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Revista do Villa

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As Dores do Cárcere…

Estreou Mary Stuart no teatro Nelson Rodrigues, integrante da Caixa Cultural Rio.

 

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O espetáculo “Mary Stuart” encena o texto da peça de Friedrich Schiller, redigida entre 1799 e 1800. A adaptação é de Robert Icke. A tradução é de Ricardo Lísias.

 

O texto é dramático, tenso, ficcional, histórico e emocionante.

 

A trama parte do confronto histórico de duas rainhas, a inglesa Elizabeth Tudor, protestante, e a escocesa Maria Stuart, católica.

 

O texto deixa transparecer que a condenação e a decapitação de Mary Stuart é produto do contexto da sociedade do Antigo Regime, sociedade dos reis, nobres e dos privilégios. Ademais, era o tempo das guerras de religião, quando católicos e protestantes se digladiavam. Stuart sofreu em vida a dureza da prisão, ficando presa por 18 anos, numa época em que os monarcas eram absolutistas, a soberania residia em suas próprias pessoas, e eram os responsáveis por elaborar as leis e julgar conforme os seus respectivos critérios. Não havia ainda uma declaração dos direitos fundamentais do homem e do cidadão. Mary sofreu no cárcere as agruras de uma sociedade que não respeitava os direitos humanos, porque era uma sociedade sem direitos. Como ela, diversas mulheres foram mortas e assassinadas, inclusive queimadas vivas na fogueira. Portanto, a responsabilidade dos atos era do próprio soberano, no caso a própria Elizabeth, que foi dura e cruel com Mary Stuart, sendo decapitada.

 

A encenação de Nelson Baskerville coloca em primeiro plano o texto, na belíssima tradução, conforme já mencionamos, de Ricardo Lísias.

 

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A direção conta com a contribuição genial de Marisa Bentivegna na direção de arte. A cenógrafa simplifica ao máximo o espaço cênico, inserindo apenas um conjunto de arquivos de ferro, e uma estrutura de ferro grande, com duas escadas nas laterais, deixando os atores livres e a vontade naquela ribalta. É extraordinário o efeito desses poucos elementos contrastados por um fundo que serve como tela de projeções que complementam o texto e a iluminação correta e adequada de Wagner Freire.

 

Os figurinos de Marichilene Artisevskis  são fraquíssimos e pouco criativos. Ponto negativo do espetáculo.

 

Já os atores revelam-se um grupo homogêneo, equilibrado, entrosado e aplicado que consegue dar conta de passar o texto, que não é simples e apresenta uma linguagem sofisticada.

 

Dos atores, destacam-se Johnnas Oliva como Mortimer, o jovem e insensato defensor de Maria Stuart, e Eucir Souza, como o astuto conde de Leicester.

 

Entre as atrizes, Letícia Calvosa apresenta Ana Kennedy, a ama de Maria Stuart, de forma correta, e Ana Cecília Costa compõe uma Elisabeth convincente, tanto na postura como nas expressões faciais.

 

Mas é a Maria Stuart de Virginia Cavendish quem melhor traduz a principal qualidade do espetáculo, apresentando uma técnica de interpretação perfeita, e emocionando. Ela passa desespero e aflição na luta para conseguir se encontrar com Elizabeth e conseguir o perdão. É desesperador! Cavendish consegue a proeza de passar o texto da forma mais graciosa e expressiva.

 

Mary Stuart é uma peça de teatro que apresenta uma dramaturgia potente, dramática e emocionante; um conjunto de atores que atua com qualidade; e uma direção sólida e consistente.

 

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Ótima produção Cênica!


Alex Varela

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