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Revista do Villa

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Amor e Fúria em Medeia

Estreou Medeia no teatro da Casa de Cultura Laura Alvim.

A realização é da Catártica Produções, e Caraduá Produções. 


O texto de Eurípedes, autor da Grécia Antiga, encenado em 431 a. C., é uma tragédia clássica que narra a história de uma mulher colocada à prova de fogo por todos ao seu redor. Medeia, em nome do amor que sente por Jasão, mata o próprio irmão e abandona sua família, sendo posteriormente exilada em Corinto com o marido, com quem tem dois filhos. Mas quando Jasão a trai com a filha do Rei Creonte, ações desesperadas em busca de vingança são tomadas. Medeia em fúria mata a futura esposa de seu marido, e o pai desta, rei de Corinto, envenenados. E, não satisfeita, mata os dois filhos que teve com Jasão, como parte de uma estratégia que visava infligir dor ao marido e vingar as traições sofridas e nutrir o seu ódio. E, ao final, é salva pelos deuses, e não punida! 

 

O texto trata de traição, vingança, dor, sofrimento, liberdade, e maus tratos à figura  feminina. Deixa transparecer a ira de uma mulher contra os mandos e desmandos de seu marido, por quem tanto se sacrificou e foi traída. Matou por amor e vingança! Foi perdoada pelos deuses! E, pela lei dos homens? Ela poderia ter realizado os atos que cometeu? Os atos individuais estão acima dos atos coletivos, que representam as normas sociais? O sentimento está acima da razão? São questões que o texto coloca e provocam discussões até os dias atuais.

 

A dramaturgia da peça fala sobre a liberdade feminina, em poder dialogar sem estar presa as amarras da sociedade, e assim se libertar do patriarcado. É um texto humano, que clama pelo direito das mulheres de exercerem a sua liberdade, de criar novos imaginários, novas histórias, quebrar padrões sociais opressores, que trazem medo e insegurança. 

 

No mundo antigo, a mulher nao participava da vida política da polis, a cidade-estado grega. Na ágora, discutiam-se as principais questões políticas. E as mulheres estavam excluídas, assim como as crianças, os escravos, e os estrangeiros, ocupando um lugar secundário e submisso naquela sociedade. Medeia, como todas as mulheres, estavam submetidas a autoridade masculina, e aos seus caprichos.

 

O elenco é constituído por três atores: Tuanny Kriss como Medeia; Marlon Vares e Gabriel Ribeiro, interpretando os demais personagens. Os três atores apresentam boas atuações, interpretando de forma correta. Associam a interpretação a uma tímida expressão de sentimentos. Faltou emocionar mais! Também ficam muito presos a encenação dentro de uma caixa de madeira, quando podiam se deslocar mais pelo palco. Apresentam o texto com uma linguagem de fácil compreensão e acessível. 

 

A direção de Gabriel Ribeiro focou no texto, e valorizou a livre interpretação dos atores de seus personagens, deixando-os a vontade. Gabriel Ribeiro também foi o responsável pela correta adaptação do texto.

 

Os figurinos criados por Jamile Chalupe são fracos, de mau gosto, e não se encaixam no contexto da Grécia Antiga. Ponto negativo da peça.

 

A cenografia criada por Larissa Esposto é simples e funcional. Ela é constituída por uma caixa de areia e dois microfones. O mínimo cenário é um obstáculo a livre circulação dos atores pelo palco. Ficam reduzidos a um espaço pequeno de atuação. 

 

A iluminação criada por  Bex e Karine Lopes apresenta um bonito jogo de luzes, variando os tons, como o vermelho e o azul, e realça a atuação dos atores em suas respectivas interpretações.

 

Medeia è uma boa montagem da tragédia grega escrita por Eurìpedes, e com uma correta adaptação; problematiza a situação feminina no mundo antigo, questão que permanece atual; e apresenta uma direção consistente, e uma bonita iluminação.

 

Boa produção cênica!


 

Alex Varela



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