A virada para os anos 1960 associa-se, frequentemente, a ideias como o “rodoviarismo”, as fábricas de automóveis e os migrantes dirigindo-se maciçamente para as cidades, em busca de empregos e de possibilidades para obter recursos e conforto. Nesse período, para as camadas mais favorecidas, a vida moderna oferecia inúmeras novidades, traduzidas em facilidades, como os eletrodomésticos e os alimentos industrializados.
A imagem de Brasília, construída no Planalto Central, e a do Rio de Janeiro, não mais capital do país, mantendo seus contornos turísticos, com obras por todo lado redesenhando seu espaço urbano, agregam aspectos importantes. Essa fase de renovação e de crescimento seguiu até os anos 1970, quando começou o que os economistas chamam de “década perdida”...
Em contrapartida em 1963, a Avenida Atlântica, mais precisamente no charmoso Leme, (parte do bairro de Copacabana), ganhara seu primeiro grande edifício: O Hotel Leme Othon Palace.
Para muitos, o imponente prédio da Avenida Atlântica de número 656, esquina com Rua Anchieta, era somente Leme Palace Hotel.
O Hotel de mármore preto e branco com letras douradas na fachada, fez parte da vida de muitos cariocas. Foi palco de festas, casamentos e encontros.
Inaugurado em 17 de abril de 1964, foi considerado o prédio mais alto da época, com 194 apartamentos. A construção foi da Sisal, que também fez o Le Meridièn e o Edifício Garagem, na Rua Gustavo Sampaio. O Leme Palace não tinha piscina. Tinha o Deck e o Barroco Bar. Tinha a Boate Balaio e cozinha Internacional, com o Chef Paul Hachler.
Construído no lugar do antigo casarão do Presidente Epitácio Pessoa, a inauguração do Leme Palace foi um boom na época. O Grupo de Hotéis Othon S.A, selecionava profissionais de vendas com idade entre 25 a 50 anos, com promessa de remuneração sem limites. A ideia era montar um grande time, para garantir que o Hotel funcionasse a 100%.
O Leme Othon era anunciado em Nova York e em Tóquio.
Abriu as portas com coquetel, coletiva para a imprensa, lançamento de livro, Festival de comida suíça, casamento, exposição de quadros, jantar para candidatas ao título de Miss Brasil e eventos internacionais. Foi no hotel que executivos da Metro Goldwin Mayer ficaram hospedados para definir lançamento de filmes em toda a América Latina
O bom êxito da unidade Leme, levava o Grupo Othon a começar em junho de 1972, as obras de mais um hotel. O Rio Othon Palace Hotel, em Copacabana.
Reduto das Estrelas ...
O Leme Othon Palace Hotel entrava na rota das estrelas receberia artistas como Cláudia Cardinalle, o cineasta Dino de Laurentis, Rock Hudson, e Mike Connors. Também sediaria eventos corporativos do Governo Brasileiro.
Nessa época, o Meridien, ainda não existia. O Leme era o hotel do momento. Para se ter uma ideia, grande parte das personalidades nacional ou internacional que vinham ao Rio, escolhiam o Leme Palace...
Como todo hotel, teve escândalos e algumas polêmicas. Carlos Lacerda (que foi governador) chegou a morar no Hotel. Chico Anísio quando separou se por alguns dias, de Rose Rondéli, também foi para o Leme Palace.
Com decoração elegante, tinha salão de convenções, Galeria de Artes e Lobby bar com piano. Como não tinha piscina, o serviço de praia era supereficiente. O Leme Othon Palace tinha a badalada Boate Balaio, comandada pelo Rei da Noite, o pianista Sacha Rubin.
Boate Balaio
Na Boate Balaio reinava o pianista Sacha´s. Com voz rouca, cigarro no canto da boca e um copo de uísque sobre o piano, ele era a sensação de todas as noites. A Balaio abria cedo. Das 17 às 19h, era possível ouvir música barroca na Boate. Alcyr Pires Vermelho também tocava piano lá.
A Boate recebia personalidades como Carmem Miranda, Ginger Rogers, Henry Ford, Marlene Dietrich e Ali Khan. Figura simpática, Sacha se apresentava para gente como Jk, Rockfeller e Ibrahim Sued, que era figura constante.
Sacha Rubin não se chamava Sacha. O nome dele era Salomon Rubin. Adotou apelido de infância, dado por uma Governanta que trabalhava na casa dele. Sacha que já tinha passado pela Vogue (do Barão Stuka) e pelo May Ling, chegou na Balaio, depois que a Casa dele fechou.
A convite de Carlos Machado - criou por volta de 1954 - O Sachas Foi ele próprio quem procurou as 4 lojas, em que a Boate funcionaria na Antônio Vieira, no Leme. A Casa noturna foi um sucesso por 10 anos. Com a transferência do Governo Federal para Brasília, o Sacha´s não resistiu. Foi vendido em setembro de 1966.
Em 5 de dezembro do mesmo ano, Sasha Rubin assumia noite do Leme Othon Palace Hotel. Foi um convite da Direção Geral. A Balaio funcionou com sucesso até 1976. Foi lá, que o pianista comemorou 25 anos de trabalho no Brasil.
Fontes:
Arquivo Pessoal
Arquivo Hotéis Othon S/A
Brasiliana fotográfica
ACERVO da Página LEME ANTIGO
(Agradecimento a David Groisman)
André Conrado
Amoooooo 😍😍😍
Perfeito!