Abertura da exposição “Lucia Vilaseca: Outras possibilidades” - Galeria Patricia Costa - Shopping Cassino Atlântico
- Vera Donato

- 11 de out.
- 4 min de leitura
“LUCIA VILASECA: Outras possibilidades”
Artista expõe obras recentes na Galeria Patricia Costa, com curadoria de Vanda Klabin, reunindo elementos geométricos e fragmentos do livro de canções de James Joyce.

Reconhecida por seus trabalhos pictóricos, com expressiva trajetória construída a partir de elementos geométricos e cores sólidas, em “LUCIA VILASECA: Outras possibilidades”, a artista perpassa a tênue fronteira entre figura e palavra. Na exposição individual que será inaugurada no dia 9 de outubro, na Galeria Patrícia Costa, Vanda Klabin seleciona obras inéditas produzidas entre 2022 e 2025, “configuradas com base em uma gramática visual mais complexa, própria de uma linguagem musical, pois são fragmentos de imagem e sons, como um contraponto”, na definição da própria curadora e historiadora.
Apropriando-se livremente de trechos do livro de canções musicadas do escritor irlandês James Joyce, “Música de Câmara” (“Chamber Music” no título original, publicado em 1907), Lucia Vilaseca propõe uma leitura visual que amplia o olhar, invadindo outras camadas em suas representações, materializando o ritmo.
“As palavras muitas vezes estão presentes nos trabalhos que faço, o NOVO e o SÓ são alguns deles. Nas minhas aquarelas sempre coloquei letras ou números. Tenho um quadro chamado Peripatética decorrente de quando caminhava nas ruas e ouvia fragmentos de coisas faladas pelas pessoas passantes. James Joyce foi um autor que eu sempre quis ler. Comecei a ler Ulysses e achei que não estava entendendo nada. Tive a oportunidade de ler o livro com um grupo de leitura orientado por Marcelo Backes e foi aí que no projeto que eu vinha desenvolvendo em pintura denominado Círculos Erráticos decidi introduzir fragmentos dos trechos de Ulysses. O momento exato do livro foi ‘Hello There, Central!’. Me identifiquei com o personagem caminhando pelas ruas e se deparando com ruídos, carros vozes…Tive que me dedicar muito a essa leitura e fui me apaixonando tanto por James Joyce que às vezes parecia até que ele estava pessoalmente no meu atelier. Decidi procurar um professor para me aproximar mais do universo de James Joyce e cheguei ao consulado da Irlanda que me forneceu o nome de Vitor Alevato do Amaral, doutor professor e tradutor de James Joyce que tem um grupo de estudos junto com outros professores chamado Here Comes every Joyce. Sobre esse poema ‘Bid adieu, adieu, adieu’ que está no livro Chamber Music poema XI e teve a primeira edição em 1907, foram feitas duas lindas apresentações na Casa de Cultura Eva Klabin dentro de um minicurso com o Professor Vitor Alevato que na tradução do poema dá o título de ‘Dá adeus aos dias de menina’. Tive a oportunidade de apreciar a música interpretada por Silas Barbosa no piano e Jessé Bueno tenor. Estava completando essa série de pinturas e achei que poderia prestar essa homenagem a esse escritor que tanto admiro.
Esse poema foi musicado pelo próprio James Joyce, diz Lucia Vilaseca.
Na individual que poderá ser visitada até o dia 9 de novembro, serão mostrados apenas trabalhos de produção recente, a maioria utilizando a técnica de acrílica sobre linho e sobre lona.
Lucia Vilaseca amplia a sua linguagem ao se apropriar das possibilidades plásticas desse universo codificado das letras, pontuadas agora com intervenções de um sistema de representação através da incorporação de signos visuais alusivos à música de James Joyce na constituição de novas formas de expressão. O que importa não é mais o que ela representa, mas como se transforma por meio de associações livres, possibilitando um diálogo entre o espaço e a presença gráfica.
A irregularidade dos elementos gráficos suscita uma reação atmosférica entre a palavra e a imagem que detém uma memória, agora liberada do compromisso de discurso narrativo e que passa a valer por si mesma, criando um espaço de articulação para as questões estéticas. Manipula as imagens preexistentes, decompõe os elementos em novas composições, intensificadas pelas misturas ópticas. A identidade das frases são colocadas em xeque, fragmentadas visualmente, como palavras cromáticas. Sem um lugar certo e agora não determinante, tenuamente vibráteis e dispostos como fragmentos em interação dinâmica com círculos erráticos, pousam com delicadeza na superfície da tela.
Ao criar disponibilidades das letras, repletas de novos conteúdos e jogos de ambiguidades, agora sobrepostas em uma multiplicidade imagética, desalinhadas de seus conteúdos originais, a artista cria paradoxos visuais e em outros trabalhos as questões cromáticas se presentificam aliadas às orquestrações geométricas. As palavras, densificadas no centro e rarefeitas nas bordas, oscilam em estado de suspensão. Assinalam intensidades diferentes, criam uma desordem na escritura musical, um pulsar gráfico estabelecido na sua poética pessoal, construindo sempre novas possibilidades que moldam o nosso olhar contemporâneo.
Trecho extraído do texto curatorial de Vanda Klabin.
Serviço
“LUCIA VILASECA: Outras possibilidades”
Curadoria: Vanda Klabin
Abertura: dia 9 de outubro, quinta-feira, às 18h
Visitação: de 10 de outubro a 9 de novembro de 2025
Funcionamento: de segunda a sexta, das 11h às 19h; aos sábados, das 11h às 17h
Local: Galeria Patricia Costa
Endereço: Av. Atlântica, 4.240/lojas 224 e 225 – Copacabana – RJ
Telefone: (21) 2227-6929/(21) 98868-1993
Classificação livre
Entrada gratuita
Informações à imprensa: BriefCom Assessoria de Comunicação/Bia Sampaio: (21) 98181-8351/biasampaio@briefcom.com.br/@briefcomcomunicacao
Vera Donato









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