao Joaquim - Arquidiocese do RJ

O terreno no qual foi erigido o Palácio São Joaquim havia sido antes local do palacete construído por Manuel Lopes Pereira Baía, Barão e Visconde de Meriti.

 

Os bailes que nele dava o Visconde, que era sogro do Marquês de Abrantes, marcaram época nas crônicas do Segundo Império Brasileiro, sob o reinado de D. Pedro II. O Imperador D. Pedro II e D. Teresa Cristina Maria costumavam frequentá-los, após os festejos em louvor a Nossa Senhora da Glória, no dia 15 de agosto de cada ano. Foi, num dos bailes nessa casa do Visconde de Meriti, que, pela primeira vez, o sorvete apareceu numa reunião familiar, servido no ano de 1835. Ao final da missa solene e festiva de N. Sra. da Glória, suas Majestades, D. Pedro II e D. Teresa desciam a ladeira da Igreja da Glória, dirigindo-se ao palacete Meriti, bem perto da dita Igreja, para tomar parte nos esplendorosos bailes oferecidos pelo Visconde de Meriti...

 

Tal Palacete foi comprado pelo Governo Federal, sendo nele instalada a Secretaria dos Negócios Estrangeiros. Em 1912, foi demolido o Palacete Meriti, e no seu chão vazio se construiu o novo Palácio Arquiepiscopal, denominado São Joaquim. Embora o prefeito Pereira Passos tenha reservado um terreno na Av. Rio Branco para a Mitra, esta preferiu trocá-lo pela propriedade do Visconde de Meriti localizada no bairro da Glória.

 

No final do século XIX e durante o século XX, o bairro da Glória viveu momentos marcantes. Foi considerada uma das regiões mais nobres da cidade, devido à proximidade com o Catete e suas sedes do governo e os hotéis e prédios históricos existentes na Glória.

Largo da Glória - 1900 - Foto de Augusto Malta - Acervo IMS
Largo da Glória - 1900 - Foto de Augusto Malta - Acervo IMS

Até os anos 1930, era considerado o "Saint-Germain-des-Prés carioca", pois, desde fins da década de 1880, abrigava hotéis que serviam de residência a deputados e senadores em exercício no Rio de Janeiro.

 

Murada é lembrança de um mar próximo

 

Indo em direção ao Centro, vê-se o relógio de 1905, seguido da murada feita para conter a ressaca do mar, que chegava até ali no século XVIII. Um pouco adiante, no número 156 da Rua da Glória, existe, ainda, o chafariz construído em 1772 para trazer água potável de Santa Teresa.

Relógio da Glória e Igreja Nossa Senhora da Glória do Outeiro - IPHAN
Relógio da Glória e Igreja Nossa Senhora da Glória do Outeiro - IPHAN

Em 1906, foi construída a Avenida Beira Mar, seguindo um projeto de ajardinamento e arborização de inspiração francesa. E, na década de 1960, o aterramento chegou ao estágio atual, com a criação do Parque do Flamengo.

Construção da Avenida Beira Mar - 1906
Construção da Avenida Beira Mar - 1906

Entre as avenidas Beira-Mar e Augusto Severo, a Praça Paris foi inaugurada em 1929, seguindo também o estilo francês. Do seu lado direito, antes de chegar à Praça do Russel, fica a sede da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro – Seaerj – um prédio de dois pavimentos, em alvenaria de pedra, construído em 1864 para ser a sede dos serviços de esgotos sanitários e pluviais, uma das obras públicas mais importantes do reinado de D. Pedro II.

Avenida Beira Mar e Cais da Glória
Avenida Beira Mar e Cais da Glória

Na próxima matéria, continuaremos no bairro da Gloria, com um capítulo especial em homenagem ao saudoso Hotel Gloria! Não percam

 

  

Fontes:

 Arquivo Nacional

Acervo Instituto Moreira Salles

Arquidiocese do Rio de Janeiro

Brasiliana Fotográfica

Iphan


 

André Conrado


 

 

1 Comment


Ana
Mar 22

Parabéns pela materia !! 🙌😘

Like

©2024 Revista do Villa    -    Direitos Reservados

Política de Privacidade

bottom of page