Entrevista: Amanda Coimbra (Artística plástica)
- Chico Vartulli

- 14 de jul.
- 2 min de leitura
Entrevista com a conceituada artista plástica Amanda Coimbra.

1- Olá Amanda! Como surgiu o projeto da exposição Luz estelar ecoando?
Esse projeto tem como referência as imagens tiradas pelo telescópio James Webb, da NASA. Nunca vimos tantas imagens em alta resolução do espaço sideral e ao mesmo tempo os fenômenos astronômicos ainda continuam sendo inalcançáveis, abstratos e misteriosos para a maioria de nós. Eu gosto dessa sobreposição de opostos que se juntam no céu: subjetividade e objetividade, imaginação e ciência, espiritualidade e tecnologia.
2- Quais são os elementos artísticos que constituem o núcleo da sua exposição?
A exposição é composta de diferentes desdobramentos que surgiram a partir de trabalhos feitos com fotos analógicas que tiro do céu usando filme slide. Depois de revelar o filme, eu faço desenhos na sua superfície usando objetos pontiagudos e marcadores permanentes. É um desenho por subtração, porque raspo e arranho os slides para criar marcas que não estavam lá. A mostra é uma constelação das várias materialidades e formas possíveis na fotografia: impressões, projeção, vídeo, monóculos, caixas de luz com slides.
3- Por que o céu, para você, é uma fonte de inspiração artística?
O céu é um ponto de conexão que nos lembra que a Terra é um pontinho azul na Via Láctea, suas mudanças de cores registram o passar do tempo e a rotação do planeta que habitamos. Carrega símbolos universais que estão presentes em várias culturas: a Lua, as estrelas, o amanhecer, o pôr do sol. E, mesmo no ritmo acelerado de hoje, o céu consegue nos levar a um estado mais contemplativo.
4- Em que momento da sua vida você começou a se interessar pelas artes plásticas?
Eu sempre gostei muito de desenhar. Minha mãe é psicóloga e gosta muito de arte, inclusive teve uma época que pintou muito, então ela me levava para museus sempre que podia.

5- Como se deu a sua formação na área?
Minha graduação foi em Artes Visuais pelo School of the Art Institute of Chicago. Também participei de vários cursos livres, residências artísticas e acompanhamentos para artistas. Moro no Rio há oito anos e aqui participei das residências artísticas DESPINA e Casa da Escada Colorida e do programa Imersões Poéticas, da Escola Sem Sítio.
6- Quais são as suas referencias (teóricas e práticas) na área?
As pinturas de Hilma Af Klint e Remedios Varo, as fotos de Geraldo de Barros, os desenhos de Sandra Vásquez de la Horra, as gravuras de Belkis Ayón.
7- Como você define a arte?
A arte é uma espécie de alquimia em que criamos coisas para mostrar o que existe além do visível, para expressar as várias subjetividades que compõem a experiência humana, para acessar camadas de elementos com os quais interagimos, mas que nem sempre reconhecemos.
8- Quais são os seus projetos futuros?
Penso continuar explorando o filme como material, quero continuar brincando com a ideia de uma fotografia expandida que se transforma em outras coisas. Também me interessa trabalhar mais com desenho e tenho um projeto de gravura que conversa com essas imagens do céu e que eu gostaria de retomar.

Fotos:Arquivo pessoal/Divulgação
Chico Vartulli


Interessantíssimo! Amei! Muito sucesso pra ela!
Muito bom