top of page
FB_IMG_1750899044713.jpg

Revista do Villa

Revista do Villa

Revista do Villa

Revista luso-brasileira de conteúdo sobre cultura, gastronomia, moda, turismo,

entretenimento, eventos sociais, bem-estar, life style e muito mais...

Bairros Históricos do Rio de Janeiro: Centro

O Centro do Rio de Janeiro 

Imagem do Centro do Rio de Janeiro - Século XVIII - Biblioteca Nacional
Imagem do Centro do Rio de Janeiro - Século XVIII - Biblioteca Nacional

A região central de uma cidade, que frequentemente corresponde ao seu centro histórico – local onde inicialmente a população se concentrou e se expandiu. Foi assim com o Rio de Janeiro.

 

A partir de sua fundação até idos do século XVIII, os moradores se aglutinavam nessa área, à exceção de algumas poucas moradias erguidas em propriedades tipicamente rurais, que sediavam engenhos, fazendas e chácaras.

 

No decorrer do século XVII, com o aumento da população, a parte central da cidade, localizada nas terras do entorno do Morro do Castelo, ganhou maior movimentação. Seus habitantes desceram as ladeiras, abriram caminhos (mais tarde transformados em ruas) e ocuparam as zonas onde os terrenos eram mais secos, erguendo moradias. Com o crescimento dos habitantes, a malha urbana estendeu-se, de maneira livre e desordenada, em direção aos trechos mais baixos da várzea, onde existiam charcos, lagoas e mangues. Aterros, necessários, foram construídos e, progressivamente, foram alcançados e ocupados os terrenos próximos ao mar. Os residentes, então, passaram a nomear o antigo espaço urbano como Cidade Velha, e o da várzea como Cidade Nova, ou, apenas, Cidade.

Imagem do Centro do Rj e costumes - séc XIX - Iba Mendes
Imagem do Centro do Rj e costumes - séc XIX - Iba Mendes

 

Mais trilhas foram abertas, conduzindo, muitas vezes, os fiéis até as igrejas – presença marcante na arquitetura urbana, sinalizando a religiosidade da população. Caminhos que deram origem às ruas, nessa fase ainda sem calçamento, aumentavam na área central da cidade, que se expandiu em direção às terras da Glória, do Catete e do Rossio, hoje Praça Tiradentes.

 

O crescente comércio marítimo transformou o porto e as imediações do Largo do Carmo, atual Praça Quinze de Novembro, em centro econômico e administrativo do Rio setecentista. Nas primeiras décadas do século XVIII, os modestos e caóticos trapiches de madeira, em cujas pontes apenas atracavam navios à vela, de cabotagem (navegação ao longo da costa de um mesmo país), ganharam importância. Esses trapiches, para se adaptarem a nova realidade que permitisse a atracação de embarcações maiores, passaram por importantes reformas. Aos poucos, as chácaras que ocupavam os morros da Saúde e da Gamboa, próximos ao mar, passaram a ser loteadas, dando lugar a caminhos estreitos e a pequenas habitações, onde foram morar os trabalhadores do porto.

Imagem da Praça XV - Centro do RJ - 1862 - Arquivo Nacional
Imagem da Praça XV - Centro do RJ - 1862 - Arquivo Nacional

 

Desde 1763, quando a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi elevada à condição de sede administrativa da colônia do Brasil, até 1960, quando a cidade perdeu a condição de estar em um Distrito Federal, o Centro foi o palco de algumas das mais importantes decisões e eventos da história do país. Estruturas arquitetônicas desse passado persistem até hoje, tendo se convertido em importantes atrações turísticas.

 

Em 1780, o Rio de Janeiro estava dividido em quatro freguesias urbanas: São Sebastião (criada em 1569, 4 anos após a fundação da cidade), a sede no Morro do Castelo; Freguesia da Candelária (criada em 1621 segundo algumas fontes, em 1624 segundo outras); Freguesia de São José e Freguesia de Santa Rita (ambas criadas em 1721), além das freguesias rurais. Posteriormente, por desmembramentos, foram criadas as freguesias de Santana, Sacramento, Santo Antônio (1854) e Espírito Santo (1865).

Imagem da Praça XV - Centro do RJ - Séc XIX - Braziliana Fotográfica
Imagem da Praça XV - Centro do RJ - Séc XIX - Braziliana Fotográfica

 

Imagem do Morro do Castelo - século XIX - Arquivo Nacional
Imagem do Morro do Castelo - século XIX - Arquivo Nacional

Vinda da família real para o Brasil mudou, também, a fisionomia do Rio de Janeiro. A cidade que os estrangeiros acharam suja, feia e malcheirosa começou a se expandir e cuidar de sua aparência, abrindo-se às modas europeias. Para zelar pela segurança e policiamento da cidade, foi criada, ainda em 1808, a Intendência de Polícia, encarregada de todos os serviços de melhoria e embelezamento da cidade. Nessa época, foram construídos chafarizes para o abastecimento de água, pontes e calçadas; abriram-se ruas e estradas; foi instalada a iluminação pública; passaram a ser fiscalizados os mercados e matadouros; organizadas as festas públicas, etc. Essas melhorias eram realizadas, muitas vezes, com a contribuição dos ricos moradores, que recebiam em troca benefícios materiais e títulos de nobreza do príncipe regente.

Imagem de pintura da cidade do Rj em ocasião da chegada da familia Real - 1808
Imagem de pintura da cidade do Rj em ocasião da chegada da familia Real - 1808

 

Os viajantes que visitavam o Rio de Janeiro se surpreendiam com a rapidez das mudanças sofridas pela cidade. Um deles, o inglês Gardner, comentou: "O grande desejo dos habitantes parece ser o de dar uma fisionomia europeia à cidade. Uma das mais belas ruas da cidade é a Rua do Ouvidor, não porque seja mais larga, mais limpa ou melhor pavimentada que as outras, mas porque é ocupada principalmente por modistas francesas, joalheiros, alfaiates, livreiros, sapateiros, confeiteiros, barbeiros".

Imagem da Rua do Ouvidor após chegada da Familia Real - séc XIX
Imagem da Rua do Ouvidor após chegada da Familia Real - séc XIX

 

Durante o período de permanência de D. João no Rio de Janeiro, o número de habitantes da capital dobrou, passando de cerca de 50 mil para cerca de 100 mil pessoas. Chegaram europeus das mais diversas nacionalidades, com diferentes objetivos. Além daqueles que vinham "fazer negócio", muitos outros vinham tentando "fazer a vida". Eram espanhóis, franceses, ingleses, alemães e suíços, entre outros, das profissões as mais variadas, como médicos, professores, alfaiates, farmacêuticos, modistas, cozinheiros, padeiros, etc. Formavam um expressivo contingente de mão de obra qualificada. Instalavam-se no Rio, também, representantes diplomáticos, pois a cidade se tornara a sede do governo português.

Imagem da esquina da Rua do Ouvidor - Centro do RJ - 1850 - Biblioteca Nacional
Imagem da esquina da Rua do Ouvidor - Centro do RJ - 1850 - Biblioteca Nacional

 

As moradias perdiam a aparência de austeridade e isolamento, ganhando janelas envidraçadas e jardins externos, à maneira inglesa. Com o passar dos tempos, muitos dos funcionários mais graduados começaram a adquirir chácaras ou quintas em locais próximos do centro da cidade, como a Rua Mata-Cavalos (atual Rua do Riachuelo), ou em seus arredores, como Catumbi e São Cristóvão.

Imagem do Catumbi - Séc XIX - Braziliana Fotográfica
Imagem do Catumbi - Séc XIX - Braziliana Fotográfica

 

Segundo Sérgio Buarque, "a sociedade refinava-se, de outro lado, não apenas pelas novidades que lhe traziam os estrangeiros, mas igualmente pelos salões que se vinham abrindo, para as reuniões elegantes, promovidas pela nobreza chegada com a corte. As residências, em consequência, já apresentavam um bom tom, que diferia profundamente das pobres moradias do período anterior".

Imagem do Mercado do Peixe - Centro do Rj - (proximo a Candelária) - Braziliana Fotografica
Imagem do Mercado do Peixe - Centro do Rj - (proximo a Candelária) - Braziliana Fotografica

 

Também mudavam os costumes das famílias, quebrando a reclusão do lar para as mulheres, que passaram a frequentar os espaços públicos, como as ruas e os teatros, e também a se dedicar à leitura de livros e ao estudo de outros idiomas. Multiplicavam-se as lojas de moda e os cabeleireiros, frequentados por senhoras ricas que não queriam fazer feio diante das damas da corte. Outra medida do príncipe regente permitiu a qualquer pessoa a abertura de escolas de primeiras letras, na maioria das vezes funcionando na casa do próprio professor. Os filhos das famílias mais abastadas eram educados, em suas casas, por preceptores. Permanecia, entretanto, o trabalho escravo, necessário às atividades braçais nas casas, sobrados e chácaras dos senhores.

 

 

Fontes:

Arquivo Nacional

Biblioteca Nacional

Braziliana fotográfica


André Conrado

ree

 
 
 

Comentários


©2024 Revista do Villa    -    Direitos Reservados

Política de Privacidade

bottom of page