Entrevista: Sussane Schirato (artista visual)
- Chico Vartulli
- 20 de jul.
- 3 min de leitura
Entrevista com a artista visual, mergulhadora de cavernas, e ambientalista Susanne Schirato:
Olá Susanne! Você gosta de viajar. Quais são os seus lugares preferidos para visitar?
Olá! Sim, adoro viajar. Acredito que uma das maneiras mais interessantes para conhecer lugares, cultura e história é viajando. Tive a oportunidade de conhecer muitos lugares e a grande maioria ligados ao mergulho, como a Península Antártica e o Ártico que permitiu acompanhar pesquisadores e presenciar os impactos causados por nós humanos. Fernando de Noronha-PE, que também está entre os preferidos, é Patrimônio Natural Mundial pela UNESCO e berço para muita pesquisa e preservação da biodiversidade marinha e aves. O Pantanal-MS com sua riqueza de fauna e flora além de cavernas de tirar o fôlego. Outros dois lugares incríveis que viajei foi Raja Ampat, um parque nacional de água cristalina e muita vida marinha localizado à oeste de Papua Nova Guiné na Indonésia e o atol de Truk Lagoon ou Chuuk Lagoon, na Micronésia. Neste pude mergulhar em naufrágios Japoneses remanescentes da II Guerra. Fora esses lugares marcantes no mar, os cenotes mexicanos são memoráveis e as cavernas no Brasil que ainda há muito a descobrir.
Quais são as regiões inóspitas do interior do Brasil que você já visitou?
O Brasil tem um potencial enorme a ser descoberto. Temos, eu e meu companheiro de vida e de mergulhos, explorado cavernas alagadas no centro-oeste do país, onde a mata amazônica encontra o cerrado. Procuramos as áreas cársticas, especialmente nos estados do MT, TO e GO.
Quando você viaja, qual é o seu olhar sobre o local: admiração, ou produtora de conhecimento?
Quando viajo, especialmente pelo Brasil, a admiração pela natureza e a ciência se entrelaçam. Ao explorarmos as cavernas, produzimos materiais para serem utilizados pelos pesquisadores, como por exemplo os da USP. Além da produção de ciência, há também a produção da minha pesquisa de arte, a qual parte dessas experiências de campo.
De que forma você apresenta numa tela tudo aquilo que você se apropriou numa viagem?
A pintura é uma das mídias que gosto. A tela na maioria das vezes é o suporte para levar para a superfície as paisagens que encontro no subterrâneo alagado, as vezes turvas e de contornos nebulosos, outras precisas e descritivas. Cada expedição, ou viagem, se desdobra em trabalhos que vão do desenho à instalação.
Quais são as características do seu fazer artístico?
Tenho o hábito de anotar pensamentos, projetos, ideias, uma espécie de diálogo íntimo. A partir dessas anotações materializo-as utilizando a pintura, o desenho, as instalações, o vídeo entre outras possibilidades. Cada uma delas com o objetivo de colocar luz na importância e fragilidade da natureza, nas relações humanas e no nosso comportamento ao caminhar pelo planeta. Faço um convite à reflexão onde a beleza e efemeridade coexistem, a arte e a ciência dialogam e o imaginário e a realidade se esbarram.
Como você define a arte?
A arte para mim vai muito além de força visual ou material. Ela é espaço de fala e reflexão. Eu busco com meu trabalho de arte instigar as pessoas a pensar sobre sua relação para além do seu cotidiano.
Tem algum lugar que você tem interesse de visitar, e ainda não conseguiu?
Ahhh .... Esse mundo é tão grande e a vida tão curta... Tenho uma lista extensa de lugares que ainda não tive a chance de conhecer. Alter do Chão-PA, A Grande Barreira de Coral da Austrália, Mar Vermelho no Egito...
Quais são os seus projetos futuros?
Tenho projetos de arte encaminhados que em breve serão divulgados. Já no quesito mergulho, em Agosto embarco para Filipinas em busca de tubarões baleia.
Fotos:Arquivo pessoal/Divulgação
Chico Vartulli
Comentários